Virou novela a história da posse do Professor Aloprado na Sealopra (Secretaria de Ações a Longo Prazo).
Longo prazo mesmo, por enquanto, só para a data da posse de Mangabeira Unger.
Indicado há quase dois meses para a pasta com status de Ministério, garante que toma posse no próximo dia 13, contrariando informações vazadas do Palácio do Planalto, que davam conta que Lula gostaria que ele desistisse de assumir o cargo (nada de extraordinário na vida de Mangabeira, que já havia desistido de ser crítico do presidente, de ser brizolista, de ser cirista etc.)
"Eu não recebi nenhuma orientação diferente do presidente. Não tem nenhuma informação contrária à minha posse. Já comprei a passagem aérea", diz Mangabeira, neolulista que foi sem nunca ter sido, feito uma Viúva Porcina de Harvard.
O futuro secretário (ou ex-futuro? ou futuro ex?) está movendo uma ação contra a Brasil Telecom, que tem fundos de pensão estatais como seus principais acionistas. O processo contrariou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Folha de S. Paulo revela hoje que, numa primeira conversa com o jonal, Mangabeira negou que esteja movendo ação contra a empresa: "Não tem ação contra a Brasil Telecom".
Pouco depois, ao ser informado de que a Folha teve acesso ao processo, mudou a versão: "Eu quero retificar o que disse. Eu não queria induzir ao erro. A minha declaração correta é: eu não posso falar sobre o assunto pois estou legalmente impedido. Mas estou tranqüilo e confiante em relação à minha posse. Não vejo qualquer obstáculo".
Num terceiro telefonema, ele pediu que fosse publicada a seguinte frase: "Não há problema. Os advogados estão tratando do assunto".
Mangabeira disse que se desligou da Universidade Harvard, onde lecionava direito, e que agora prepara a viagem ao Brasil: "Estou aqui com meus filhos, que saíram do colégio interno hoje, e eles vão ficar muito bravos se eu continuar falando sobre política com você".
Mangabeira atuou como consultor e "trustee" da Brasil Telecom até 2005, quando a empresa era controlada pelo Opportunity, de Daniel Dantas. Recebeu cerca de US$ 2 milhões para gerenciar as ações judiciais da Brasil Telecom contra a Telecom Italia e os fundos de pensão.
Na época, em carta à Folha, disse que a notícia trazia informações difamatórias sobre suas atividades: "Os fundos de pensão estão no centro da corrupção na política brasileira. O governo Lula descobriu os fundos de pensão. Em vez de demolir o núcleo de corrupção ali já existente, decidiu usá-lo para ir além".
No capítulo de hoje, em carta ao Sinhozinho Lula, Porcina diz que não move uma ação contra a Brasil Telecom, mas apenas pede honorários que lhe eram devidos. Mas, nas cenas dos próximos capítulos, diz abrir mão do dinheiro em nome do cargo de ministro da Secretaria de Ações de Longo Prazo, que considera "sagrado".
O Planalto confirma que a carta chegou ao gabinete de Lula, mas não comenta seu teor. Antes da divulgação, o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) disse que Mangabeira deveria desistir da ação ou do cargo de ministro, caso houvesse empecilho legal entre as opções.
Tcham! Que novas emoções estarão reservadas para os próximos capítulos desta intrigante novela? Vale a pena ver de novo os capítulos anteriores, para não perder o desenrolar da trama:
Capítulo 1: Mangabeira Unger ser agora aliada de presidenta
Capítulo 2: Mangabeira apaga vestígios de antilulismo
Capítulo 3: E Mangabeira, enfim, falou...
Capítulo 4: Nós, os idiotas
Capítulo 5: A volta dos que não foram
Capítulo 6: O Sapo Barbudo
Capítulo 7: Governo Lula: do mensalão à navalha