"É um panfleto ilegal. É evidente que a prefeitura jamais autorizaria o seu logotipo em um panfleto como esse."
Depois de posar para os fotógrafos como se estivesse acendendo um cachimbo de crack, soa ridícula a frase do prefeito Gilberto Kassab a respeito da polêmica cartilha da organização da Parada Gay, que orientava sobre como usar drogas.
O texto dizia: "Para cheirar, prefira um canudo individual a notas de dinheiro". O material também dava dicas sobre uso de maconha ("Faça uma piteira de papel só para você quando for rolar um baseado").
O argumento em defesa do panfleto é o de que ele auxilia pessoas que são usuárias de drogas a evitar doenças como Aids e hepatite. As críticas, obviamente, foram contra um possível incentivo ao uso de drogas ilícitas, ainda mais num material de divulgação oficial.
A cartilha estampa os selos de programas de DST/Aids do Governos do Estado e da Prefeitura, e também a logomarca do Governo Federal e do Ministério do Turismo.
Na noite de ontem, o Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério da Saúde, e a Coordenação Estadual de DST e Aids de São Paulo, do governo estadual, enviaram comunicado defendendo a política de redução de danos.
Observam, no entanto, que "alguns dos termos utilizados no folheto são adaptações dos termos contidos nos manuais de redução de danos". Na nota, os órgãos defendem a suspensão da distribuição do material até que os termos utilizados sejam avaliados tecnicamente.
A Secretaria Estadual de Saúde informa também que pediu a suspensão da cartilha porque não autorizou a impressão de seu logo.
Em nota, a Aborda (Associação Brasileira de Redutoras e Redutores de Danos) defendeu as dicas da cartilha: "As ações de promoção de saúde devem levar em consideração a realidade, e não nossos desejos de um mundo ideal e perfeito".
Veja dois vídeos sobre a polêmica da cartilha: 1 e 2.