quinta-feira, 29 de agosto de 2019

50 anos do Jornal Nacional no #ProgramaDiferente



"O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". Para quem já ouviu ou gritou essas palavras de ordem nas últimas décadas, desde a redemocratização, nada melhor que um #ProgramaDiferente sobre os 50 anos do Jornal Nacional, ícone do jornalismo nacional no horário nobre da maior emissora do Brasil.

A história, os momentos marcantes, os erros, a suposta ideologia. A edição partidarizada do debate Collor x Lula nas eleições presidenciais de 1989. Criticado por governos de esquerda e de direita, deve ter alguma qualidade - além da audiência - para se manter no ar há tanto tempo. Aqui você tem um pouquinho deste meio século reunido em meia hora. Assista.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Paulistanos sem cigarro, sem bebida e sem escola

Polêmicas na Câmara Municipal de São Paulo: Vereadores querem restringir venda de cigarro e de bebidas alcóolicas; outro projeto institui ensino domiciliar para crianças e adolescentes.

Proibir geral! Venda de cigarros, narguilé e outros derivados de tabaco proibida em padarias e supermercados. Venda de bebidas proibida nas lojas de conveniência.

Mas aí o paulistano pode comprar cigarro nas lojas de conveniência e bebidas nas padarias e supermercados. E também em bares e restaurantes. Ahhh! E o mais importante: pode fugir da escola!!!

Isso se forem aprovados em duas votações os projetos que propõem essas proibições e estão pautados em 1ª votação na ordem do dia:

PL 230 /2019 , do Vereador RINALDI DIGILIO (REPUBLICANOS)
Dispõe sobre a proibição da venda de cigarros, narguile e outros derivados de tabaco em padarias, supermercados e hipermercados no município de São Paulo. FASE DA DISCUSSÃO: 1ª.

PL 121 /2019 , dos Vereadores RUTE COSTA (PSD), GEORGE HATO (MDB)

Proíbe a venda de bebidas alcóolicas nas lojas de conveniências dos postos de combustível de São Paulo. FASE DA DISCUSSÃO: 1ª.

Para completar a trinca de projetos polêmicos, outro permite educar fora da escola tradicional ao instituir o ensino domiciliar para crianças e adolescentes (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio). 

A ordem parece ser derrubar aquela máxima da sabedoria popular: “Lugar de criança é na escola”. Não mais! Abaixo as escolas e os professores! A moda da nova era é estudar e se formar em casa. (Será o mais recomendado? Por que e por quem?)

PL 84 /2019 , do Vereador GILBERTO NASCIMENTO (PSC)
Autoriza o ensino domiciliar na educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio para os menores de 18 (dezoito) anos e dá outras providências. FASE DA DISCUSSÃO: 1ª.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Vergonha! Bolsonaro é doido e rasga dinheiro!

O presidente Jair Bolsonaro contradiz o senso comum: "É doido, mas não rasga dinheiro". Ele rasga. Não o dele próprio, claro, nem o da família. Mas o nosso, dos cofres públicos, de todos nós brasileiros (aliás, cadê o Queiroz?).

Não bastava ter rasgado dinheiro da Alemanha e da Noruega para o Fundo da Amazônia, ele agora desdenha de mais US$ 20 milhões de ajuda oferecida pelo G7 - os sete países mais ricos do mundo.

É doido, fanfarrão, falastrão, irresponsável, inepto, inapto, incompetente. Bolsonaro, o meme que virou presidente, nos obriga a adjetivar os textos sobre ele. Mas é tão desqualificado que qualquer adjetivação é insuficiente para expressar a nossa ideia sobre o bolsonarismo, a vergonha, a tristeza e a indignação que nos causa essa burrice coletiva que atinge um terço dos brasileiros (vale relembrar o texto Um ou dois terços pelo Brasil: Oremos pela salvação!).

Sim, porque Bolsonaro foi eleito por cerca de um terço dos brasileiros e segue com esse índice de apoio fanático e avesso à razão, segundo as pesquisas de popularidade. Ou seja, falamos aqui para os outros dois terços dos brasileiros racionais e civilizados. Cá entre nós, o que esse Bolsonaro tem na cabeça? Será que ele segue aquele conselho de fazer de dois em dois dias para pensar também? Ou nem isso?

O argumento do boçal é que os países ricos oferecem dinheiro porque teriam interesses inconfessáveis na Amazônia, ameaçando a nossa soberania. Digamos que Bolsonaro esteja certo (ele que já defendeu, há três anos, "entregar a Amazônia para exploração dos Estados Unidos, um país democrático e com poderio nuclear"). Por que aceitar ajuda dos EUA e de Israel, como já fez, e rejeitar da Alemanha, do Canadá, da Itália, do Japão, do Reino Unido e da França? Ideologia, servilismo ou alienação?

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, artilheiro do time de incapazes, saiu numa cruzada pela mídia que começou no programa humorístico Pânico e terminou no Roda Viva, da TV Cultura. Foi desprezado pelo próprio partido (o Novo, que pede a sua desfiliação) e desautorizado pelo governo, que anunciou à noite ter recusado a ajuda do G7, que o ministro estava celebrando como necessária, já que faltam recursos e equipes para prevenir e combater as queimadas criminosas. Um show de nulidade e desinformação.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Bolsonaro e o bolsonarismo envergonham o Brasil



Com o meme que virou presidente e ministros ineptos, o Brasil passa vergonha mundial. Viramos motivo de piada e de críticas do mundo civilizado (inclusive da parcela não-idiotizada de ao menos dois terços dos brasileiros imunes ao bolsonarismo). Em época de crise ambiental, esse desgoverno é lixo tóxico.

O jornal The New York Times classifica Jair Bolsonaro na sua 1ª página como o “menor, mais maçante e mais insignificante dos líderes”. A imprensa europeia dispara contra o “câncer” Bolsonaro. Na maior rede pública de TV da Alemanha, o presidente foi satirizado como “bobo da corte do agronegócio”, “boçal de Ipanema” e protagonista do filme O Massacre da Serra Elétrica. Assista.

Como disse a escritora Fernanda Young em seu último artigo antes da morte prematura neste fim-de-semana, estamos cercados por um "bando de cafonas na vulgaridade das palavras, na deselegância pública, na ignorância por opção, na mentira como tática, no atraso das ideias".

Também a atriz Fernanda Torres nos representou em seu texto mais recente"Qual a razão de elegermos políticos tão bélicos, tão devotos de Deus e da bala, que confundem direitos humanos com ideologia vermelha e prometem sanar o problema social com o extermínio bem aplicado?", questiona.

Veja mais:

#OLHAR23: O Olhar satírico do #BlogCidadania23

Ser de esquerda ou de direita, sem vergonha!

Socorro! Os idiotas já dominam o mundo virtual!

Que passe rápido essa doença do bolsonarismo

Será que o gado bolsonarista gosta de maus tratos?

Socorro! O Brasil foi sequestrado por lunáticos!

Sordidez, canalhice, despreparo, falta de compostura

E essas mentiras de pescador, Bolsonaro?

Ministros à altura do meme que virou presidente

Não que seja novidade a ruindade, o despreparo e a incapacidade deste governo, a começar pelo meme que virou presidente, Jair Bolsonaro.

Mas os exemplos diários da falta de decoro, do ódio, do preconceito, do desequilíbrio e da canalhice demonstrados pela linha de frente do seu ministério, numa guerra ideológica contra inimigos reais e imaginários, é de causar repulsa, vergonha e indignação.

É todo dia um 7x1 contra para quem tem um time com Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Damares Alves (Família), Marcelo Álvaro Antonio (Turismo), Osmar Terra (Cidadania) e Abraham Weintraub (Educação) - isso para citar apenas 7 dos 22. Uma seleção de mediocridade, grosseria e incompetência.

O pior é que, seguindo os passos do chefe, eles se julgam no direito de (des)governar e opinar sobre qualquer assunto pelo twitter, numa overdose tóxica de estupidez, insensatez e falta de discernimento. Não é possível tolerar tantas asneiras e ofensas sem reação. Essa trupe bolsonarista depõe contra qualquer resquício de inteligência e republicanismo. Virou uma excrescência antidemocrática.

É inaceitável que esse ministro da Deseducação, Abraham Weintraub, um desqualificado, chame publicamente o presidente francês Emmanuel Macron de "cretino", "sem caráter" ou "calhorda oportunista". O que é isso? Aonde vamos parar? Quem essa gente pensa que é? Isso é uma vergonha para o Brasil e para o povo brasileiro! Esse cara tem que sair do governo já!


O irmão do ministro, Arthur Weintraub, que é assessor especial da Presidência, segue a linhagem obtusa da família e do governo para atacar genericamente o presidente Macron (chamado por ele de Lacron), além de jornalistas e opositores (Lula, por exemplo, é o 9dedos). Também agrediu a atriz Patricia Pillar, que criticou o irmão-ministro por postar um vídeo treinando tiro ao alvo.

"Não é normal uma coisa dessas!!! O que é isso? Um Ministro da Educação posta isso???", escreveu a atriz. O irmão valentão rebateu, irônico: "Também achei que não é normal! Onde já se viu, errar um tiro em 20 com um alvo daquele tamanho?! Está enferrujado mesmo."

O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) também dispara pelo twitter, entre outras coisas, contra a "ideologia ambientalista", segundo ele "instrumento de controle econômico e psicossocial"; a "ideologia de gênero, que nega a natureza humana e gera violência", o "aquecimento global", uma "mentirosa distorção"; e as "políticas genocidas" de Maduro, na Venezuela. Um primor de diplomata primata.

Outros ministros seguem a mesma linha bélica: Ricardo Salles culpa o petismo pela crise ambiental na Amazônia, dizendo que os governos petistas venderam a floresta para madeireiros "mal intencionados e gananciosos". Também compartilha tweet em que Macron é chamado de "menino histérico".

E por aí vai. Todos eles se seguem, curtem, compartilham e repetem o mesmo padrão de sandices. Baixo nível completo e absoluto. É simplesmente asqueroso, repugnante, vexatório, revoltante. Fica registrado o nosso repúdio e a nossa oposição declarada e intransigente a essa escória da política.

Último texto de Fernanda Young: "Bando de cafonas"

A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. Não exatamente nas roupas que vestimos ou nas músicas que escutamos — a pessoa quer falar do mau gosto existencial. Do que há de cafona na vulgaridade das palavras, na deselegância pública, na ignorância por opção, na mentira como tática, no atraso das ideias.

O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo e esfrega sua tosquice na cara dos outros. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas.

O cafona manda cimentar o quintal e ladrilhar o jardim. Quer todo mundo igual, cantando o hino. Gosta de frases de efeito e piadas de bicha. Chuta o cachorro, chicoteia o cavalo e mata passarinho. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. É rude na língua e flatulento por todos os seus orifícios. Recorre à religião para ser hipócrita e à brutalidade para ser respeitado.

A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. Segura de si, acha que a psicologia não tem necessidade e que desculpa não se pede. Fala o que pensa, principalmente quando não pensa. Fura filas, canta pneus e passa sermões. A cafonice não tem vergonha na cara.

O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer vencer, para ver o outro perder. Quer ser convidado, para cuspir no prato. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos.

Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.

Fernanda Young era escritora, atriz, roteirista e colunista do jornal O Globo; morreu neste domingo, aos 49 anos, e este é seu último texto publicado no jornal.

Fernanda Torres: "Na cabecinha"

Assisto ao noticiário e confirmo: o mundo vai acabar

Terça-feira gorda . Um homem sequestra um ônibus na ponte Rio-Niterói. Numa ação bem calculada da polícia, atiradores de elite o abatem, salvando a vida dos passageiros reféns.

Ao descer do helicóptero que o levou até a cena do crime, o governador Wilson Witzel não contém a euforia e, erguendo os punhos, comemora o desfecho como um torcedor de futebol que vibra diante de um gol.

Uma semana antes, sua política linha-dura de segurança pública, com uso de helicópteros blindados para atirar “na cabecinha” dos bandidos, havia enfrentado duras críticas.

Depois da morte de seis jovens inocentes em confrontos entre a polícia e o tráfico, a ONG Redes da Maré entregou à Justiça 1.500 cartas escritas e ilustradas por crianças da comunidade, pedindo maior racionalidade nas ações policiais.

Witzel reagiu incomodado, pondo a culpa dos óbitos nos defensores dos direitos humanos. E viu, no bem sucedido abate do sequestrador da ponte, uma justificativa para a truculência de sua gestão. Daí a alegria incontida do governador.

Nas declarações sobre o ocorrido, Witzel procurou ser comedido, se solidarizando inclusive com a família do sequestrador, mas a linguagem corporal que exibiu no desembarque não deixa dúvida quanto ao lucro político que pretendia extrair da tragédia.

Qual a razão de elegermos políticos tão bélicos, tão devotos de Deus e da bala, que confundem direitos humanos com ideologia vermelha e prometem sanar o problema social com o extermínio bem aplicado?

A razão é o medo.

Em entrevista ao programa Painel, na GloboNews, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao ser confrontado com o diretor demitido do Inpe, o físico Ricardo Galvão, argumentou que os projetos de exploração da biodiversidade amazônica haviam fracassado e que era hora de buscar alternativas.

As queimadas e o desmatamento vexaminoso pareciam não afetar o ministro, que ressaltava as riquezas intocadas da região, minimizando o valor da ciência, o desmonte do Ibama e os benefícios trazidos pelo Fundo Amazônia.

Witzel e Salles se completam.

Ambos defendem a ideia de que o nhém-nhém-nhém ecológico-humanista da social-democracia faliu, foi para o ralo junto com o demônio encarnado do lulopetismo.

De fato, entra governo sai governo, os problemas de habitação, saneamento, saúde, segurança e educação só se agravam. Cruzado novo, cruzeiro novo, Nova República... O Brasil é o país condenado a começar do zero.

A diferença, agora, é que o desejo de jogar na latrina tudo isso que está aí, vem acompanhado da percepção de catástrofe irrefreável, de fim de mundo, que os atuais governantes parecem querer acelerar. O apocalipse está em voga.

As mudanças climáticas, os verões tórridos, as secas, incêndios e inundações, a miséria crescente, as migrações, o lixo tóxico, as epidemias e a recessão econômica, esse rosário de horrores sem solução breve ou possível, delineia um não futuro onde a morte aos milhões será inevitável.

Tenho vivido assim.

O caixa da farmácia embrulha uma cartela de analgésico num saco plástico gigante, eu recuso o invólucro e penso: o mundo vai acabar. Corro a lagoa respirando escapamentos e concluo: o mundo vai acabar. Dou descarga, como carne, separo o lixo, escovo os dentes, espero o ipê que plantei florescer e sei: o mundo vai acabar. Assisto ao noticiário e confirmo: o mundo vai acabar.

E não é nem preciso que a frente fria vinda do sul se misture com a fuligem das queimadas do norte, transformando em noite a tarde de agosto em São Paulo, para saber que o mundo vai acabar.

Porque até numa manhã de luz, com o verde da mata aceso contra o céu azul da Guanabara, tenho a certeza de que o mundo vai acabar.

O terceiro milênio não cumpriu o esperado. A classe média empobreceu, os empregos foram para o brejo, a tecnologia da rede revelou o pior de nós todos e seguimos escravos do consumo e da queima suja de combustível fóssil. Só uma catástrofe de proporções bíblicas fará parar a engrenagem.

É a angústia, o pânico do porvir, é o medo que se agarra em Deus e elege esse governador que, incapaz de conter o gozo, comemora o tiro, mesmo que devido, de um sniper.

Freud deu nome aos bois logo após a primeira das duas grandes guerras mundiais que teve a infelicidade de testemunhar. Essa ânsia de fim se chama pulsão de morte.

Só tem dado ela nas urnas eleitorais do planeta.

Fernanda Torres, é atriz e roteirista, autora de “Fim” e “A Glória e Seu Cortejo de Horrores”, e colunista da Folha de S. Paulo.

domingo, 25 de agosto de 2019

40 anos da Anistia e a volta do irmão do Henfil



Os 40 anos da Lei da Anistia e a volta do irmão do Henfil: esse é o tema do #ProgramaDiferente desta semana. Em uma época que tem muita gente que pretende reescrever a História do Brasil, emplacando a narrativa mais conveniente à sua ideologia, é importante reverenciar a democracia e rever os fatos como eles realmente ocorreram.

Em 28 de agosto de 1979, o então presidente João Baptista Figueiredo concedeu o perdão tanto aos perseguidos políticos (que a ditadura militar chamava de subversivos) quanto aos agentes da repressão. A Lei da Anistia possibilitou o retorno de diversos exilados, entre eles Herbert de Souza, o Betinho, eternizado como "o irmão do Henfil" na canção "O Bêbado e a Equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, gravada por Elis Regina. Assista.

sábado, 24 de agosto de 2019

Marina aponta medidas que Bolsonaro deveria tomar para contornar a crise ambiental e sanar parte da incompetência vexatória do governo brasileiro

Muita gente cobra ações de Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, como se ela não se posicionasse com frequência sobre assuntos polêmicos ou relevantes da política.

Principalmente nas questões que envolvem o Meio Ambiente, ela não apenas se posiciona como tem opiniões contundentes, objetivas e sensatas, que merecem ser compartilhadas por todos.

Segue texto de Marina:

O discurso do presidente Bolsonaro em cadeia nacional, na TV e no rádio, foi uma demonstração de que a pressão da sociedade fez o presidente engolir suas grosserias e ataques contra os que historicamente defendem o meio ambiente. Teve que declarar o compromisso de proteger as florestas e chegou até a falar em biodiversidade. Usou um tom brando em relação aos demais países e parou de culpar quem tenta ajudar e construir políticas públicas em defesa do patrimônio brasileiro, como as ONGs. Mas anunciou uma solução inócua: usar os militares para tentar conter um problema da dimensão das queimadas e desmatamentos.

É constrangedor saber que o governo só admitiu a existência do problema quando o mundo desabou sobre o Brasil. Ignoraram todos os avisos do INPE e da comunidade científica, sendo que a tecnologia para controlar os desmatamentos e as queimadas é dominada pelo Brasil há décadas. E não é feita com soldados e armas. Não é feita com pirotecnia. Não é feita com saliva, mas com políticas públicas duradouras e com instituições ambientais fortalecidas e valorizadas.

A solução desse problema passa por medidas efetivas como:

1) demitir o ministro incompetente que deixou a situação chegar a esse nível;
2) ressuscitar o Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia que foi destruído por Ricardo Salles;
3) retomar as operações de fiscalização ambiental do IBAMA e ICMBio;
4) retomar o funcionamento do Fundo Amazônia com o sistema de gestão e participação social que havia antes do governo Bolsonaro;
5) retomar a agenda de criação de unidades de conservação e de terras indígenas na Amazônia;
6) retomar o apoio ao trabalho do INPE, que está sendo substituído por uma empresa privada;
7) recuperar o orçamento do MMA;
recuperar a participação da sociedade e a transparência no MMA;
9) investir no aumento do orçamento dos programas de agricultura de baixo carbono, como o programa ABC, desenvolvido com apoio da Embrapa, que aumenta a produção e diminui desmatamento e emissão de CO2 significativamente;
10) investir no aumento do orçamento dos programas de manejo florestal e uso sustentável dos recursos da biodiversidade para gerar alternativas econômicas para a população da região;
11) retomar a realização das operações de inteligência com IBAMA e PF para desmontar as quadrilhas organizadas que financiam a grilagem de terrras, invasão de terras indígenas, desmatamento e exploração ilegal da floresta;
12) iniciar urgentemente um esforço que nos leve a certificação dos produtos agrícolas brasileiros para que se possa separar o joio do trigo, a exemplo da certificação florestal como FSC.

É isso que se espera do presidente. Apenas o discurso, não basta.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Socorro! O Brasil foi sequestrado por lunáticos!

É incrível como os lunáticos se juntam em torno do bolsonarismo. É um misto de fanatismo com obscurantismo. Um surto de bestialidade. Esquizofrenia.

Só que a crise extrapola as nossas fronteiras, extravasa o mundinho virtual das redes sociais e ganha proporção global.

Que tipinho de gente é esse que vive da busca de inimigos reais e imaginários? Que usa um filtro ideológico para criar uma narrativa mentirosa e absurda como escudo para cada crítica, questionamento, advertência ou contestação?

Os posicionamentos do desgoverno do presidente Jair Bolsonaro são de causar vergonha e preocupação. Essa trupe vive uma realidade paralela, ignora o mundo real, despreza dados objetivos e refuta a ciência. Mas isso tem consequências.

Hoje o Brasil se equipara ao Irã ou à Coréia do Norte. Países governados por lunáticos que criaram realidades paralelas e inimigos imaginários, daí a retaliação e o isolamento mundial.

Basta acompanhar o que estão dizendo sobre o problema da Amazônia, que mobiliza as atenções do planeta para o Brasil.

Os bolsonaristas preferem continuar se manifestando para a sua bolha de seguidores fanáticos e imbecis em vez de enfrentar a crise com seriedade, assumir suas responsabilidades e se posicionar de maneira digna e altiva perante as demais nações.

Ao contrário, o presidente acusa uma ridícula e fantasiosa conspiração mundial para desestabilizar o seu governo. Como se para isso fosse necessário algo mais que os próprios tiros diários no pé, disparados por seus integrantes ineptos - a começar pelo próprio Jair Bolsonaro, mas repetidos pelo séquito à imagem e semelhança do mito dos tolos, como Ernesto Araújo, Ricardo Salles, Onyx Lorenzoni, Abraham Weintraub, Damares Alves, Eduardo Bolsonaro & Cia.




Acompanhe aqui toda a sequência de tweets do ministro Ernesto Araújo.


Leia também:

Carta aberta ao Presidente Jair Messias Bolsonaro

‘Quer que culpe os índios? Os marcianos?’, diz Bolsonaro sobre queimadas

terça-feira, 20 de agosto de 2019

X-Tudo da Câmara Municipal de São Paulo reúne de velórios e cemitérios a piscinões anti-enchente

A Câmara Municipal de São Paulo começa a discutir a partir desta quarta-feira, 21 de agosto, mais uma etapa do programa de desestatização iniciado pelo então prefeito João Doria, hoje governador, e continuado pelo prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB.

No pacotão pautado em sessão extraordinário há uma mistura que reúne da concessão do Serviço Funerário, dos cemitérios e do crematório paulistano até parcerias público-privadas para a construção de piscinões anti-enchente.

Mas estão incluídos ainda pátios e terminais de ônibus, mercados municipais, os baixos de pontes e viadutos, entre outros serviços e equipamentos municipais que vão passar aos cuidados da iniciativa privada. Uma salada completa, que mistura alhos e bugalhos.

Há uma corrente - dentro da própria base governista - que pede o desmembramento de cada assunto em projetos de lei específicos, em vez desse chamado "X-Tudo", que pode inclusive ser mais facilmente contestado e barrado na Justiça.

A prioridade, no entendimento desses vereadores, deve ser mesmo a concessão do Serviço Funerário Municipal, órgão caro, arcaico e polêmico que detém o monopólio de todo o atendimento referente aos sepultamentos na cidade, abrangendo mais de 20 cemitérios, os velórios municipais e o crematório da Vila Alpina.

domingo, 18 de agosto de 2019

Será que o gado bolsonarista gosta de maus tratos?

Não basta afrontar a educação, a cultura e a ciência, ignorar o aquecimento global, negar os dados do desmatamento e rasgar dinheiro do fundo de preservação da Amazônia. O meme que virou presidente precisa ir além no obscurantismo, na indecência, na calhordice e no ataque às questões ambientais, à qualidade de vida e à agenda da sustentabilidade.

Em mais um gesto de populismo, demagogia, irresponsabilidade e sordidez, Jair Bolsonaro foi à 64ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, no interior paulista, para assinar um decreto que retrocede absurdamente nos padrões de bem-estar animal ao liberar provas que estavam proibidas nos rodeios por causar maus tratos e sofrimento.

Numa cerimônia marcada por gritos de "mito" e pela música "Eu te amo, meu Brasil", da dupla Dom & Ravel, tida como um hino do regime militar, o presidente da República discursou para garantir que defenderá os interesses dos promotores de rodeios e vaquejadas.

Menosprezou ainda os movimentos de proteção e defesa dos animais, tachados com deboche de "grupo do politicamente correto" e que, segundo o presidente, querem simplesmente impedir as festas desse tipo no Brasil.

"Respeito todas as instituições, mas lealdade eu devo a vocês. O Brasil está acima de tudo. Neste momento em que muitos criticam as festas de peões ou as vaquejadas quero dizer que, com muito orgulho, estou com vocês. Para nós não existe o politicamente correto, faremos o que tem de ser feito", afirmou Bolsonaro.

Ao insultar o ativismo pelos direitos dos animais, aproveitou para, mais uma vez, desmerecer também a luta histórica de negros e índios, além de demonstrar total ignorância ao opor a defesa do meio ambiente ao progresso do País. "Não voltei pra cá para demarcar terras indígenas ou quilombolas. O meio ambiente pode e vai casar com o desenvolvimento", afirmou.

Com o decreto assinado por Bolsonaro, fica definido que caberá ao Ministério da Agricultura avaliar os protocolos de bem-estar animal elaborados por entidades promotoras de rodeios e será possível a realização de provas não disputadas atualmente em alguns rodeios para poupar os animais de maus tratos.

Em Barretos, por exemplo, uma lei municipal impedia a prova do laço, que agora deve voltar à programação do evento, assim como a chamada prova do bulldog, que consiste no salto do cavaleiro sobre um bezerro em alta velocidade para imobilizar o animal. O veto tinha ocorrido após a morte brutal de um novilho, em 2011, que sensibilizou a opinião pública.

Além do decreto de Bolsonaro, o deputado federal Capitão Augusto, do PSL, mesmo partido do presidente, anunciou o relançamento da frente parlamentar dos rodeios, vaquejadas e provas equestres. Agora com apoio oficial declarado, a estimativa é estimular o setor. Hoje, cerca de 400 dos 645 municípios paulistas já promovem eventos de montarias em touros.

Nota do Blog: na foto postada com essa matéria, Bolsonaro é o de camisa branca.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Vai cair a 1ª máscara de Jair Bolsonaro

A questão do projeto que pune o “abuso de autoridade” é crucial para o bolsonarismo.

1) Se vetar, Bolsonaro compra briga com parte considerável do Congresso (inclusive com Rodrigo Maia, que se mostrou ruim em matemática ao não conseguir contar 31 braços levantados, que garantiriam o voto nominal, quando a TV mostrou mais que isso).

2) Se não vetar, estará antecipado o divórcio com parte do eleitorado que votou em Bolsonaro circunstancialmente, mas é sobretudo anti-petista e lavajatista. Essa união de governistas com oposicionistas para restringir a ação de juizes, promotores e policiais atinge em cheio a confiança dos fãs da Lava Jato.

Ao contrário do Novo e do Cidadania, partidos que se posicionaram unidos contra esse projeto que parece ser um passa-moleque na turma de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, o PSL de Bolsonaro não fechou questão e estava dividido na hora de garantir regimentalmente o voto nominal, em vez do simbólico, para a população saber, um por um, o pensamento de cada deputado.

E aí, Bolsonaro? Vai agradar e servir a quem? À base parlamentar ou ao povo brasileiro?

Realidade Virtual, Inteligência Artificial e Realidade Aumentada no #ProgramaDiferente



O #ProgramaDiferente conta a história e revela as novidades da Realidade Virtual, da Realidade Aumentada e da Inteligência Artificial. Quais são os avanços tecnológicos, o que temos hoje em dia e o que podemos esperar para o futuro? Como funciona esse ambiente virtual, criado a partir de um sistema de computadores, capaz de enganar os sentidos do usuário ao induzir efeitos visuais, sonoros e até táteis, obtendo uma sensação de realidade. Assista.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Oi, eleitor do Bolsonaro, vamos conversar?

Esse diálogo é só com quem votou 17 pra Presidente, talquei?

Sei que não deve estar sendo fácil manter a pose e fingir que está tudo às mil maravilhas. Não está! Mas vamos repetir para quem quiser ler e ouvir que o Brasil está mudando para melhor, porque é Deus do comando! E nós temos fé!

Pelo menos nos livramos dos bandidos, dos corruptos e da esquerdalha no governo, né? Já é uma grande coisa!

Enfim, nenhum de nós queria o PT de volta, certo? Então, faz parte! Bola pra frente!

São oito meses nesse processo de limpeza depois dos 14 anos do PT, dos dois anos do Temer e, antes, dos outros oito anos de FHC e do PSDB. Tudo farinha do mesmo saco! Afundaram o Brasil!

Não é fácil, mas já aprovamos a Reforma da Previdência, a MP da Liberdade Econômica, a redução da tarifa para remédio de câncer, o aumento dos pontos na carteira de motorista, o direito de andar armado... #BolsonaroOrgulhaOBrasil #BolsonaroTemRazão

Cá entre nós, essa mania do Bolsonaro ficar só falando de cocô, fazer piada fora de hora, enaltecer torturador, querer colocar o filho na Embaixada dos Estados Unidos só porque ele fala inglês, fritou hambúrguer e entregou pizza, não pega lá muito bem para um Presidente. Mas ele é autêntico! Isso que vale!

O PSL liberar seus deputados para votarem no projeto que pune "abuso de autoridade" de juiz, polícia e promotor também ficou muito mal explicado. Como que o PSL não fecha questão para proteger a Lava Jato, pô!? Cadê a Joice Hasselmann? Cadê a Carla Zambelli? Cadê a Bia Kicis? E o Major Olímpio?

E tem também essas traições, brigas internas, a expulsão do Alexandre Frota... Esse PSL é um balaio de gatos, hein!? Bem que o Bolsonaro avisou!

Fica difícil entender quem é aliado e quem é inimigo. O Frota, pô, parecia um cara legal... Agora se mostrou um traíra! Criticando o Capitão! Mas não ia dar certo mesmo um ex-ator pornô como símbolo da direita conservadora, do povo de Deus e da família tradicional. Deixa pra lá! Melhor assim!

As máscaras caem, mais cedo ou mais tarde. Lembra do Bebianno, do Reinaldo Azevedo, dos moleques do MBL, do Lobão, do Marco Antonio Villa, do Marcelo Madureira, do Carlos Andreazza? Estavam com a gente ou estavam contra? Um pé em cada canoa não dá, pô!

Bolsonaro ganhou a eleição, porra! Nosso JB! Johnny Bravo! (Não é o melhor personagem, eu preferia algo mais Vingadores, Homem de Ferro, Capitão América, mas se o Mito curte é porque é bom! Johnny Bravo!)

Não entendi direito também esse negócio do Dias Toffoli, presidente do STF indicado pelo Lula, estar aliado agora ao nosso governo e até suspender as investigações contra o Flavio Bolsonaro. A decisão está certa, era pura intriga de petralha contra os filhos do Bolsonaro, mas esse Supremo não dá ponto sem nó! É bom ficar de olho...

Agora ficam falando que teve acordo com esses ministros, eu não acredito! Só se me provarem que o Paulo Guedes quer fatiar a Receita Federal e mudar a estrutura do Coaf  (órgão que produz os relatórios sobre movimentações suspeitas de dinheiro) por alguma negociata! Não pode ser! Só se o Sérgio Moro disser que tem coisa errada, aí eu acredito!

O que eu vejo o tempo todo é intriga dessa oposição vagabunda! Essa extrema imprensa, essa mídia vendida! Tudo mortadela infiltrada nas redações! É só ver com essa gente insiste em compartilhar notícias desfavoráveis ao governo. Incrível como torcem contra o Brasil, pô!

Aqui no meu grupo de whatsapp não entra inimigo da Pátria, não! E se alguém falar contra o meu presidente no facebook ou no twitter eu boto pra f*** mesmo!

Ah, se todo brasileiro fosse patriota como o Luciano Hang, o véio da Havan, esse Brasil seria uma potência econômica! Mas estamos caminhando para isso! Bolsonaro ganhou, porra!

Voltando ao nosso diálogo, eu preciso confessar uma coisa: Eu não votei no Bolsonaro!

Também não votei no 13 (até me culpo um pouco por isso!), mas eu acreditava em uma alternativa melhor para o Brasil, fora dessa polarização burra, com menos ódio e rancor, com menos paixão e mais civilidade, tolerância e racionalidade.

Perdi feio, né? Todo mundo que não votou nem no PT, nem no Bolsonaro, se deu mal! O Brasil escolheu e pronto!

Errou? Acho que errou. Mas agora acabou a campanha. Fica para 2022.

Esse governo, sinceramente, não é lá essas coisas. Parece atuar com sinal trocado ao que o PT fazia. Prega a divisão, tá cheio de gente maluca, incompetente, irresponsável, despreparada e mal intencionada. Quer impor uma ideologia em vez de buscar a unidade... Mas é o que temos!

Eu critico o Bolsonaro, sim! Assim como critiquei a ditadura e depois o Sarney, o Collor, o Itamar, o FHC, o Lula, a Dilma, o Temer... Quem está no poder tem que ser criticado, fiscalizado, prestar contas à população. E o nosso papel é cobrar, criticar, propor alternativas.

Quem tem obrigação, compromisso, responsabilidade de acertar é quem ganhou a eleição, oras! Sempre a turma que está no poder não gosta de ser criticada, é claro! Eles estão no governo tentando nos convencer que pretendem fazer o melhor.

O problema é que nem sempre o melhor para eles é também o melhor para o Brasil, né? Ou você não percebeu que a base de sustentação dos governos nunca muda? São sempre os mesmos, desde a ditadura! Os mesmos interesses, os mesmos partidos, as mesmas bancadas, os mesmos empresários, os mesmos bancos, o mesmo sistema.

Eles fingem que tudo muda a cada eleição para, no fim, ficar tudo exatamente como estava antes. Eles sempre vencem e o povo, iludido, esperançoso, ó... ****-SE!

Não adianta me acusar de petralha, esquerdalha, comunista. Sem mimimi. Não perdi boquinha nenhuma. Não me incomoda o fato de ser governado pela direita ou pela esquerda, desde que estejamos num Estado Democrático de Direito. Não vale me mandar pra Cuba, nem pra Venezuela.

Parodiando o outro: "Lula tá preso, babaca!".

Aproveitando: Você viu o Queiroz por aí?

Viva a democracia! Vou falar o que eu penso, agrade você ou não!

Enfim, a conversa foi boa, mesmo se você me xingar no final. É assim mesmo.

Eu não espero que um eleitor bolsonarista assuma com sinceridade o seu arrependimento. Ainda não. Mas esse dia vai chegar. Acontece com todos. E eu estou aqui esperando para receber você de braços abertos. Prometo nem dizer: "Eu já sabia!". Não precisa tripudiar, né?

Sou brasileiro, não desisto nunca!

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Respeitável público, o Ministro da Deseducação Abraham Weintraub no #ProgramaDiferente



O governo Bolsonaro junta um bando de lunáticos com especialistas em coisa nenhuma, provocadores e bajuladores. Tem como dar certo? Qualquer pensamento crítico ou questionamento público é menosprezado, afinal de contas eles chegaram para reescrever a história, lacrar no twitter e no whatsapp e mostrar que agora tudo é diferente porque o governo é de direita, talquei?

Aí o Brasil é obrigado a conviver com um time de mentecaptos, a começar pelo chefe e sua prole, mais a linha de frente de terraplanistas, analfabetos funcionais e ideólogos fugidos do manicômio: Damares Alves, Olavo de Carvalho, Eugênio Aragão, Ricardo Salles, Abraham Weintraub e outros dignos de reprovação no exame psicotécnico.

Entre os personagens mais folclóricos e burlescos, o ministro da Deseducação, Abraham Weintraub, merece um capítulo à parte. Aspirante a humorista e showman virtual frustrado, ele aparece de dublê de Gene Kelly numa adaptação vexatória de "Cantando na Chuva de Fake News" a provocador barato dos estudantes e professores que foram às ruas nas manifestações contra o desmonte do setor.

"Onde está Wally?", ele provoca no twitter, com imagens selecionadas para dar a falsa ideia da irrelevância dos protestos. Compara o público com o tamanho da torcida da Lusa, a tradicional e querida Associação Portuguesa de Desportos, chamada pelo deseducador ignorante de Portuguesa Futebol Clube, e que, segundo ele, seria suficiente para "lotar uma frota de Combis" (assim mesmo, Kombi com C).

Respondemos no ato: Vamos brincar de "Onde Está Wally" pra achar o Queiroz? Ou os assassinos da Marielle? Ou um ministro equilibrado, capaz e responsável nesse governo de lunáticos do presidente Bolsonaro?

Não dá, sinceramente, para tolerar as sandices e asneiras diárias deste desgoverno do meme que virou presidente. Veja abaixo a sequência de postagens do ministro da Deseducação e as nossas respostas:


Assista aqui um resumo da performance ridícula do ministro Abraham Weintraub e, em seguida, veja alguns artigos e outros vídeos bastante didáticos de tudo o que pensamos do bolsonarismo (e da polarização burra com o lulismo), nesse triste período da nossa história:

Socorro! Os idiotas já dominam o mundo virtual!

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Bolsonarismo + Lulismo = Monstro de duas cabeças

Verdades incômodas que precisam ser ditas: o bolsonarismo e o lulismo são fenômenos idênticos, siameses, espelhados à direita e à esquerda, que se retroalimentam e contaminam a democracia com muito ódio, preconceitos, intolerância e ideologias igualmente ultrapassadas. É um monstro de duas cabeças que aterroriza o Brasil com seus seguidores fanáticos, interdita o debate e impede a renovação saudável do ambiente político.

Mas todo esse despreparo, a inaptidão, a irresponsabilidade, a boçalidade e a inépcia de Jair Bolsonaro na função de Presidente da República, governando apenas para a sua bolha direitista, conservadora e retrógrada, enquanto elege toda a sociedade não idiotizada do país e as instituições democráticas e republicanas como inimigas, aponta para uma tragédia anunciada.

Cada ataque desferido por Bolsonaro e pelo seu desgoverno de lunáticos contra as liberdades individuais e coletivas ou contra o estado de direito, é um tiro no pé do Brasil e uma ação irresponsável que o afasta cada vez mais de qualquer possibilidade mínima de convivência pacífica e civilizada com os não convertidos e com os opositores declarados, que crescem a cada bobagem dita.

Assim como Bolsonaro cresceu e surfou na rejeição ao petismo, ele vai acabar conseguindo, na direção contrária, a proeza de ressuscitar Lula e o PT. Este é o resultado óbvio dessa polarização simbiótica entre as duas faces de uma mesma moeda desgastada e desvalorizada da velha política. E às vezes parece que é isso mesmo que ambos querem: manter viva essa rixa ideológica nas ruas, nas redes e na mídia, para que ambos sigam se beneficiando eleitoralmente, ora como protagonistas, ora como antagonistas.

O bolsonarismo é cria direta do antipetismo. Culpa única e exclusiva dos erros do próprio PT e do sentimento de traição à esperança que havia despertado no brasileiro. Isso porque Lula custou a chegar ao céu politicamente, mas acabou no caminho inverso até o inferno. Se antes enfrentou e venceu todos os preconceitos existentes contra o pau-de-arara e ex-sindicalista sem formação escolar, sendo eleito e reeleito presidente (após três tentativas) e repetindo a mágica com a limitada Dilma Rousseff, depois voltou a despencar para as trevas com os escândalos de corrupção do seu partido e a cadeia.

Quando dizemos que Bolsonaro é o meme que se elegeu presidente, não é maldade nem exagero. Personagem dileto de programas de TV como os humorísticos Pânico e CQC ou dos debates bizarros de Luciana Gimenez, exatamente por encarnar esse tipo meio folclórico, meio paspalho, ele acabou personificando toda a rejeição ao PT e às esquerdas por estar no lugar certo e na hora certa, até como vítima do atentado à faca por um transtornado ex-filiado do PSOL. Símbolo da direita, foi o que bastou para eleger o nosso Forrest Gump: mito dos descerebrados e avessos à política tradicional.

Lulistas e bolsonaristas se assemelham em tudo: nos gestos, nas palavras, nas ações. E levantam a bola um do outro ao escolher o opositor como alvo preferencial. A cada #EleNão na campanha ou deboche do #LulaLivre, mais fermento para os dois extremos da polarização. Um presidente ameaça de cadeia o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil. Outro ameaçou de extradição o jornalista norte-americano Larry Rohter, correspondente do The New York Times.

Ambos buscam criar a narrativa mais conveniente, mesmo quando alheia aos fatos, nem que para isso seja necessária uma reinterpretação da história para atender a sua ideologia. Ambos fazem uso de milícias virtuais no assassinato de reputações, na guerra de versões e na difusão de fake news. Ambos demonstram repulsa pelo jornalismo tradicional, tachado por uns de "mídia golpista" e por outros de "extrema imprensa", substituído estrategicamente por blogueiros sujos, tuiteiros e youtubers levianos a serviço do governo da ocasião.

Tentam provar a associação de petistas com o PCC. Por outro lado, estão aí as evidências da ligação de bolsonaristas com milicianos. Uns denunciam que crimes como os de Celso Daniel ou Toninho do PT foram acobertados para proteger figurões do partido. O mesmo se diz, na mão inversa, sobre o mistério que cerca o assassinato da vereadora Marielle, envolvendo políticos e policiais. E aparecem conluios, laranjas, esquemas, privilégios, corrupção nos três poderes.

Aonde tudo isso vai parar? Ninguém sabe. Mas é preciso desenhar para todo mundo entender: É possível ser ao mesmo tempo crítico do lulismo e do bolsonarismo. Ser oposição a Bolsonaro não nos torna lulistas. E vice-versa: eu posso me opor ao Lula e ao PT sem me tornar um bolsonarista (Deus me livre!). A democracia e a boa política clamam por diálogo, civilidade, tolerância, planejamento, fiscalização, ação. Que os democratas se façam presentes!

Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do #Cidadania23 em São Paulo, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do #BlogCidadania23 e apresentador do #ProgramaDiferente.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Cala a Boca, Bolsonaro! (Até quando aguentar?)



Sabe aquele sujeito que é o espalha-roda? Aonde ele chega, todo mundo se dispersa. Ninguém aguenta. Na rodinha de amigos, na conversa do café, no trabalho, no almoço da família, na mesa do bar. É inconveniente, grosseiro, inoportuno. Quando aparece, você logo pensa: "Xiiii! Lá vem ele!".

São assim esses oito meses do governo Jair Bolsonaro. Nada muito diferente dos 30 anos em que ele foi deputado. O espalha-roda. O tiozão das correntes no whatsapp. O problema é que agora o meme virou presidente. Os idiotas chegaram ao poder. Saíram todos juntos do armário para dominar o mundo.

Então é uma asneira atrás da outra: até regular a quantidade de vezes que você deve ir ao banheiro o sujeito quer. Faz piada fora de hora. Emprega parente e acha bonito. Age como um bobalhão deslumbrado com a cadeira que jamais acreditou verdadeiramente que ocuparia, até porque sempre soube que não tinha capacidade para tanto.

Comemora o regime militar, idolatra torturador. Vive como fiscal do comportamento alheio. Afirma que ninguém passa fome no Brasil. Que o desmatamento da Amazônia é mentira e que defender o meio ambiente é coisa de vegano, ou de quem só come vegetais. Justifica o trabalho infantil, pede cadeia para jornalista, diz que a questão de gênero é coisa do capeta.

Precisa mais? Ele faz, diariamente, nas suas demonstrações de preconceito, ignorância e incivilidade. E o bando de aloprados que acham que o sujeito é um "mito" não admite nenhuma crítica. Como abrir os olhos do brasileiro que não entende que podemos ser oposição ao Bolsonaro sem virar petista, comunista, lulista, isentão ou algo do tipo? Assista no #Olhar23.

sábado, 10 de agosto de 2019

Socorro! Os idiotas já dominam o mundo virtual!

Mais atuais do que nunca as frases do imortal Nelson Rodrigues sobre os idiotas que dominariam o mundo. Ao menos no mundo virtual, das redes e aplicativos digitais, os idiotas já assumiram o poder e perderam a vergonha de mostrar a cara.

A eleição de Jair Bolsonaro foi um marco para tirar os imbecis do armário. Repetir asneiras, destilar preconceitos, defender abominações políticas, sociais, culturais, comportamentais, religiosas, virou regra geral destes tristes tempos.

O bolsonarismo é tão doentio e totalitário que ataca até mesmo quem se declara de direita mas apenas se recusa a ser um idiota fanático e procura manter alguma sensatez e espírito crítico.

Casos emblemáticos são os dos direitistas e anti-petistas Reinaldo Azevedo, ou Marco Antonio Villa, ou Carlos Andreazza, ou Marcelo Madureira, ou Lobão, ou o MBL, entre outros perseguidos pela horda bolsonarista raivosa nas redes sociais.

Quando vocês, bolsonaristas, vão entender que podemos criticar igualmente os erros do PT e de Bolsonaro? Que criticar Bolsonaro não nos torna petistas (ou vice-versa, ao criticar Lula)? Que o mundo não se limita a esses dois pólos? Que podemos ser ao mesmo tempo contrários às ditaduras de direita e de esquerda? Que a censura ou a tortura como instrumentos políticos e ideológicos, ou ainda de controle do Estado, são aberrações inaceitáveis em uma sociedade civilizada? Apenas reflitam.

Não é possível desprezar a ciência, admitir a censura, defender a tortura, tolerar ditaduras ou idolatrar torturadores. Defendemos a democracia e as garantias constitucionais. Não daremos trégua a idiotas, doentes, ignorantes, desinformados ou mal intencionados. Idolatrar Ustra, por exemplo, repetindo o gesto de Bolsonaro, é repugnante. Basta!

Um palpite: Bolsonaro é mero fantoche mas mãos de quem tem objetivos antidemocráticos e de dominação ideológica. Ele só repete aquilo que sua mente limitada lhe permite. É o mesmo paspalho que se elegeu deputado há 30 anos. Mas agora o Brasil piorou, fazendo da piada assunto sério e legitimado pelo voto. O meme virou presidente. É o "mito" de fanáticos descerebrados que seguem repetindo asneiras e fake news.

Um ressalva: merecem respeito os eleitores de Bolsonaro ou do PT, como quaisquer outros. Por outro lado, merecem nosso total repúdio e desprezo os fanáticos, lunáticos e milicianos virtuais da direita ou da esquerda. A esses, combateremos com as armas constitucionais, bom senso, informação e caráter. Se precisar, a gente desenha, aí até adoradores e replicantes de Lula e Bolsonaro vão conseguir entender.

Droga de ministro dessa droga de governo diz que "maconha medicinal" é lobby da indústria da droga

Não é possível tolerar a ignorância, o preconceito, a desinformação e o obscurantismo do ministro da Cidadania, Osmar Terra, na questão da liberação da “maconha medicinal”. Em artigo neste sábado, na Folha de S. Paulo, acusa a Anvisa de lobby da indústria da droga! Típico deste governo de Jair Bolsonaro.

Se Osmar Terra tivesse na família algum caso de paciente em que o uso do canabidiol transformasse a
vida e fosse a única esperança de melhora, não diria tanta asneira. Até a Organização Mundial da Saúde reconhece o que o Ministério da Cidadania quer negar. É a gestão da “Terra plana”.

Não bastasse a nulidade de conhecimento médico-científico ou de argumentos consistentes que justifiquem a intenção do ministro, além de uma posição ideológica baseada em mentiras e suposições alarmistas, é bom contextualizar quais seriam os outros interesses em jogo.

Quem é Osmar Terra, afinal? Ele acusa um suposto lobby de empresas interessadas em liberar as drogas no País. E quais seriam as empresas que ajudaram a financiar esta droga de político? Quem são os doadores da campanha desse ministro chinfrim, eleito em 2018 deputado federal pelo MDB do Rio Grande do Sul. 

Médico formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e dirigente sindical, Osmar Terra se elegeu deputado federal pela primeira vez em 2006, ficando antes na suplência nas eleições de 2002 e 1998. Nesse período, ele se licenciou da Câmara para exercer os cargos de secretário de Saúde no governo do Rio Grande do Sul e ministro do Desenvolvimento Agrário, durante o governo Temer.

Até 2014, sua candidatura foi majoritariamente bancada por empresas como a JBS, dona da marca Friboi, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, denunciados e presos por diversos escândalos e ilegalidades. Em 2018, o MDB foi responsável por quase todas as receitas. Além de deputado, secretário e ministro, Terra foi prefeito do município de Santa Rosa (RS) entre 1993 e 1996.

Há outras movimentações suspeitas com denunciados e condenados da Operação Lava Jato. De acordo com matéria do jornal O Estado de São Paulo, Terra pediu uma doação à OAS para o financiamento de sua campanha em 2014. Ele mesmo confirma o pedido de R$ 150 mil à empreiteira e que fez ligações a Léo Pinheiro para saber da propina. No entanto, afirma não ter recebido via caixa 2, apesar de a doação não aparece na sua declaração ao TSE.

Ele também esteve envolvido em denúncia do Ministério Público Federal por obstrução de Justiça, quando era secretário da Saúde no Rio Grande do Sul – por não ter informado, depois de cinco insistências, a situação da falta de medicamentos. Terra foi absolvido em 2011 pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, porque sua secretária adjunta Arita Gilda Bergmann assumiu a responsabilidade pelo caso.

Outra denúncia inusitada, esta feita pelo "Destak Jornal", foi pedir ressarcimento à Câmara dos Deputados por um combo de pipoca e refrigerante comprado em uma sessão de cinema em 27 de setembro de 2015, em Brasília. A cota parlamentar deve ser utilizada para custeio de despesas ligadas diretamente às atividades parlamentares. Que droga, hein?

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Método da loucura derrotará Bolsonaro

Texto de Reinaldo Azevedo, fundamental para ser lido e provocar a nossa reflexão:

Método da loucura derrotará Bolsonaro

Presidente nunca pretendeu, vê-se agora, governar efetivamente o país

O jogo de Jair Bolsonaro tem zero de improviso e cem por cento de método. Isso não quer dizer que seja eficiente ou bom. Ser metódico não é sinônimo de estar correto. Especialmente quando se toma a decisão de dar uma banana ao resto do mundo.

O presidente já passou a operar no modo eleitoral. Deflagrou a campanha pela reeleição tão logo a Câmara aprovou em primeira votação a reforma da Previdência. O placar alargado, reafirmado com poucas defecções na quarta (7), lhe deu a certeza de que o jogo da economia está ganho. Aí já há um erro essencial de diagnóstico, note-se.

Com pouco mais de seis meses no cargo, vimos o antigo deputado do baixo clero reencarnar no presidente. E ainda com mais virulência. Havia algo de meio apalhaçado no parlamentar que, de vez em quando, atraía a atenção da imprensa em razão do exotismo frequentemente estúpido do que dizia.

A personagem exibia um quê de "clown" meio abobalhado. Suas micagens ideológicas não rendiam nem debate nem divergência substantiva porque primitivas, desinformadas e simplórias na sua truculência. É impossível responder a quem nem errado consegue estar.

Se, antes, manejava só a própria opinião desengonçada, detém agora instrumentos de Estado. E tudo o que fala tem consequência. Aqui e no mundo.

O homem é insubordinável à institucionalidade porque não a reconhece. Como não reconhecia a hierarquia quando pertencia ao Exército. Jamais coube no uniforme do bom soldado.

Nunca pretendeu, vê-se agora, governar efetivamente o país. Ele quer o poder de mando, o que é coisa distinta. Um governante negocia, tenta convencer, concede e obtém concessões de adversários.

O atual inquilino do Palácio do Planalto só entende manifestações de rebeldia —como a sua quando militar— e de obediência. Vê-se no papel de líder de uma pretensa revolução moral que vai enterrar o "socialismo".

O, por assim dizer, pensamento do presidente e de parte da sua tropa não tem fundamento econômico, político, jurídico ou administrativo. Os fantasmas, cumpre lembrar, fantasmas são porque alheios e imunes ao mundo real.

Não é improviso, mas há muito de loucura no tal método. Incapaz de entender ainda que rudimentos de economia e gestão, houve por bem deflagrar uma nova guerra ideológica já de olho em 2022. O país mal saiu da ressaca pesada do ano passado.

Está de volta o defensor da ditadura, o apologista da tortura, o justificador de decapitações em presídios, o inimigo do meio ambiente, o adversário dos índios, o zombeteiro dos direitos humanos, o fanático das armas, o depreciador de minorias, o propagador do ódio à imprensa livre...

A quem fala Bolsonaro? Aposta em manter unida a sua tropa nas redes sociais e antevê, no outro extremo, a radicalização do discurso das esquerdas. Estas, até agora, não morderam a isca, ainda que seja mais por inapetência e desorientação do que por sagacidade.

Esse jogo que consiste em manter aniquilado o centro e seus matizes —centro-direita e centro-esquerda— e em travar batalhas finalistas com uma esquerda radicalizada vai dar certo? Tudo leva a crer que não. E nem tanto em razão de atores internos.

Logo Bolsonaro vai perceber que a reforma da Previdência não basta para recolocar o país no rumo do crescimento e que um governante que tem mais motosserras na língua do que há, já em penca, nas florestas afasta investidores e ameaça a economia.

Antes que seja bem-sucedido na sua guerra doméstica contra fantasmas, o mundo pode transformá-lo e ao país em párias. A capa desta semana da liberal The Economist traz o título "Relógio da morte para a Amazônia".

Um dos tocos de árvore que a ilustram tem o formato do mapa do Brasil. No miolo, pode-se ler: "O mundo deve deixar claro a Bolsonaro que não vai tolerar seu vandalismo".

Ou ainda: "Empresas de alimentos, pressionadas pelos consumidores, devem rejeitar a soja e a carne produzidas em terras amazônicas exploradas ilegalmente. Os parceiros comerciais do Brasil devem fazer acordos atrelados a seu bom comportamento [ambiental]".

As boçalidades ditas pelo presidente e por auxiliares contra o Inpe ganharam o mundo. No melhor dos cenários para o futuro do país e da democracia, o bufão logo começará a ser vítima de sua própria concepção de mundo.

Se não consegue aprender nada com os livros, receberá lições da carne e da soja. E, então, ou o método da loucura cede às imposições da realidade, ou essa realidade botará Bolsonaro para correr. Antes que consiga disputar a reeleição.

Reinaldo Azevedo
Jornalista, autor de “O País dos Petralhas”.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Quem é Ustra, o "herói nacional" de Bolsonaro



Mais uma vez, como é recorrente, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi durante a ditadura militar, é um "herói nacional". Ustra foi o primeiro militar brasileiro a responder em processo judicial pelas torturas ocorridas na época da ditadura. Assista.

Durante entrevista nesta quinta-feira, 8 de agosto, Bolsonaro comentou com jornalistas que receberia a viúva do militar, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, para um almoço no Palácio do Planalto. Ustra morreu em 2015, aos 83 anos, após comandar o órgão de repressão política do governo militar e ser reconhecido como torturador por inúmeras vítimas.

“Tem um coração enorme. Eu sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, declarou Bolsonaro.

O almoço com a viúva de Ustra e a reiterada declaração de que ele é um "herói" acontece poucos dias depois de Bolsonaro contrariar documentos oficiais e afirmar que Fernando Augusto Santa Cruz, desaparecido durante o regime militar e pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, foi assassinado por militantes de esquerda. A Comissão Nacional da Verdade, porém, apurou que ele foi "preso e morto por agentes do Estado brasileiro". Mas Bolsonaro não aceita e debocha de todos nós.

Como Nossos Pais no #ProgramaDiferente



O #ProgramaDiferente desta semana traz o tema "Como Nossos Pais", reunindo o espírito das duas grandes celebrações deste domingo, 11 de agosto (Dia dos Pais e Dia da Juventude), com o aniversário de 50 anos do Festival de Woodstock, considerado o maior festival de rock´n roll de todos os tempos, e os ideais do movimento hippie (será que ainda resistem hoje em dia?). Assista.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

#OLHAR23: Bolsonaro já virou caso de interdição?



Quando a realidade predomina sobre a paródia, perdemos todos: jornalistas, críticos, humoristas, políticos. O meme que virou presidente se supera. A piada se apodera do desgoverno de lunáticos. Perderam completamente o senso do ridículo. É caso para internação. Interdição. A sátira do #Olhar23 já vem pronta nos pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro. Pobre Brasil. Assista.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Câmara de São Paulo quer fim do recesso de julho

A Câmara Municipal de São Paulo deve votar o fim ou a redução do recesso do mês de julho. Ou seja, vão acabar as férias de 30 dias dos vereadores no meio do ano, que representam uma tradição antiga do parlamento e são bastante questionadas pela população. O projeto vai a votos nos próximos dias e deve ser aprovado por acordo de lideranças.

Assim, no retorno efetivo dos vereadores paulistanos ao trabalho nesta semana, depois do final deste que pode ter sido o último recesso parlamentar de 30 dias no meio do ano, essa é a principal novidade midiática do ano pré-eleitoral.

Há assuntos mais polêmicos que virão à pauta nas próximas semanas, como a revisão do plano diretor, a anistia para imóveis irregulares, a mudança do sistema de transportes por ônibus na cidade e a continuidade do plano de desestatização do município.

Também serão retomadas as "cotas" de projetos de vereadores que seguem para votação (com acordo para aprovação) em plenário. Cada um dos 55 parlamentares vai indicar inicialmente um projeto em 1ª votação, na sequência um projeto em 2ª e definitiva votação e finalmente projetos que exigem quorum qualificado (dois terços dos votos), que neste ano ainda não foram à pauta.

O prazo estimado é de ao menos uma semana para apresentação desses projetos em 1ª votação. Assim, na prática, nenhum projeto de iniciativa de vereador (com exceção do já anunciado fim do recesso) será votado antes da quarta-feira, 14 de agosto. Também serão indicadas denominações, honrarias e homenagens pelos vereadores para compor a pauta do chamado "plenário virtual".

O que são "cotas de projetos"?

Bem, falamos dessas "cotas" de projetos de vereadores que tem aprovação garantida, mas você sabe como isso funciona? Entendeu o espírito da coisa?

Há muitos anos, sempre às vésperas das eleições, a produtividade dos vereadores era medida na maioria das vezes pela quantidade de projetos aprovados e transformados em leis.

Enquanto um vereador - candidato à reeleição - apresentava uma lista extensa de projetos aprovados, recebendo destaque positivo da imprensa, outros tantos tinham pouco ou nada para apresentar à população. A repercussão junto à opinião pública era péssima e o efeito eleitoral, devastador.

Atualmente, com todos os vereadores aprovando uma quatidade idêntica de projetos todos os anos, eliminou-se pela raiz esse critério quantitativo para diferenciar os vereadores. Os velhos rankings de produtividade simplesmente deixaram de existir.

De fato, medir a competência ou a qualidade de um parlamentar pela quantidade de projetos aprovados não parece ser a avaliação mais justa. Por outro lado, nivelar por baixo ou pela média, para não beneficiar quem produz mais nem prejudicar quem produz menos, também não parece lá muito sensato ou meritório. Mas é a regra tácita da Câmara.

E você, eleitor e cidadão paulistano, o que acha disso tudo?

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

E essas mentiras de pescador, Bolsonaro?

O presidente Jair Bolsonaro mentiu no facebook ao responder a um questionamento do #BlogCidadania23. Neste domingo, 4 de agosto, depois dele postar uma mensagem dirigida aos "pescadores do Brasil", o editor do Blog deixou o seguinte comentário na página pessoal de Bolsonaro: "Já pagou a sua multa por pesca ilegal, presidente?".

A resposta, nominal ao jornalista, veio 4 minutos depois: "Fui multado no mesmo dia e quase na mesma hora em que registrei presença no painel eletrônico da Câmara, numa terça-feira. Os documentos, auto de infração e certidão da Câmara estão à disposição da imprensa. Obrigado pelo questionamento."

O problema é que o argumento não corresponde aos fatos. Primeiro, porque há uma foto de Bolsonaro no barco, flagrado no momento da infração, tirada pelo próprio fiscal que aplicou a multa, datada de 25 de janeiro de 2012, uma quarta-feira. Mas ele responde como se a autuação tivesse ocorrido em 6 de março, já depois do fim do recesso parlamentar, data em que foi formalizado o auto da ilegalidade, 41 dias após o flagrante da fiscalização.

O jornalista reproduziu no perfil de Bolsonaro a foto que atesta a sua mentira, ele de sunga no dia da pesca ilegal, mas o presidente parou de responder. O assunto foi tratado como "fake news" por milhares de apoiadores que comentaram e curtiram incessantemente o post e a resposta inicial do "mito". Toda e qualquer crítica é atacada e desmentida pela milícia virtual bolsonarista.

Pescador de ilusões 

Esta postagem de Bolsonaro sobre a pesca foi a segunda sobre o tema nas redes sociais. Nessa em que compartilhava um vídeo de pescadores de Santa Catarina a caminho de Brasília, afirmou que seria "um prazer" recebê-los e que fará tudo o que estiver ao alcance dele e do secretário da Pesca, Jorge Seif, para "desburocratizar, desregulamentar e otimizar a pesca no Brasil".

Num post anterior, Bolsonaro já havia comemorado a reversão, na justiça federal, de uma proibição da pesca da tainha na costa brasileira.

Afirmou que "os agentes públicos, principalmente eu, Presidente da República, não podemos atrapalhar quem produz".

 Ignorou o fato de que a proibição existe justamente para preservar o ciclo reprodutivo da peixe e para garantir que seus estoques pesqueiros sejam mantidos, no chamado "período de defeso" da espécie.

Mas esperar alguma consciência ambiental de Bolsonaro seria realmente pedir demais. Vide as afirmações bizarras sobre o desmatamento, inclusive desmentindo os dados oficiais do INPE, ou sobre a preocupação com a natureza e a sustentabilidade, que ele entende ser exclusividade de "veganos que comem vegetais" (sic).

Respondendo a outro comentário, de um homem que defendia a preservação de uma faixa litorânea de segurança contra a pesca de arrastão, o presidente ironizou, demonstrando total ignorância sobre o tema: "Que tal psicultura na piscina, boi no quintal e soja na cobertura do prédio. Eu apóio."

Essas respostas agressivas de Bolsonaro são feitas sob medida para "lacrar" na internet entre os seus seguidores. A turba bolsonarista vibra, curte, comenta, repercute, compartilha.

Os críticos, por mais fatos e argumentos que apresentem, são detonados: o xingamento mais corriqueiro é "petista", mas os ataques pessoais vão abaixo da linha da cintura.

Até ameaça de morte surge entre os comentários, entre outras lembranças à mãe do internauta e insinuações de cunho sexual.

#VTNC

Um outro comentário ao questionamento do #BlogCidadania23, em tom irônico, brincava: "Com certeza não foi o Bolsonaro que respondeu essa... Educação e fineza não são características suas".

O presidente respondeu no seu melhor estilo ogro: "Mario Alencar me desculpe, mas VTNC (vai tomar...)".

Demonstração explícita, uma verdadeira aula prática, de como rasgar qualquer manual de etiqueta, cerimonial, decoro e civilidade.

Mas o pior não é nem o comportamento inadequado do presidente. É a mentira, mesmo. Bolsonaro mentiu descaradamente na resposta ao jornalista. Simples assim. Ele se contradiz. Desmente a sua própria resposta anterior sobre a multa, que era a seguinte:

"Passei quatro anos respondendo por crime ambiental. Este tipo de delito, para ser caracterizado, tem que haver materialidade. Na área onde o Ibama me encontrou, nem peixe tem. Nada foi apreendido pela fiscalização. Eu não fui mais lá porque, se eu aparecer por lá, vou ser autuado. Não vou dar mole. Tive que abandonar o lugar onde gostava de passear com a minha família. A verdade é que me perseguem. Já respondi também, por quatro anos, pelo crime de racismo. Também provei que era uma denúncia infundada."

Flagrante da ilegalidade

O então deputado federal Jair Bolsonaro foi flagrado por fiscais do Ibama enquanto pescava às 10h50 do dia 25 de janeiro de 2012, uma terça-feira, dentro da Esec (Estação Ecológica) de Tamoios, unidade de conservação em Angra dos Reis (que agora o presidente já anunciou que pretende transformar na "Cancun brasileira").

Bolsonaro negou o flagra, mas uma foto feita pelos fiscais mostra o atual presidente com camiseta e sunga brancas em um bote com uma vara de pesca. Ele recusou se identificar (como se fosse necessário para reconhecê-lo) e afirmou que tinha autorização para pescar.

Segundo o relatório da fiscalização relativo à multa, Bolsonaro ainda se negou a sair da área de proteção e ligou para o então ministro da Pesca do governo Dilma Rousseff, o petista Luiz Sérgio. Os fiscais presentes na ação afirmaram que, aparentemente, Bolsonaro foi orientado pelo ministro a sair da unidade de conservação. Antes de sair, segundo os agentes do Ibama, porém, afirmou que no dia seguinte voltaria ao local para pescar.

Mesmo com as fotos de Bolsonaro no momento da ilegalidade, sua defesa, protocolada no Ibama em 22 de março de 2012, afirmava que o então deputado estava decolando do aeroporto Santos Dumont, no Rio, seguindo para Brasília, na mesma hora e local da aplicação da multa.

Tal defesa, entretanto, foi baseada na data oficial do auto de infração, 6 de março, não no dia exato da ocorrência. A demora de 41 dias teria ocorrido, segundo o Ibama, pela recusa de Bolsonaro em mostrar seus documentos, o que dificultou a aplicação formal da multa.

Veja aqui as matérias sobre a multa de Bolsonaro:

Bolsonaro retaliou fiscais do Ibama após ser multado por pesca irregular

Bolsonaro ignora flagra e diz que não estava em autuação por crime ambiental

Ibama anula multa de Bolsonaro por pesca irregular em área protegida

Ibama decide que multa a Bolsonaro por pesca irregular está prescrita