Muita gente cobra ações de Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, como se ela não se posicionasse com frequência sobre assuntos polêmicos ou relevantes da política.
Principalmente nas questões que envolvem o Meio Ambiente, ela não apenas se posiciona como tem opiniões contundentes, objetivas e sensatas, que merecem ser compartilhadas por todos.
Segue texto de Marina:
O discurso do presidente Bolsonaro em cadeia nacional, na TV e no rádio, foi uma demonstração de que a pressão da sociedade fez o presidente engolir suas grosserias e ataques contra os que historicamente defendem o meio ambiente. Teve que declarar o compromisso de proteger as florestas e chegou até a falar em biodiversidade. Usou um tom brando em relação aos demais países e parou de culpar quem tenta ajudar e construir políticas públicas em defesa do patrimônio brasileiro, como as ONGs. Mas anunciou uma solução inócua: usar os militares para tentar conter um problema da dimensão das queimadas e desmatamentos.
É constrangedor saber que o governo só admitiu a existência do problema quando o mundo desabou sobre o Brasil. Ignoraram todos os avisos do INPE e da comunidade científica, sendo que a tecnologia para controlar os desmatamentos e as queimadas é dominada pelo Brasil há décadas. E não é feita com soldados e armas. Não é feita com pirotecnia. Não é feita com saliva, mas com políticas públicas duradouras e com instituições ambientais fortalecidas e valorizadas.
A solução desse problema passa por medidas efetivas como:
1) demitir o ministro incompetente que deixou a situação chegar a esse nível;
2) ressuscitar o Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia que foi destruído por Ricardo Salles;
3) retomar as operações de fiscalização ambiental do IBAMA e ICMBio;
4) retomar o funcionamento do Fundo Amazônia com o sistema de gestão e participação social que havia antes do governo Bolsonaro;
5) retomar a agenda de criação de unidades de conservação e de terras indígenas na Amazônia;
6) retomar o apoio ao trabalho do INPE, que está sendo substituído por uma empresa privada;
7) recuperar o orçamento do MMA;
recuperar a participação da sociedade e a transparência no MMA;
9) investir no aumento do orçamento dos programas de agricultura de baixo carbono, como o programa ABC, desenvolvido com apoio da Embrapa, que aumenta a produção e diminui desmatamento e emissão de CO2 significativamente;
10) investir no aumento do orçamento dos programas de manejo florestal e uso sustentável dos recursos da biodiversidade para gerar alternativas econômicas para a população da região;
11) retomar a realização das operações de inteligência com IBAMA e PF para desmontar as quadrilhas organizadas que financiam a grilagem de terrras, invasão de terras indígenas, desmatamento e exploração ilegal da floresta;
12) iniciar urgentemente um esforço que nos leve a certificação dos produtos agrícolas brasileiros para que se possa separar o joio do trigo, a exemplo da certificação florestal como FSC.
É isso que se espera do presidente. Apenas o discurso, não basta.