segunda-feira, 30 de abril de 2007

Al Gore fará palestra em São Paulo

O show-man do Meio Ambiente, Al Gore, virá ao Brasil a convite do Itaú. É o que anuncia o site do banco, ainda sem maiores detalhes.

Segundo o informe, há mais de 60 anos o Itaú tem um compromisso assumido com a sustentabilidade. "E foi através dessa postura responsável, da sua solidez e performance financeira diferenciada que o Itaú foi credenciado como o único banco da América Latina a fazer parte do Dow Jones de Sustentabilidade por sete vezes consecutivas, apontado também como o banco mais sustentável e ético da América Latina pela revista Latin Finance."

O Índice Dow Jones de Sustentabilidade é uma das principais referências mundiais para se avaliar e identificar as empresas mais sustentáveis do mundo. Em 2006, o Itaú também foi selecionado, pela segunda vez consecutiva, para compor a carteira de ações do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa.

E o site prossegue: "É por acreditar que o amanhã se faz hoje com responsabilidade e ações concretas, que o Itaú está mobilizando líderes e formadores de opinião comprometidos com as mudanças necessárias, para um encontro com o maior porta-voz da luta contra o aquecimento global da atualidade, o ex-vice presidente norte-americano Al Gore."

Não se fala em data ou local, mas apenas que "o Itaú acredita que promovendo este debate em torno das verdades inconvenientes e das inquietações de hoje, nos ajudará a construir, juntos, um amanhã cada vez melhor".

Apuramos que Gore deverá falar suas "verdades inconvenientes" para uma platéia de 1.000 empresários e políticos convidados, no dia 12 de maio, no Ibirapuera, em São Paulo.

Será a segunda palestra de Al Gore no Brasil (a primeira aconteceu em outubro passado, na entrega do Prêmio Eco, da Amcham). A iniciativa é do publicitário Nizan Guanaes, da agência Africa, responsável pelas campanhas institucionais do banco.

Vamos aguardar mais detalhes e informar juntamente com a agenda de atividades do PPS para o Meio Ambiente.

Morre Octavio Frias de Oliveira

O empresário Octavio Frias de Oliveira, publisher do Grupo Folha, morreu na tarde deste domingo aos 94 anos em São Paulo. Protagonista da modernização da mídia brasileira a partir dos anos 60, Frias pertenceu a uma geração de empreendedores pioneiros dos quais ele era um dos últimos remanescentes e o único a se manter em atividade profissional até o ano passado. Leia aqui matéria especial.

Veja também manifestação do PPS/SP, publicada na Folha de S. Paulo de hoje:

"Tudo o que se disser sobre Octavio Frias de Oliveira será pouco diante das suas realizações. A Folha não é apenas o maior e o mais influente jornal do país, mas uma instituição consolidada da democracia brasileira e uma referência de liberdade, ética e justiça para a sociedade. Nossos pêsames à viúva, d. Dagmar Frias de Oliveira, e aos filhos Maria Helena, Otavio, Maria Cristina e Luís."

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS, secretário de comunicação do PPS-SP (São Paulo, SP)

domingo, 29 de abril de 2007

Quem te viu, quem te vê: Lula e os Rebeldes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aguentou os rebeldes do PT, mas recebeu neste sábado, no Palácio da Alvorada, a banda adolescente mexicana RBD, da novelinha trash Rebeldes, retransmitida no Brasil pelo SBT.

Que Heloísa Helena, Luciana Genro, João Fontes e Babá, que nada! A moda é Mia, Roberta, Lupita, Miguel, Diego... Lula não quer nem ouvir falar no PSOL, mas posou orgulhoso ao lado do RBD (isso ainda existe?) com direito a churrasco, partida de futebol entre Brasil e México e doação de uma guitarra do grupo para o programa Fome Zero (isso ainda existe?) .

A banda chegou em duas vans por volta do meio-dia e, além de entregar o instrumento ao presidente, colheu as marcas da mão de Lula em uma bandeja para colocá-las junto das de outras celebridades em uma espécie de calçada da fama, a ser inaugurada no México.

O presidente deu o pontapé inicial no clássico latino-americano, disputado entre os integrantes da banda e amigos dele, com resultado de 2 x 2. Na cobrança de pênaltis, Lula acertou o seu chute, mas os brasileiros acabaram derrotados por 7 x 6.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Escolinha do ACM com Rolando Lero Suplicy

Para os saudosos da Escolinha do Professor Raimundo, de Chico Anysio, foi um prato cheio a sessão de ontem da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que debateu a redução da maioridade penal.

Tudo fez relembrar o programa humorístico: a postura professoral de ACM na presidência da Mesa, a interpretação over do senador Rolando Eduardo Lero Suplicy e as gargalhadas exageradas dos colegas de sala. Há semelhanças incríveis. Assista aqui e compare.

A Esquerda não perde o rebolado

No balanço da nova esquerda do Brasil, ao menos a retaguarda do partido estará garantida. O jornal O Globo de hoje informa que "Gretchen se filia ao PPS e quer se candidatar a prefeita".

Depois de rebolar muito e fazer sucesso na década de 80, com músicas como "Freak le boom boom", e "Conga, conga, conga", ex-rainha do bumbum, a cantora Gretchen (Maria Odete Brito de Miranda), se filia hoje ao PPS.

A artista, que mora na ilha de Itamaracá, a 40 quilômetros de Recife, quer disputar a prefeitura da cidade, que tem 14 mil eleitores e cuja administração tem se revelado desastrosa, inclusive do ponto de vista ambiental. Até a década de 80, a ilha era um dos paraísos do litoral pernambucano.

O ato de filiação está marcado para o final da tarde na Câmara Municipal de Jaboatão dos Guararapes, onde acontece a reunião da executiva local do partido.

A volta da foice e do martelo (será?)

O nome é Tirana, a capital da Albânia. A foice e o martelo estão lá. Cartazes em russo sobre o comunismo, a célebre marca da URSS e um desenho de Stálin também. Tudo isso no centro de São Paulo, na tradicional avenida São João.

Um desavisado pode pensar que se trata da nova sede de um partido comunista. Os "entendidos", porém, sabem que é apenas mais um "inferninho" que inaugura hoje à noite na capital paulista.

A foice e o martelo sobre fundo rosa entregam: o Tirana, vizinho de um bingo e de uma igreja, com essa decoração inspirada (segundo os proprietários) na antiga União Soviética, é um clube "gay friendly".

O gosto duvidoso da decoração, esta, digamos, "licença poética" sobre os símbolos comunistas, que deixariam Lênin literalmente de cabelo em pé, avança para o nome das festas semanais.

As quartas-feiras serão dedicadas às "meninas", no Chá com Bolachas. As quintas, aos "meninos": Boys Don´t Cry. Sábado é a noite da Decadance Party. No comments.

Em pauta a redução da maioridade penal

Na prática ainda não muda nada com a aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, por 12 votos a 10, da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal.

Mas a decisão levará o assunto para o plenário do Senado e da Câmara, em dois turnos. Isso é positivo, pois aprofunda o debate, enriquece os argumentos pró e contra, e força os parlamentares a ouvirem a população.

O texto a ser apreciado propõe a redução, mas estabelece o regime prisional somente para jovens menores de 18 anos e maiores de 16 que cometerem crimes hediondos. O menor de idade deve ter plena consciência do ato ilícito cometido para ser submetido ao regime prisional, com a necessidade de laudo técnico elaborado pela Justiça para comprovar esse conhecimento prévio.

A PEC também estabelece que o adolescente deve cumprir pena em local distinto dos presos maiores de 18 anos, além de propor a substituição da pena por medidas socioeducativas - desde que o menor não tenha cometido crimes hediondos, tortura, tráfico de drogas ou atos de terrorismo.

Chinaglia deixa sua marca

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), negou recursos do PSDB, PPS e DEM (ex-PFL), que solicitavam a declaração de perda de mandato dos deputados que deixaram os partidos pelos quais foram eleitos para se filiar em legendas da base governista.

Chinaglia argumentou que o presidente da Câmara não tem poder para declarar a perda de mandato de ninguém. O PPS já decidiu que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Chinaglia lembrou ainda que a Constituição prevê a perda de mandato depois de processo por quebra de decoro parlamentar com aprovação da maioria dos parlamentares (257 votos). E que, no caso da renúncia, ela é um ato unilateral e só é validada depois de lida em plenário. O regimento interno da Câmara não prevê a perda do mandato por mudança de filiação partidária.

Os três partidos tinham pedido a convocação dos suplentes dos deputados que mudaram de legenda por conta de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomada no mês passado.

De acordo com o TSE, a legenda é a dona da vaga. Desde que a nova Câmara tomou posse, em primeiro de fevereiro, o PPS e o DEM perderam oito parlamentares cada um, e o PSDB, sete.

Enquanto isso...

Chinaglia e os deputados mostram que sensibilidade social não é mesmo o forte dos políticos: vão aprovar o reajuste retroativo dos próprios salários. É isso mesmo: os deputados vão escolher entre fevereiro e maio, qual a melhor data para vigorar o aumento salarial de 26% concedido por eles a eles mesmos.

O presidente da Câmara disse que não acha "injusto" que o reajuste seja retroativo a fevereiro, início dessa legislatura, mas afirmou que também acha "lógico" que seja ao dia 1º de maio, caso o tema seja votado ao longo do mês. A palavra final, disse ele, será do plenário.

Uma das datas sugeridas é 1º de abril. Faz algum sentido simbólico.

O 27 de abril na História

1500 - Mestre João, da frota de Pedro Álvares Cabral, pisa em terra brasileira para fazer observações astronômicas
1940 - Inauguração do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, em São Paulo
2006 - Início da construção do Freedom Tower no local do antigo World Trade Center na cidade de Nova York

Nasceram em 27 de abril...

1791 - Samuel Morse, inventor americano
1952 - Ari Vatanen, ex-piloto de rali finlandês e deputado no parlamento europeu
1959 - Andrew Fire, professor de genética e de patologia, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina de 2006
1964 - Dinho Ouro Preto, vocalista da banda de rock brasileira Capital Inicial

Morreram em 27 de abril...

1521 - Fernão de Magalhães, navegador português
1937 - Antonio Gramsci, pensador marxista italiano
1971 - Eneida de Moraes, escritora brasileira

quinta-feira, 26 de abril de 2007

STF determina abertura de CPI do Apagão Aéreo

Por unanimidade (11 votos), o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, na noite desta quarta-feira, que a Câmara dos Deputados instale a CPI do Apagão Aéreo para investigar a crise na aviação civil, que começou com a venda da Varig e a queda do Boeing da Gol e se estendeu pelos recentes atrasos em aeroportos e eventuais irregularidades na Infraero.

Ao destacar a legitimidade de apuração, o relator do caso, ministro Celso de Mello, defendeu que "a CPI é um instrumento da minoria. A maioria não precisa de CPI. Os grupos majoritários, muitas vezes apoiando-se em interpretação de mera conveniência política ou partidária, não podem desrespeitar o direito que assiste constitucionalmente aos membros do Legislativo, notadamente aos que atuam como grupos minoritários".

O STF julgava mandado de segurança em que os deputados Antônio Carlos Pannunzio (PSDB), Fernando Coruja (PPS) e Onyx Lorenzoni (DEM, ex-PFL) questionavam manobras da base governista na Câmara e do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT), para engavetar a CPI e barrar o direito de as minorias instalarem o grupo de investigação.

No início da sessão plenária, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, voltou a se manifestar favoravelmente à CPI, evidenciando que há de se reconhecer o direito de investigação da minoria, já que foram cumpridos os pré-requisitos necessários: apuração de um fato determinado e apresentação de pelo menos um terço das assinaturas de todos os integrantes da Casa legislativa (no caso, a própria Câmara). Em seu parecer, Antonio Fernando de Souza ressaltou ainda ser "ilegítima" a articulação da base governista para arquivar a comissão de inquérito.

Em longo voto lido por quase duas horas, Celso de Mello argumentou que "a maioria, a pretexto do desrespeito da Constituição Federal, não pode deslocar para o Plenário a decisão (de instalar a CPI)". O magistrado se referia ao fato de, no auge das discussões sobre a instalação da CPI, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) ter ingressado com requerimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, afirmando que os deputados não iriam apurar um fato determinado. Na época, a medida culminou com o engavetamento da CPI.

"Foi uma manobra em termos jurídicos. Uma tentativa de fraude à Constituição, em que se tentou paralisar, inibir o exercício desse direito, que, evidentemente, não pode ficar na dependência da maioria" , destacou o ministro Carlos Ayres Britto. "Aqueles que hoje estão no poder ontem sustentavam o mesmo direito da minoria que rejeitam hoje", afirmou Celso de Mello.

Para Mello, que determinou em março que fossem cancelados todos os requerimentos da base governista contra a instalação da CPI, "nada mais determinado em sua concreta e dramática configuração do que este terrível acidente da Gol. Na realidade, a referência ao fato determinado, por si só, já bastaria para viabilizar a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (...) em face do interesse geral dos cidadãos deste País".

Câmara e Senado


Também o Senado terá uma CPI do Apagão Aéreo. A Comissão foi criada sem alarde pelos senadores, que decidiram se antecipar à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a abertura de inquérito semelhante na Câmara. A instalação da CPI no Senado ocorreu às 17h30, pouco antes da manifestação do STF, com a leitura do requerimento pedindo a investigação, assinado por 34 dos 81 senadores.

A Comissão, no entanto, só será efetivamente instalada no mês que vem, porque os líderes aliados e de oposição ao governo acordaram o prazo de 20 dias para a indicação de seus membros.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nem se deu ao trabalho de ler o requerimento da CPI. De seu gabinete, determinou que um funcionário levasse o documento ao plenário e passou a tarefa ao senador Mão Santa (DEM-PI), que presidia a sessão. A leitura não despertou polêmica. As investigações que devem incluir a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).

O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), foi o único que destacou sua preocupação com prejuízos ao Congresso que as duas CPIs simultâneas, uma na Câmara e outra no Senado, poderão causar. "Isto pode acirrar a disputa entre as duas Casas e fazer com que tenhamos uma situação de mais descrédito para o Congresso", advertiu.

O senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), no entanto, fez questão de festejar a decisão como "uma demonstração de altivez" do Senado, que tornou "irreversível, com data marcada", o pedido da minoria para criar a CPI do Apagão Aéreo. (IG)

Banda da Guarda Civil Metropolitana de SP

A Banda da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo será tema do programa Revista da Câmara (TV Câmara SP - canal 13 da NET), amanhã, 27 de abril, às 16h30.

No sábado, dia 28, às 12h30, participa do programa Negócios e Soluções (TV Cultura SP), com reprise no domingo, dia 29 (às 7h30), e na segunda, dia 30 (às 7h).

A Banda da GCM é regida pelo Maestro Ivan, potencial candidato a vereador pelo PPS paulistano.

Ivan Zemantauskas Haensel, 40 anos, pós-graduado em música e composição pela Faculdade Mozarteum de São Paulo, é concertista (tendo executado obras de vários autores, como Johann Sebastian Bach, Heitor Villa-Lobos, Abel Carlevaro e Francisco Tárrega), camerista (atuou em duos, trios e na orquestra de bandolins de São Paulo), integra desde 1998 a Banda da GCM e há quatro anos é seu maestro titular.

O Maestro Ivan tem inúmeras propostas de políticas públicas na área da Cultura, com um histórico de ações sociais em educação musical.

A Banda da GCM foi criada há 19 anos pelo então prefeito Jânio Quadros. Teve a convite do comando da corporação o seu primeiro Maestro, Américo Mincarelli.

O 26 de abril na História

1500 - É realizada a primeira missa no Brasil.
1924 - É publicado O Processo, a primeira das grandes novelas de Franz Kafka.
1933 - Fundação da polícia política nazista, a Gestapo.
1937 - Guerra Civil Espanhola: Guernica, na Espanha, é bombardeada pela Luftwaffe alemã.
1965 - Fundação da TV Globo.
1986 - Ocorre o acidente nuclear de Chernobil, na URSS.
1994 - Primeiras eleições multirraciais na África do Sul.
2005 - Sob pressão internacional, a Síria retira os últimos 14 mil militares do Líbano, terminando assim 29 anos de ocupação militar desse país.
2006 - Aprovada a construção da Freedom Tower no lugar das Torres Gêmeas do World Trade Center, derrubadas em 11 de setembro de 2001.

Nasceram em 26 de abril...

121 - Marco Aurélio, Imperador Romano
1573 - Maria de Médici, esposa de Henrique IV de França
1710 - Thomas Reid, filósofo
1798 - Eugène Delacroix, pintor francês
1889 - Ludwig Wittgenstein, filósofo
1900 - Charles Francis Richter, sismólogo norte-americano

Morreram em 26 de abril...

1989 - Lucille Ball, de I Love Lucy, atriz e comediante norte-americana
1990 - Carlos Pizarro, candidato à presidência da Colômbia pelo partido M-19, é assassinado

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Zulaiê Cobra anuncia saída do PSDB

"O PSDB perdeu o rumo". Com essa declaração, Zulaiê Cobra Ribeiro anuncia seu desligamento, após 19 anos, e diz que tucanos estão distantes do "pulsar das ruas".

Ex-deputada federal e suplente do candidato Guilherme Afif Domingos (DEM) na chapa ao Senado com José Serra governador e Geraldo Alckmin presidente, em 2006, Zulaiê se diz decepcionada com a maneira que a legenda tem feito oposição.

"O PSDB perdeu o rumo, estamos distantes do pulsar das ruas. Não saí candidata a mais um mandato porque ia sair do PSDB. Vou me filiar a um partido pequeno, vou começar tudo de novo", diz.

Uma das opções de Zulaiê é o PPS. Há um diálogo com a direção do partido, mas outras legendas também oferecem a possibilidade de Zulaiê se lançar candidata à Prefeitura de São Paulo em 2008. Ela ainda estuda o caminho mais viável.

As principais críticas de Zulaiê são em relação à atuação do PSDB nacionalmente. "Tenho visto o encaminhamento de algumas ações que me desagradam. Quando a gente lê reportagens falando de acordos entre Serra e Lula, ouve que o Tasso Jereissati foi conversar com o Lula sem ter motivo, enfim, me sinto mal com tudo isso".

Ela lamenta as dificuldades do partido em consolidar a CPI do Apagão Aéreo. "O PSDB está muito subserviente, muito pouco demonstrador de forças. Eu lutei muito na CPI do Mensalão e agora vemos a volta de vários deputados que deveriam ter sido cassados e não foram, a absolvição de vários deles. Temos que fazer uma oposição mais radical, como o PT fazia quando era oposição. Uma oposição diária, com posições mais sérias, que fiscaliza."

Advogada criminalista, Zulaiê começou sua carreira na política como vereadora em São Paulo e depois assumiu três mandatos consecutivos como deputada federal. "Vou buscar agora um partido pequeno independente. É difícil porque os poucos que temos em São Paulo são muito ligados ao Serra e ao Kassab ou ao Lula", afirma.

Serra x Alckmin

Zulaiê também reclama do racha interno que existe no PSDB. "Por que o Geraldo Alckmin perdeu milhões de votos no segundo turno (caindo de 39,9 milhões no primeiro turno para 37,5 no segundo)? Ninguém explica. A má vontade do PSDB no segundo turno foi evidente. Por que o material de campanha não chegava? São questões internas do partido."

"A gente vê essas situações entre Geraldo e Serra. Parece que o Serra jamais gostou que o Geraldo tenha sido candidato. Não sei se ele ganharia, mas era a vez dele. Houve esse desgaste. Essas questões nos levam a uma situação difícil", conclui a ex-deputada, que avalia que o melhor momento do candidato tucano na disputa à presidência foi quando ele adotou um tom mais agressivo.

"Achei ótimo. Foi o melhor posicionamento do Geraldo, depois disso ele enfraqueceu, ficou falando que dava aula de madureza, ficou falando igual o Lula, que já foi pobre. Aquele discurso foi um discurso bom. É claro que muita gente não gostou, falou que ele foi radical. Mas nós temos que ser radicais", argumenta. "O PSDB em 2005 e 2006 não foi um PSDB radical e hoje se distancia mais ainda daquilo que são nossos ideais."

Apesar das críticas ao partido, Zulaiê se diz emocionada com a despedida. "Foi muito sentido, muita gente veio ao meu encontro, muitos até choraram. Sinto que meus amigos ficaram muito triste. Gosto do PSDB, gosto de meus companheiros. Saio de cabeça erguida."

Mangabeira apaga vestígios de antilulismo

Há quem goste dos artigos de Mangabeira Unger, assim como existe quem leia bulas de remédio, Seleções do Reader's Digest, horóscopo, manuais de auto-ajuda e a necrologia dos jornais.

Nomeado aspone de luxo de Lula na Secretaria de Ações a Longo Prazo, Mangabeira tratou de eliminar do próprio site os vestígios de antilulismo.

Tirou do índice o artigo "Pôr fim ao governo Lula", escrito em 2005, no qual dizia que "o governo Lula é o mais corrupto de nossa história" e que era "obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do presidente."

Vamos relembrar as sábias palavras de Mangabeira, na íntegra:

Pôr fim ao governo Lula

AFIRMO que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos.

Afirmo ser obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do presidente. As provas acumuladas de seu envolvimento em crimes de responsabilidade podem ainda não bastar para assegurar sua condenação em juízo. Já são, porém, mais do que suficientes para atender ao critério constitucional do impedimento. Desde o primeiro dia de seu mandato o presidente desrespeitou as instituições republicanas. Imiscuiu-se, e deixou que seus mais próximos se imiscuíssem, em disputas e negócios privados. E comandou, com um olho fechado e outro aberto, um aparato político que trocou dinheiro por poder e poder por dinheiro e que depois tentou comprar, com a liberação de recursos orçamentários, apoio para interromper a investigação de seus abusos.

Afirmo que a aproximação do fim de seu mandato não é motivo para deixar de declarar o impedimento do presidente, dados a gravidade dos crimes de responsabilidade que ele cometeu e o perigo de que a repetição desses crimes contamine a eleição vindoura. Quem diz que só aos eleitores cabe julgar não compreende as premissas do presidencialismo e não leva a Constituição a sério.

Afirmo que descumpririam seu juramento constitucional e demonstrariam deslealdade para com a República os mandatários que, em nome de lealdade ao presidente, deixassem de exigir seu impedimento. No regime republicano a lealdade às leis se sobrepõe à lealdade aos homens.

Afirmo que o governo Lula fraudou a vontade dos brasileiros ao radicalizar o projeto que foi eleito para substituir, ameaçando a democracia com o veneno do cinismo. Ao transformar o Brasil no país continental em desenvolvimento que menos cresce, esse projeto impôs mediocridade aos que querem pujança.

Afirmo que o presidente, avesso ao trabalho e ao estudo, desatento aos negócios do Estado, fugidio de tudo o que lhe traga dificuldade ou dissabor e orgulhoso de sua própria ignorância, mostrou-se inapto para o cargo sagrado que o povo brasileiro lhe confiou.

Afirmo que a oposição praticada pelo PSDB é impostura. Acumpliciados nos mesmos crimes e aderentes ao mesmo projeto, o PT e o PSDB são hoje as duas cabeças do mesmo monstro que sufoca o Brasil. As duas cabeças precisam ser esmagadas juntas.

Afirmo que as bases sociais do governo Lula são os rentistas, a quem se transferem os recursos pilhados do trabalho e da produção, e os desesperados, de quem se aproveitam, cruelmente, a subjugação econômica e a desinformação política. E que seu inimigo principal são as classes médias, de cuja capacidade para esclarecer a massa popular depende, mais do que nunca, o futuro da República.

Afirmo que a repetição perseverante dessas verdades em todo o país acabará por acender, nos corações dos brasileiros, uma chama que reduzirá a cinzas um sistema que hoje se julga intocável e perpétuo.

Afirmo que, nesse 15 de novembro, o dever de todos os cidadãos é negar o direito de presidir as comemorações da proclamação da República aos que corromperam e esvaziaram as instituições republicanas.


(Artigo publicado em 15/11/2005 no jornal Folha de S. Paulo)

terça-feira, 24 de abril de 2007

PT quer mandato de "infiéis" em SP

O PT é mesmo um partido incoerente. É o maior patrocinador da cooptação de ex-oposicionistas para a base governista, fato que motivou inclusive a polêmica decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de que o mandato é do partido, e não do parlamentar.

Mas na cartilha petista, o que vale para o Governo Lula não vale para o resto do Brasil. Na Câmara Municipal de São Paulo, o PT decidiu questionar a mudança de parlamentares eleitos em 2004 pela coligação PT/PTB, que deixaram o partido pelo qual se elegeram.

Por isso, quer tomar o mandato dos vereadores paulistanos Marta Costa (DEM), Mário Dias (DEM) e Atílio Francisco (PRB), que se elegeram pelo PTB na coligação que apoiou Marta Suplicy (PT) e agora apóiam o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Nestas três vagas assumiriam os suplentes petistas Alfredo Alves Cavalcanti, José Laurindo e Nilton Oliveira.

Ironia do destino: a decisão deverá ser tomada pelo presidente da Câmara Municipal paulistana, vereador Antonio Carlos Rodrigues, do PR (surgido da união do PL com o PRONA), justamente a legenda-destino da maioria dos cooptados para a base lulista. Dá para entender?

Greve é política e lamentável, diz Serra

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), considerou a paralisação dos metroviários e motoristas de ônibus ontem uma "greve política" e "lamentável". Apenas entre os usuários do metrô, foram 180 mil prejudicados, segundo o governo.

"É uma greve política que não tem nada a ver com as condições do pessoal do metrô e dos ônibus. É uma greve para servir a sindicatos e não para servir a população nem aos trabalhadores. Uma greve lamentável", criticou Serra.

Mais de 34 mil motoristas, cobradores de ônibus e metroviários da cidade de São Paulo participaram da paralisação ocorrida no final da madrugada desta segunda-feira, conforme estimativas dos sindicatos. O movimento manteve os ônibus parados até as 6h e atrasou em cerca de duas horas a abertura das estações de metrô que, normalmente, começam a operar às 4h30.

"É uma greve política sim, mas contra as políticas de arrocho do governo", respondeu Manuel Xavier Lemos Filho, secretário de Comunicação e Imprensa do Sindicato dos Metroviários.

Em nota, a Força Sindical afirma que "As manifestações ocorridas hoje no transporte coletivo de São Paulo são para manter os direitos dos trabalhadores como seguro-desemprego, férias, 13º salário, licença-maternidade, fundo de garantia e vale-transporte".

Reivindicação

Os motoristas e cobradores de ônibus e os metroviários alegavam que a greve era um protesto contra a possível derrubada, por parte do Congresso, do veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à emenda 3 da Super-Receita, originalmente aprovada pela Casa.

A emenda 3 proíbe que os auditores fiscais multem e tenham poder para desfazer pessoas jurídicas quando entenderem que a relação de prestação de serviços com uma empresa é, na verdade, uma relação trabalhista. Pelo texto aprovado no Congresso Nacional, apenas a Justiça do Trabalho teria esse poder.

Os defensores da emenda dizem que sua intenção é garantir a segurança de contratos livremente negociados entre as partes. Os críticos vêem a possibilidade de fragilizar a fiscalização e favorecer que empregadores contratem sem registros em carteira.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

O caos no trânsito de São Paulo

O trânsito paulistano, que é um inferno diário, bateu o recorde hoje com uma greve-relâmpago de ônibus e metrô. Na imagem ao lado, o mapa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) aponta em vermelho os 120 km de congestionamento na cidade, às 9h.

O caos, de acordo com a CET, é reflexo da paralisação dos metroviários e funcionários de empresas de ônibus, por cerca de 1h30, no início desta manhã - oficialmente, um protesto contra a "Emenda 3". A medida, que foi vetada pelo presidente Lula, estabelece que apenas a Justiça do Trabalho - e não um fiscal da Receita - poderia contestar um contrato firmado entre duas pessoas jurídicas para a prestação de serviços.

Estranha essa manifestação conjunta em plena segunda-feira. Quem paga o pato é o cidadão comum.

Imagens do dia caótico em São Paulo

Greve de motoristas, cobradores e metroviários provoca fila de passageiros às 5h desta segunda-feira na região do largo 13 de Maio, em São Paulo.

Às 6h30 (foto ao lado), passageiros disputam espaço no terminal de ônibus Santo Amaro, um dos mais movimentados, na zona sul da cidade, pouco depois do fim da paralisação de motoristas, cobradores e metroviários, que durou cerca de duas horas.

Abaixo, passageiros se aglomeram nas escadas rolantes do metrô Corinthians-Itaquera, que também ficou fechado por volta de duas horas no início da manhã desta segunda-feira.

Salve o 23!

No dia de São Jorge (inclusive é feriado no Rio de Janeiro), quatro Jorges se reúnem para uma homenagem: Vercilo, Aragão, Ben Jor e Mautner mostraram ontem à noite no Fantástico um trechinho do que apresentam hoje na praia de Copacabana. O PPS 23 pega carona na festa e também curte o encontro musical. Veja.

Beijo na boca é coisa do passado...

O governo lançou ontem, no Rio, a nova campanha de vacinação dos idosos contra a gripe com uma cena insólita: um beijo da centenária atriz Dercy Gonçalves na boca do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

A campanha começa hoje, dia 23, e vai até o dia 4 de maio, devendo vacinar mais de 13 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

“A população da terceira idade vem crescendo muito e isso aumenta a responsabilidade do nosso sistema de saúde. Queremos reduzir as complicações originárias da gripe, como a pneumonia, que é a terceira causa de morte entre idosos no Brasil”, disse Temporão, que investiu R$ 150 milhões na campanha pela vacina, pela primeira vez produzida inteiramente pelo Instituto Butantã, em São Paulo.

Caderneta de saúde para idosos

Junto com o lançamento da campanha, foram apresentados também a caderneta de saúde da pessoa idosa, semelhante à carteirinha de vacinação usada para crianças, e o Caderno de Atenção Básica em Envelhecimento e Saúde, com dicas técnicas sobre a saúde na terceira idade, para ser distribuído a profissionais da área.

domingo, 22 de abril de 2007

Band exibe documentário sobre Adhemar

A TV Bandeirantes fechou a noite de domingo com a exibição de um documentário sobre Adhemar de Barros, morto há 38 anos, ex-sócio da rádio que daria origem à própria rede, presidida hoje por João Carlos (Johnny) Saad, seu neto.

Natural de Piracicaba, Adhemar foi médico, empresário e influente político entre as décadas de 1930 e 1960. Foi prefeito da cidade de São Paulo, interventor federal e duas vezes governador de São Paulo. Concorreu à Presidência da República em 1955 e em 1960, chegando em terceiro lugar nas duas ocasiões.

Em 1932, Adhemar se engajou nas fileiras da Revolução Constitucionalista. Em 1934, elegeu-se deputado estadual constituinte pelo Partido Republicano Paulista, fazendo forte oposição ao governador Armando de Sales Oliveira.

Durante o Estado Novo, Adhemar foi nomeado pelo então presidente Getúlio Vargas interventor federal no estado de São Paulo, entre 1938 e 1941. Nesse período, iniciou as obras do Aeroporto de Congonhas, a retificação do Rio Tietê, a eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana, a construção do Hospital das Clínicas da USP, além da construção do Estádio do Pacaembu, em parceria com o então prefeito de São Paulo Prestes Maia, para ser utilizado na Copa do Mundo de 1942, que acabou não acontecendo devido à segunda guerra mundial.

Acusado de corrupção e demitido por Vargas, foi posteriormente absolvido. No mesmo ano, a Constituição de 1946 e o fim do Estado Novo permitiram a criação de novos partidos políticos, quando Adhemar então fundou o Partido Social Progressista (PSP), que foi o maior partido político de São Paulo do período de 1946 a 1964.

Foi governador eleito de São Paulo de 1947 até 1951. Teve o apoio declarado do PCB (na foto, Adhemar com Luis Carlos Prestes). Neste período concluiu algumas importantes obras, como as rodocias Anhangüera e Anchieta.

O lema de Adhemar era "São Paulo não pode parar", que décadas mais tarde seria copiado por Paulo Maluf. Outro slogan herdado de Adhemar por Maluf foi o "rouba mas faz".

Em 1950, seu apoio como governador foi decisivo para a eleição direta de Getúlio Vargas à Presidência da República.

Em 1954, foi derrotado ao governo do estado por Jânio Quadros, seu principal adversário durante décadas (São Paulo se dividia entre janistas e adhemaristas).

Em 1955, candidatou-se à Presidência da República pelo PSP, mas foi derrotado por Juscelino Kubitschek.

Em 1957 foi eleito prefeito de São Paulo. Em 1960 se licenciou para concorrer novamente à Presidência da República, onde foi outra vez derrotado por Jânio Quadros.

Em 1961, foi um dos poucos políticos a apoiar o movimento pela posse de João Goulart após a renúncia de Jânio. Em 1962, elegeu-se novamente governador, sucedendo Carvalho Pinto. Neste segundo mandato, focou a construção de usinas hidrelétricas, sanatórios e hospitais.

Embora tendo apoiado a posse de João Goulart, Adhemar participou ativamente da conspiração que resultou no golpe de 1964, liderando, ao lado da esposa, Dona Leonor, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo, em 19 de março de 1964.

Mesmo tendo apoiado os militares, dois anos depois foi cassado pelo presidente Castelo Branco e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos, mais uma vez sob acusação de corrupção. Exilou-se em Paris, onde morreu em 1969.

Serra e Lula acertam o passo... Quem dança?

Reproduzo abaixo - e me abstenho de comentar: O Estado de S. Paulo e o Jornal da Tarde publicam hoje a suposta estratégia de José Serra rumo à Presidência, que já era perceptível na relação entre as duas bancadas na Câmara (quando os deputados serristas elegeram o petista Arlindo Chinaglia) e na Assembléia (com a retribuição dos petistas votando no tucano Vaz de Lima).

Serra vai até Lula, de olho na Presidência

Agora é oficial: o PSDB inteiro já sabe - e parte aprova, parte está desconfiada - que o governador José Serra cumpre uma estratégia ao se aproximar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT. Serra constrói pontes de aproximação sonhando em ser o candidato do PSDB à Presidência com o apoio de Lula e, para tanto, está disposto a aceitar um acordo para ceder a Prefeitura de São Paulo aos antigos adversários, disse um seu fiel aliado.

As primeiras conversas revelaram que o PT quer mais: para dar a Serra a Presidência, os petistas querem a Prefeitura de São Paulo e o próprio governo paulista em 2010, sendo que este último poderia, se necessário, acomodar o próprio Lula, enquanto espera por 2014 ou 2015. Esse cenário, além de revolucionar as perspectivas políticas para a sucessão presidencial, pode dar a Serra a condição excepcional de ser um candidato de consenso em 2010.

Em janeiro, quando tomaram posse o presidente e os novos governadores, ninguém apostaria que quatro meses depois Serra se situaria como um interlocutor privilegiado de Lula e do governo. Até então, o governador Aécio Neves (MG) era tido como o melhor amigo do presidente no PSDB. Cenários traçados até então sugeriam que Aécio poderia deixar o PSDB para ser candidato em 2010. Estando próximo do PT, Serra impede que Aécio evolua no projeto de ter o apoio de Lula.


Para dançar com Serra e Lula:

Dois Pra Lá, Dois Pra Cá
Intérprete: Elis Regina
Composição: João Bosco/Aldir Blanc

Sentindo frio em minha alma
Te convidei pra dançar
A tua voz me acalmava
São dois pra lá, dois pra cá

Meu coração traiçoeiro
Batia mais que o bongô
Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor

Minha cabeça rodando
Rodava mais que os casais
O teu perfume gardênia
E não me perguntes mais

A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rodaram
As minhas noites vazias

No dedo um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante band aid no calcanhar

Eu hoje me embriagando
De wisky com guaraná
Ouvi tua voz murmurando
São dois pra lá, dois pra cá

sábado, 21 de abril de 2007

O que é ser de Esquerda hoje?

Repetindo o questionamento que o PPS se faz na Conferência Caio Prado Júnior, a revista Caros Amigos deste mês pergunta: "O que é ser de Esquerda?"

Assim é a apresentação da matéria: "Tentando encontrar resposta a essa simples porém buliçosa pergunta, Caros Amigos entrevistou personalidades das nove áreas de atividade que sustentam o arcabouço civil da nação."

Veja abaixo alguns depoimentos:

IGREJA

Dom Pedro Casaldáliga, bispo católico
Ser de esquerda deveria ser optar pelos pobres, optar pela justiça, condenar o capitalismo e o liberalismo, possibilitar participação real do povo. Sempre tem tido gente mais radical ou menos, mas hoje se está querendo justificar umas certas esquerdas que acabam sendo, quando muito, o centro. E eu digo que o centro não existe, ou é direita ou é esquerda. (...)

POLÍTICA

Chico Alencar, historiador e deputado federal pelo PSOL (RJ)
Ser de esquerda tem algumas permanências. Em primeiro lugar, não perder a dimensão da utopia, da possibilidade pela qual se luta por uma sociedade igualitária, solidária e radicalmente democrática. Inclusive, com a socialização dos meios de produzir e de governar. Ser de esquerda é recusar que as idéias hegemônicas no mundo são as neoliberais, que se traduzem pelo caminho único na economia e pela despolitização da política. É não fazer efetivamente o jogo da direita aderindo com sutilezas cada vez menores ao programa neoliberal hegemônico. (...)

Jorge Bornhausen, advogado e político (DEM, ex-PFL)
Eu acho que é diletantismo, porque o próprio presidente da República, que se diz de esquerda, não segue qualquer linha ideológica, nem de esquerda, nem de direita, nem de centro. Essa divisão entre esquerda e direita é algo absolutamente superado. Hoje, a política é uma política de resultados para o cidadão, e ele não está preocupado se o político se diz de direita, de esquerda ou de centro. (...)

UNIVERSIDADE

José Arthur Giannotti, doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo e professor emérito do Departamento de Filosofia da USP
Esquerda é a não-aceitação do status quo. Ter esperança de que possamos ter um mundo melhor, e a certeza de que podemos aglutinar as pessoas para mudar. Mas, no campo universitário, aqueles que se chamam esquerda são basicamente os burocratas da cultura. E aqueles que fazem as pesquisas e que contribuem realmente para o avanço das ciências e das artes são apolíticos. Embora, a meu ver, sejam a ponta renovadora da universidade. (...)

Wanderley Guilherme dos Santos, doutor em Ciência Política pela Stanford University
Conceitualmente, eu não sei o que é esquerda. Eu sei na prática. Sei quem é de esquerda, quem não é de esquerda. No contexto brasileiro, hoje, são personalidades e partidos de esquerda as pessoas comprometidas com a alteração da distribuição de renda, com a retomada de crescimento econômico, com a criação de graus de liberdade no comportamento internacional do país, com um aumento das oportunidades de participação política dos grupos menos favorecidos. (...)

PROPAGANDA

Celso Loducca, publicitário, presidente e diretor de criação da agência Loducca 22
Depois de tudo que já vivi, ser de esquerda é lutar por justiça social, por igualdade de oportunidades, pelo direito das minorias, por uma relação mais harmônica com o planeta, com os habitantes do planeta, lutar por um crescimento sustentável que ajude tanto a justiça social quanto o meio ambiente, é lutar por uma coisa assim meio louca que é a ética. Hoje, muita gente já está consciente dessas pautas todas e não necessariamente encara isso como de esquerda. Estão se tornando pautas da humanidade, não de esquerda e direita. Mas estão se tornando, ainda não são. Por isso, ser de esquerda é lutar por essas pautas de interesse da humanidade, não por pautas pessoais, ou de interesses específicos de grupos, que são pautas de direita. (...)

IMPRENSA

Paulo Henrique Amorim, jornalista, colunista do UOL. Tem o blog Conversa Afiada no portal IG
Esquerda pra mim hoje, no Brasil, são as pessoas que diante da pergunta básica que se impõe à sociedade brasileira – o que é mais importante, reduzir os impostos ou distribuir renda?, e não vale responder os dois – acham que a prioridade é distribuir a renda. (...)

Tereza Cruvinel, colunista política do jornal O Globo e comentarista da Globonews
A propósito da lenda de que os rótulos ideológicos perderam o sentido e o significado no mundo de hoje, gosto de uma velha tirada da Simone de Beauvoir, que dizia, já naquele tempo: “Se lhe apresentarem um homem que se apressa a dizer que não vê diferença entre esquerda e direita, tenha certeza de estar falando com um homem de direita”. (...)

EMPRESARIADO

Paulo Skaf, presidente da FIESP e empresário do ramo têxtil
Houve um tempo em que as pessoas politizadas se dividiam entre a direita, o centro e a esquerda. Havia, inclusive, uma chamada “esquerda festiva”, como também uma “direita radical”. Era a época da Guerra Fria, do Muro de Berlim, do “comunismo vs. capitalismo”. Hoje, mesmo com a evolução do mundo, sobreviveram alguns conceitos daquele período que já fazem parte do passado. Infelizmente, em qualquer ideologia, ainda há radicais, defensores da violência, não democratas e inimigos do diálogo, da liberdade e da paz. Mas também ficaram alguns valores importantes, como a solidariedade, a fraternidade, a igualdade, que, muitas vezes até romanticamente defendidos pelos esquerdistas nos anos 60, 70 e 80, ainda ajudam a promover justiça social nos dias de hoje.

SINDICATOS

Artur Henrique da Silva Santos, presidente da CUT – Central Única dos Trabalhadores
Eu me considero de esquerda e, como socialista, não penso no modelo existente em outros momentos históricos, mas continuo sendo uma pessoa que pretende atuar na transformação do modelo econômico vigente no mundo. Não são só o crescimento e o desenvolvimento econômico que interessam, mas que tipo de crescimento econômico queremos para o Brasil e para o mundo. (...)

Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical e deputado federal pelo PDT
Depois do PT, não sei se há esquerda ou direita. Eu me considero uma pessoa que vive defendendo o direito do trabalhador, defendendo um crescimento amplo. Se uma pessoa é qualificada (de esquerda) por aí, eu acho que sou, devo ser. Mas acho que esse negócio de esquerda está muito fora de moda atualmente. (...)

JUDICIÁRIO

Luiz Fernandes de Souza, Procurador Regional da República
Esquerda hoje é o Chávez, o Evo, Fidel. Também alguns padres que atuam nas Farc, lá na Colômbia. Claro que, afora esses, o próprio governo do Brasil também está nesse campo, tal como os governos do Chile, do Uruguai e da Argentina. Ser de esquerda é o que o Alceu Amoroso Lima dizia: é caminhar para um socialismo com liberdade, com democracia, com distribuição ampla de bens. (...)

MOVIMENTOS SOCIAIS

André Fischer, criador do Mix Brasil, portal de informações GLBT, atua como dj e host do programa Rádio Mix Brasil no portal Mix Brasil
(...) Teoricamente, ser de esquerda significa priorizar as questões sociais sobre as questões econômico-financeiras. Dentro do movimento gay há uma corrente que ainda acredita que é impossível militar pela causa sem ser de esquerda. Até o começo desta década, a quase totalidade do movimento era composta por filiados de um espectro de partidos que ia do PSTU ao PT. Hoje, no entanto, essa linha tem espaço cada vez mais reduzido entre as lideranças. (...)

Gustavo Petta, presidente da UNE – União Nacional dos Estudantes – e aluno de jornalismo da PUC-Campinas
Ser de esquerda é você, diante da realidade que vivemos, diante das desigualdades, das injustiças, é você se inconformar e de alguma forma lutar contra isso. É lógico que eu acredito que só vamos superar essas realidades com transformações mais profundas e radicais, com a sociedade socialista. Agora, não necessariamente, para ser de esquerda, você precisa acreditar nessa transformação mais profunda. (...)

Sueli Carneiro, formada em Filosofia e fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra
É acreditar que outro mundo é possível, no qual se pode viver livre, democraticamente, com justiça e igualdade social, respeito aos direitos humanos, econômicos, sociais e culturais; portanto, é o desafio de construir um mundo isento de qualquer forma de opressão e discriminação, sobretudo de gênero, raça e etnia. Isso é tudo o que o modelo hegemônico globalizado não pode assegurar.(...)

Visite aqui o site da Conferência da Esquerda Democrática Caio Prado Júnior.

O assunto da semana

Onde está Paulinho, defensor-mor dos bingos?

Uma perguntinha inocente, diante dessa máfia do jogo que revela seus tentáculos nos três Poderes: onde está Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, que há três anos fazia tanto barulho contra a Medida Provisória (MP) que proibiu o funcionamento das casas de bingo e jogos eletrônicos em todo o Brasil?

Pelos cálculos da Força Sindical, os bingos geram 100 mil empregos diretos e outros 200 mil indiretos.

Paulinho sempre rebateu a tese do governo de que os bingos precisavam ser fechados para combater a corrupção e a lavagem de dinheiro.

"Nas casas de bingo tem gente boa, que trabalha. Tem bandido? Tem, como em qualquer lugar. Tinha um até no quarto andar do Planalto", ironizou, em 2004, numa referência ao ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz.

Hoje Paulinho é deputado federal pelo PDT, um dos 14 partidos cooptados pelo governo Lula, e seu grupo passou a controlar o Ministério do Trabalho. Estranho que não faça mais nenhuma manifestação contra o desemprego direto e indireto causado pelo fechamento dos bingos. Onde está Paulinho?

O 21 de abril na História

753 a.C. - Data tradicional da fundação de Roma por Rômulo.
1960 - Fundadação de Brasília.
1975 - O Presidente do Vietnã do Sul, Nguyen Van Thieu, renuncia.
1985 - Ayrton Senna, piloto brasileiro, vence a primeira de suas 41 vitórias na Fórmula 1. A vitória aconteceu em Estoril, Portugal.

Nasceram em 21 de abril...

1729 - A czarina Catarina II da Rússia
1864 - Max Weber, sociólogo
1851 - Sílvio Romero, crítico literário, poeta, filósofo, professor e político brasileiro e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras
1914 - Anthony Quinn, ator americano de origem mexicana
1920 - Anselmo Duarte, ator e diretor brasileiro
1926 - A Rainha Isabel II do Reino Unido
1930 - Hilda Hilst, poetisa, escritora e dramaturga brasileira
1930 - Mário Covas, político brasileiro

Morreram em 21 de abril...

323 a.C. - Alexandre, O Grande
1073 - Papa Alexandre II
1509 - Rei Henrique VII de Inglaterra
1699 - Jean Racine, dramaturgo
1792 - Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da inconfidência mineira
1910 - Mark Twain, escritor e humorista
1918 - Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho, é abatido em seu avião
1946 - John Maynard Keynes, economista britânico
1971 - François Duvalier, "Papa Doc", médico e ditador do Haiti
1985 - Tancredo Neves, Presidente do Brasil (relembre)
2003 - Nina Simone, cantora de Jazz
2006 - Telê Santana, treinador e ex-jogador de futebol

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Memória: "São Paulo, a capital do Lixo"

A greve desta semana no setor da limpeza urbana paulistana expôs um problema crônico das grandes cidades. O assunto vem ganhando mais visibilidade em decorrência do proporcional aumento da consciência ambiental do brasileiro. Mas não é de hoje que nos preocupamos com a destinação do lixo em São Paulo.

Vale relembrar uma ampla reportagem sobre o tema, publicada há mais de dez anos. O trabalho deste jornalista foi um dos vencedores do 1º Prêmio Abrelpe de Reportagem, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, com patrocínio da Ford do Brasil.

A matéria "São Paulo: a capital do lixo", publicada no jornal regional Folha de Vila Prudente, foi a única premiada por São Paulo (ao lado dos jornais “O Globo” e “Estado de Minas”), em 1996.

Infelizmente, pouca coisa mudou nestes dez anos. Leia aqui a reportagem completa.

Fritada de tucanos com Lula à dore

Quer dizer então que o tucano Tasso Jereissati (na foto ao lado) ficou batendo papo animadamente com o presidente Lula por uma hora e meia? E na saída ainda nos ensinou que o papel da oposição "não é xingar, não é gritar, não é ameaçar"?

Tasso Jereissati é aquele que, mesmo presidente do PSDB, com José Serra e Aécio Neves candidatíssimos, disse que seu presidenciável é Ciro Gomes (PSB)? Ah, tá bom. Só pra entender.

Diz-se que na reunião Lula e Tasso definiram a estratégia de votar na reforma política os pontos de consenso entre governo e oposição, como o fim da reeleição e a ampliação do mandato presidencial para cinco anos.

Discutiram também a prorrogação da CPMF e da DRU (Desvinculação de Receitas da União), além de projetos sobre a Sudam e a Sudene. Sobre CPI do Apagão Aéreo, segundo Tasso, Lula disse: "Eu respeito a posição da oposição de instalar a CPI".

"Demonstra um certo momento de maior maturidade na democracia do país quando a gente pode dialogar", disse Tasso, após a reunião. "Fazer oposição é estar contra nos momentos certos naquilo que a oposição não concorda".

Ainda segundo o senador cearense, a oposição tem amolecido com o governo: "Até que não está acirrada. O governo neste ano tem levado uma vida tranqüila".

Lula falou de sua relação com Mário Covas (morto em 2001), José Serra, Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mencionou sua "admiração" e "respeito" por FHC. Tasso disse que não conseguiu avisar FHC da visita porque ele estava viajando, mas minimizou uma reação negativa do ex-presidente à reunião: "Quando ele era presidente não convidava os outros para conversar?"

No sábado, FHC descartou o diálogo do PSDB com o governo: "Como é que vamos dialogar se o presidente todo dia me ataca à toa, sem mais nem menos? Então ele não quer diálogo nenhum, quer é tirar proveito".

LULA À DORE

Rendimento: 6 porções
Tempo de preparo: 1 hora e meia

Ingredientes:

- 1 kg de lula limpa
- 3 dentes de alho amassados
- Suco de 2 limões
- Sal e pimenta-do-reino
- Farinha de trigo
- 2 ovos batidos
- Óleo para fritar

MODO DE PREPARO

- Corte os tentáculos das lulas em rodelas e a cabeça em iscas
de mais ou menos 1 cm. Tempere com o alho, o suco de limão,
sal e pimenta-do-reino. Deixar tomar gosto por 1 hora. Escorra os
pedaços de lula, passe pela farinha de trigo e depois pelo ovo batido.
Frite em óleo bem quente até que fique rosado. Escorra sobre
papel absorvente e sirva, com fatias de limão.

"Para fazer à milanesa passe as rodelas de lula primeiro no ovo
batido e depois na farinha de rosca."


PS. Ops! O tucano da foto me pareceu meio estranho...

Leão Lobo que se cuide...

O prefeito César Maia (DEM, ex-PFL), sem coisa melhor para fazer pelo Rio de Janeiro, virou crítico de horário eleitoral gratuito na TV, em seu "ex-blog". Está hilário. Veja:

COISAS DE MARQUETEIROS!

1. Ontem à noite, no programa do PSB, o marqueteiro inventou de colocar os dois dirigentes máximos do partido - Ciro Gomes e Eduardo Campos - num mesmo plano contra um mesmo cenário, com o mesmo uniforme: mesmo terno escuro com a mesma gravata vermelha. Quem assistia desatento - como a maioria - pensava que eram dois locutores.

2. A maquiagem de ambos - especialmente do Ciro Gomes - os transformavam em fantasmas de cinema. Carregaram na mão. A iluminação diagonal - em vez de parecer a sofisticação que queriam - parecia mal feita, com sombras e ainda reforçava os defeitos na maquiagem.

3. E por falar nisso, os comerciais do PTB do senador e ex-presidente Collor mostravam uma plástica mal feita com uma maquiagem igualmente carregada que acentuava a plástica esticante.

4. Assim o eleitor não aguenta!

O 20 de abril na História

Nasceram em 20 de abril...

1808 - Napoleão III, imperador da França
1840 - Odilon Redon, pintor e artista gráfico francês
1884 - Augusto dos Anjos, poeta brasileiro
1889 - Adolf Hitler, führer alemão
1893 - Joan Miró, pintor espanhol
1949 - Jessica Lange, atriz americana

Morreram em 20 de abril...


1912 - Bram Stoker, escritor irlandês
1969 - Ataulfo Alves de Souza, compositor e cantor brasileiro
1993 - Cantinflas, comediante mexicano
1998 - Octavio Paz, escritor e diplomata mexicano

quinta-feira, 19 de abril de 2007

A esquerda francesa na berlinda

Assim como as marcas feitas nos cartazes da presidenciável francesa Ségolène Royal nas ruas de Paris, parece estar manchada a credibilidade da esquerda (e da política em geral) daquele país. Só lhes resta "acordar" a juventude.

Segundo analistas políticos, a esperança é que o fantasma da extrema-direita, a revolta dos subúrbios, os protestos contra um novo modelo de contrato juvenil e ainda candidatos renovados aproximem novamente os jovens franceses - que se abstiveram nas eleições de 2002 - do processo eleitoral.

Tudo para vencer o trauma de 21 de abril 2002, quando o candidato de extrema-direita Jean-Marie Le Pen desbancou o socialista Lionel Jospin e se credenciou para o segundo turno contra o presidente Jacques Chirac, eleito pela primeira vez em 1995.

A candidata do Partido Socialista conta com isso nesta reta final da campanha para chegar ao segundo turno e enfrentar Nicolas Sarkozy, o candidato da UMP (partido de centro-direita, governista).

As últimas pesquisas para a eleição de domingo indicam o ex-ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, liderando com 29% contra 25% da socialista Ségolène Royal. Mais atrás estão o centrista François Bayrou, com 15%, e o ultradireitista Jean-Marie Le Pen, 13%. Leia aqui tudo sobre a eleição francesa.

Memória: a introdução dos caça-níqueis no Brasil

Já que o assunto do momento é a máfia do jogo, tomo a liberdade de desarquivar uma reportagem de dez anos atrás.

Foi um legítimo "furo" jornalístico, matéria que revela fatos e informações exclusivas. Eu era repórter da Folha de S. Paulo no ano de 1997 e as primeiras máquinas de caça-níqueis começavam a surgir nos bares da cidade.

Uma rápida investigação sobre o assunto levou ao nome do empresário Ivo Noal (segundo a própria polícia, na época, controlador de 40% do jogo do bicho em todo o estado de São Paulo) e a ramificações da máfia siciliana no Brasil e na Argentina (leia também 1 e 2)

Bares de SP instalam caça-níqueis

Máquinas de jogo de azar, proibido no Brasil desde 1946, funcionam com moeda de R$ 0,25

Maurício Rudner Huertas
da Reportagem Local


Máquinas caça-níqueis - tradicional jogo de azar proibido no Brasil desde 1946 - começam a aparecer em bares, lanchonetes e casas de bingo de São Paulo.

Chamado de "Bingo Mania", o equipamento funciona com a introdução de uma moeda de R$ 0,25. O apostador puxa uma alavanca e, conforme a sequência de símbolos obtida no painel, poderia ganhar de volta o valor apostado ou premiações maiores, de valor indeterminado.

A introdução dos caça-níqueis no país é feita pela empresa Nevada Diversões, Comércio, Importação e Exportação Ltda., sediada na alameda dos Arapanés, 195, em Moema (zona sudoeste de SP).

A empresa está oficialmente registrada em nome do português Paulo Manuel Polido Garcia Zilhão e do italiano Franco Narducci, que representaria a empresa inglesa Jebra na sociedade.

Empresários locatários do equipamento apontam Ivo Noal, seu filho Cristian e o sobrinho Eduardo como intermediários entre a empresa Nevada Diversões e os locatários. Também Vitor Manuel da Silva Franco, sócio da empresa até julho deste ano, cuida da distribuição das máquinas nos pontos determinados por Noal.

Considerado o chefe dos chefes do jogo do bicho paulista, Noal é, segundo os empresários, quem negociaria e avalizaria os pontos para implantação das máquinas.

Funcionários de um bar na rua Roma, na Lapa (região noroeste de SP), dizem que o dono de um ponto "bonzinho" lucra R$ 500 por semana com os caça-níqueis. Esse valor representa uma comissão que varia de 25% a 40% sobre o faturamento de cada máquina. O restante é repassado à Nevada Diversões.

Cerca de 200 máquinas já estariam implantadas em São Paulo, segundo atendentes da empresa. Os interessados em instalar os caça-níqueis não têm qualquer despesa. Apenas recebem a participação no faturamento em troca da cessão do ponto.

Segundo a polícia paulista, Noal controla 40% do jogo do bicho no Estado. Condenado a 12 meses de prisão por jogo ilegal, Noal conseguiu a suspensão da pena, mas responde a processos por suspeita de envolvimento em três homicídios.

A Nevada Diversões, constituída em 24 de julho de 95, mudou de mãos quatro vezes no período. A última mudança ocorreu em setembro passado, com a entrada na sociedade da empresa Jebra, representada por Narducci.

Empresa evita se pronunciar

Os empresários Franco Narducci e Paulo Manuel Polido Garcia Zilhão, donos da empresa Nevada Diversões, foram procurados ontem pela Folha, mas não quiseram se pronunciar.

Segundo um homem que se identificou como Antunes e que seria funcionário da Nevada, eles não poderiam falar pela empresa.

"Ser proprietário não significa estar autorizado a falar", explicou. "Quem poderia falar seria o advogado, que está no exterior."

O empresário Ivo Noal, procurado na sede da holding Vancouver, controladora das empresas da família, também não atendeu a reportagem.

Segundo uma atendente identificada como Cláudia, "ele viaja muito e não pode ser localizado". Sobre Luigi Romano, que gerencia os negócios de Noal, ela informou que ele estaria muito ocupado durante todo o dia e não poderia atender.

Também não atenderam as ligações Cristian Noal e Vitor Manuel da Silva Franco. Segundo a atendente Ana Paula, da Nevada, eles seriam responsáveis pela comercialização das máquinas.

Decreto de Dutra proibiu jogo

Os chamados jogos de azar são proibidos no país desde a publicação do decreto 9.125, de 1946, pelo então presidente Eurico Dutra.

Cabe à Polícia Civil a repreensão aos jogos ilegais e a apreensão dos equipamentos.
O delegado da Seccional Oeste, Camilo Lellis de Salles Neto, responsável pela região que é considerada pela própria polícia como reduto de Noal, afirmou à Folha desconhecer os caça-níqueis.

"Estou determinando providências imediatas às delegacias da minha área", disse. "Além de ilegais, essas máquinas atraem crianças e adolescentes para o jogo."

O promotor do Ministério Público Gabriel Cesar Zacarias de Inellas, autor de várias denúncias contra Ivo Noal e os bicheiros paulistas, considera o caso dos caça-níqueis mais uma contravenção a ser investigada.

"Mesmo que seja condenado pela introdução dos caça-níqueis, caberá a Ivo Noal uma pena mínima, talvez 15 dias de prisão, que pode ser convertida em multa", disse Inellas.

Máquina pode ser adulterada

O professor de estatística Flávio Vágner Rodrigues, que na década de 80 participou da investigação das máquinas de videopôquer, considera possível a manipulação de resultados nos caça-níqueis.

"Ficou provado naquela época que os prêmios maiores do pôquer nem sequer estavam programados", afirma. "Os donos das máquinas tinham simplesmente excluído essa probabilidade."

Segundo Rodrigues, apenas uma investigação minuciosa no programa utilizado pelas máquinas caça-níqueis pode esclarecer se existe qualquer irregularidade.

"É bem possível que nessas máquinas também haja um vício em favor da casa", diz.

Segundo uma atendente da Nevada Diversões, identificada como Ana Paula, a máquina seria programada para dar uma "quantidade certa" de prêmios.

Há ainda uma coincidência que desafia as probabilidades. Nevada (Estado norte-americano) e Vancouver (cidade canadense), nomes das empresas envolvidas, são localidades onde o jogo é legalizado.

(reportagem publicada na Folha de S. Paulo de 09/10/1997)

Mangabeira Unger ser agora aliada de presidenta

Soubemos pelos jornais de hoje que Mangabeira Unger, professor de Direito da Universidade de Harvard e palpiteiro-mor da política com status de guru brazilianista, assumirá uma tal Secretaria de Ações Especiais de Longo Prazo, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Burocraticamente a pasta deve reunir o Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) - que já foi comandado pelo ex-ministro Luiz Gushiken - e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atualmente no organograma do Planejamento.

Na prática, Lula cala mais um dos seus críticos, que outrora afirmava que "o governo Lula é o mais corrupto de nossa história", e o põe para pensar "a longo prazo", ou seja, ações de 2014 a 2022 (quando Lula sonha encerrar seu quarto mandato, eleito e reeleito após um intervalo de quatro anos entre 2010 e 2014).

Nesse mirabolante exercício de futurologia, Lula acertou em cheio. Nada melhor que Mangabeira Unger, o brasileiro com sotaque de Henry Sobel (leia aqui o artigo "O sotaque de Mangabeira Unger", escrito em 2002, ainda durante a campanha de Ciro Gomes).

A aproximação de Lula começou durante a campanha presidencial do ano passado. Mangabeira Unger é vice-presidente do PRB, braço político da Igreja Universal do Reino de Deus, partido ao qual o vice de Lula, José Alencar, é filiado.

Antes disso, Mangabeira escreveu na Folha de S. Paulo (onde tem espaço semanal cativo, na nobre página de articulistas), em 2005: "Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos". Estava certo.

Genoíno e Delúbio: os companheiros réus

Os petistas José Genoíno, deputado federal e ex-presidente do partido, Delúbio Soares , ex-tesoureiro, e o empresário Marcos Valério, acusado de operar o esquema, viraram, enfim, réus no STF. Eles respondem a processo por envolvimento no escândalo do mensalão.

O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu nesta quarta-feira a primeira ação penal relacionada ao esquema revelado em junho de 2005, após denúncia do deputado cassado Roberto Jefferson, atual presidente do PTB. Segundo ele, parlamentares receberiam dinheiro para votar projetos favoráveis ao governo Lula.

O deputado José Genoíno , ex-presidente nacional do PT, nega envolvimento com o esquema do mensalão e diz que os empréstimos tomados pelo partido no Banco Rural são legais.

“Estão registrados na prestação de contas do PT e no TSE”, afirma. Segundo ele, o dinheiro foi usado para despesas do partido, como conferências e viagens, em fevereiro e março de 2003.

O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, afirma que o episódio "é antigo". "Os fatos narrados nesse procedimento já constam da denúncia do procurador geral no inquérito 2245, que é chamado de inquérito do mensalão. A única novidade, em relação à denúncia anterior, foi a inclusão de diretores do BMG", declarou.

Boa defesa essa: a denúncia não é mentirosa. Não é leviana. É só antiga.

O processo é baseado no inquérito 2461, cujo conteúdo está sob segredo de Justiça e que está sendo reautuado como ação penal, de acordo com o STF. A investigação teve início na Justiça de Minas Gerais, que aceitou a denúncia e determinou a abertura da ação penal. Outros oito diretores do banco BMG e da agência SMPB, de Valério, também são réus. Instaurado na primeira instância, o processo foi remetido ao STF porque Genoíno foi eleito deputado federal no ano passado, ganhou assim foro privilegiado.

De acordo com imprensa do STF, o ministro Joaquim Barbosa analisará até o fim deste semestre o principal inquérito do mensalão, o de número 2245, que decidirá se 40 denunciados pelo Ministério Público Federal deverão responder a uma ação penal. Um outro inquérito sobre o caso mensalão está em andamento no STF, o de número 2280.

Como está na moda entre as "autoridades", de políticos a promotores e juízes, estão aí os números para uma fezinha no bicho.

O 19 de abril na História

1506 - Massacre de judeus em Lisboa, morrem cerca de 3000 pessoas
1648 - Primeiro confronto da Batalha dos Guararapes em Pernambuco, que afastaria a presença holandesa no Brasil
1770 - O capitão James Cook avista a Austrália pela primeira vez
1909 - Joana d´Arc é canonizada
1934 - O Monstro do Lago Ness é fotografado, naquilo a que viria ser descoberto como um embuste em 1994
1958 - Criação da Arquidiocese de Aparecida pelo Papa Pio XII
1973 - Fundado o Partido Socialista em Portugal
1987 - Primeira transmissão da série televisiva Os Simpsons
1993 - Primeira transmissão da série televisiva TV Colosso
1993 - FBI invade rancho de fanáticos religiosos no Monte Carmel, provocando um incêndio que matou todos os adeptos, inclusive crianças, com a autorização de Bill Clinton (EUA)
1995 - Estados Unidos: Atentado de Oklahoma City, Timothy McVeigh coloca explosivos no edifício federal Alfred P. Murray, que resulta em 168 mortos
1999 - O Reichstag (Parlamento alemão) retorna a Berlim
2005 - Após quatro votações, o conclave elege o Papa Bento XVI

Nasceram em 19 de abril...

1882 - Getúlio Vargas, político brasileiro
1886 - Manuel Bandeira, poeta brasileiro
1923 - Lygia Fagundes Telles, escritora brasileira.
1930 - Armando Bógus, ator brasileiro
1941 - Roberto Carlos, cantor brasileiro
1981 - Hayden Christensen, ator canadense que interpretou Anakin Skywalker em dois filmes da série Star Wars
1987 - Maria Sharapova, tenista russa

Morreram em 19 de abril...

1824 - Lord Byron, poeta
1882 - Charles Darwin, biólogo inglês
1967 - Konrad Adenauer, político alemão
1996 - Walter D'Ávila, ator brasileiro