domingo, 22 de abril de 2007

Band exibe documentário sobre Adhemar

A TV Bandeirantes fechou a noite de domingo com a exibição de um documentário sobre Adhemar de Barros, morto há 38 anos, ex-sócio da rádio que daria origem à própria rede, presidida hoje por João Carlos (Johnny) Saad, seu neto.

Natural de Piracicaba, Adhemar foi médico, empresário e influente político entre as décadas de 1930 e 1960. Foi prefeito da cidade de São Paulo, interventor federal e duas vezes governador de São Paulo. Concorreu à Presidência da República em 1955 e em 1960, chegando em terceiro lugar nas duas ocasiões.

Em 1932, Adhemar se engajou nas fileiras da Revolução Constitucionalista. Em 1934, elegeu-se deputado estadual constituinte pelo Partido Republicano Paulista, fazendo forte oposição ao governador Armando de Sales Oliveira.

Durante o Estado Novo, Adhemar foi nomeado pelo então presidente Getúlio Vargas interventor federal no estado de São Paulo, entre 1938 e 1941. Nesse período, iniciou as obras do Aeroporto de Congonhas, a retificação do Rio Tietê, a eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana, a construção do Hospital das Clínicas da USP, além da construção do Estádio do Pacaembu, em parceria com o então prefeito de São Paulo Prestes Maia, para ser utilizado na Copa do Mundo de 1942, que acabou não acontecendo devido à segunda guerra mundial.

Acusado de corrupção e demitido por Vargas, foi posteriormente absolvido. No mesmo ano, a Constituição de 1946 e o fim do Estado Novo permitiram a criação de novos partidos políticos, quando Adhemar então fundou o Partido Social Progressista (PSP), que foi o maior partido político de São Paulo do período de 1946 a 1964.

Foi governador eleito de São Paulo de 1947 até 1951. Teve o apoio declarado do PCB (na foto, Adhemar com Luis Carlos Prestes). Neste período concluiu algumas importantes obras, como as rodocias Anhangüera e Anchieta.

O lema de Adhemar era "São Paulo não pode parar", que décadas mais tarde seria copiado por Paulo Maluf. Outro slogan herdado de Adhemar por Maluf foi o "rouba mas faz".

Em 1950, seu apoio como governador foi decisivo para a eleição direta de Getúlio Vargas à Presidência da República.

Em 1954, foi derrotado ao governo do estado por Jânio Quadros, seu principal adversário durante décadas (São Paulo se dividia entre janistas e adhemaristas).

Em 1955, candidatou-se à Presidência da República pelo PSP, mas foi derrotado por Juscelino Kubitschek.

Em 1957 foi eleito prefeito de São Paulo. Em 1960 se licenciou para concorrer novamente à Presidência da República, onde foi outra vez derrotado por Jânio Quadros.

Em 1961, foi um dos poucos políticos a apoiar o movimento pela posse de João Goulart após a renúncia de Jânio. Em 1962, elegeu-se novamente governador, sucedendo Carvalho Pinto. Neste segundo mandato, focou a construção de usinas hidrelétricas, sanatórios e hospitais.

Embora tendo apoiado a posse de João Goulart, Adhemar participou ativamente da conspiração que resultou no golpe de 1964, liderando, ao lado da esposa, Dona Leonor, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo, em 19 de março de 1964.

Mesmo tendo apoiado os militares, dois anos depois foi cassado pelo presidente Castelo Branco e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos, mais uma vez sob acusação de corrupção. Exilou-se em Paris, onde morreu em 1969.