quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Boçalnaro, o atraso e a ignorância climática

O presidente Jair Bolsonaro gosta de se inspirar no padrão norte-americano de Donald Trump. Lá e cá, são dois personagens truculentos e folclóricos que se tornaram presidentes improváveis. Ambos são daqueles boçais que gostam de desqualificar a ciência e dizer que "essa coisa aí de mudança climática é uma besteira, tá ok?" (se falar essa frase com a língua presa ganha 10 pontos).

Tem quem goste do estilo. Mas é evidente que estamos andando para trás. Lamentável! As declarações de Bolsonaro sobre os motivos que o levaram a cancelar a COP-25, a Conferência do Clima das Nações Unidas, que seria realizada no Brasil em 2019, são ridículas e preocupantes.

Dizer que é economia de recursos, vá lá, mas argumentar com essa pataquada de "triplo A" mostra bem o nível intelectual descerebrado desse governo que tem como guru o astrólogo e pseudo-filósofo Olavo de Carvalho e como chanceler Ernesto Araújo, um blogueiro hidrófobo que acha que o aquecimento global é invencionice da esquerda.

O tal do "triplo A" entra para o rol de ameaças como a URSAL, a conspiração illuminati e a invasão de marcianos: segundo Bolsonaro, realizar a COP-25 no Brasil colocaria em risco a soberania nacional por conta dessa faixa territorial imaginária que envolve os Andes, a Amazônia e o Atlântico, da qual "forças ocultas" internacionais querem se apoderar. Começamos bem. Socorro!

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Os 50 anos do filme O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, no #ProgramaDiferente



O #ProgramaDiferente desta semana homenageia os 50 anos do lançamento do filme "O Bandido da Luz Vermelha", ocorrido em 2 de dezembro de 1968, e que praticamente profetizou o Ato Institucional nº 5, considerado o mais duro golpe na democracia ao dar poderes quase absolutos ao regime militar.

O AI-5 só foi anunciado em 13 de dezembro de 1968, dias depois do filme entrar em cartaz, mas curiosamente foi antecipado na locução de uma cena emblemática na filmagem de Rogério Sganzerla, que relembramos neste especial. Da realidade à ficção: Qualquer semelhança não é simples coincidência. Assista.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Haddad é só um papagaio de Gleisi e Lula, coitado!

Quem achou que podia sair algo de útil ou de aproveitável da boca ou da cabeça de Fernando Haddad após a estrondosa derrota do PT para Jair Bolsonaro, pode tirar a estrelinha da chuva.

Já quem, como nós, segue os ensinamentos do Barão de Itararé, sempre soube que "de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo".

Incrível como Haddad é tão boçal quanto Bolsonaro, só na mão inversa. Ele é incapaz de abandonar o discurso da cartilha lulista e de fazer a tão necessária autocrítica sobre os motivos que levaram o Brasil a optar pelo candidato que melhor encarnou o antipetismo na campanha presidencial, após quatro eleições consecutivas de presidentes petistas. Haddad é uma fraude que nem Freud explica.

Em entrevista à Folha, em vez de aproveitar a oportunidade para inaugurar um novo discurso, repetiu a retórica eleitoreira fracassada, quase num terceiro turno imaginário do PT contra Bolsonaro. Atribuiu a derrota petista à "elite econômica" brasileira, que teria perdido "o verniz" e demonstrado a sua verdadeira face. Foi ridicularizado hoje em editorial da própria Folha: "Haja elite".

Coitadinho, Haddad até se esforça para parecer bom moço, mas tem um pensamento limitado, que simplesmente repete as palavras de ordem de Lula e Gleisi, a presid´anta do PT nessa fase da estrela (de)cadente. Triste fim.

domingo, 25 de novembro de 2018

Um novo nome para um novo ser e um fazer diferente

Tchau, velha política. Ninguém aguenta mais esses partidos decadentes, obsoletos, fechados em si mesmos, com falsos líderes que não representam nada além dos seus próprios interesses.

Não chega a ser novidade que a sociedade clama por mudança. Das manifestações espontâneas de 2013 ao resultado das urnas em 2018, não foram poucos os recados da população descontente com o atual sistema e descrente nos representantes da mesmice. Agora basta!

O Brasil exige renovação de nomes, métodos, práticas e conceitos. Busca entre um extremo e outro a saída, errando e aprendendo. O que nós precisamos, deste lado do balcão, é oferecer uma alternativa democrática, sensata, honesta, viável e coerente. Estamos empenhados, portanto, para que tenha sucesso essa nova formatação política que pode ser originada do diálogo do PPS com a Rede Sustentabilidade e os movimentos cívicos surgidos da desilusão com os partidos tradicionais.

A democracia brasileira vive o fim de um ciclo iniciado com a chamada "Nova República", em 1985. Naquela onda das Diretas Já e da esperança com a vitória de Tancredo no colégio eleitoral, a ditadura militar tinha virado entulho histórico. Veio o primeiro baque com o governo Sarney, que forjou Collor, que acarretou Itamar, que projetou FHC, que gerou Lula, que inventou Dilma, que alçou Temer e que culminou em Bolsonaro, sepultando de vez esse período festivo da democracia.

O fracasso e os malfeitos do PT frustraram a esperança da maioria do povo que o elegeu quatro vezes consecutivas, traíram a história de uma geração e enxovalharam todo um campo político democrático que havia derrotado com honra e mérito a ditadura no Brasil. Tanto fizeram que provocaram não apenas ojeriza, ódio e antipatia à esquerda democrática, mas reanimaram os sentimentos mais abjetos daquela direita truculenta execrável que parecia morta, mas que somente hibernava nas últimas três décadas.

A tarefa que se coloca agora aos integrantes deste campo democrático é defender as conquistas do estado de direito, com seus princípios republicanos e as garantias fundamentais da cidadania. O Brasil pode e deve mudar seus representantes a cada eleição, isso é salutar. O que não podemos é andar para trás. Seguiremos firmes no combate ao populismo, à polarização burra e simplória, aos extremismos de direita ou de esquerda e à forma fisiológica, corrupta e patrimonialista de se fazer política.

Temos como pauta mínima a defesa das instituições democráticas, dos direitos e liberdades individuais e coletivas, tais como a liberdade de opinião, de expressão e pensamento, a proteção constitucional às minorias, o direito de ir e vir, a livre organização e associação, e a liberdade de imprensa, bem como a urgência das reformas do Estado brasileiro e a efetividade do desenvolvimento sustentável, com ações objetivas em favor da qualidade de vida, seja no âmbito econômico, ambiental ou da justiça social.

O nosso maior desafio é consolidar essa nova formatação política diante da crise do atual sistema eleitoral-partidário e do esgotamento (aqui e no mundo) deste modelo da democracia representativa em vigor, que já não atende a demanda da população diante dos avanços tecnológicos e dos anseios por uma participação mais direta e objetiva nas decisões que afetam o nosso dia-a-dia e projetam o futuro da sociedade.

Que esse novo movimento de cidadania possa erigir livre das armadilhas burocráticas e das amarras hierárquicas dos velhos partidos, permitindo que se faça uma política verdadeiramente nova e diferente das práticas usuais tão deploráveis, que seja mais acessível, palatável e inteligível para as novas gerações.

Que mantenha sua lisura e independência, que defenda e exercite a plena liberdade de expressão e a pluralidade ideológica, contribuindo para o aperfeiçoamento constante da democracia, com princípios e valores republicanos compartilhados para a construção de uma sociedade mais justa, civilizada, solidária, democrática e sustentável.

Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Para gostar de ler no #ProgramaDiferente



O #ProgramaDiferente desta semana fala do gosto pela leitura. Quem o brasileiro lê hoje? Quem são os nossos escritores mais conhecidos e mais influentes? Lemos muito? Lemos pouco? Qual a importância dos livros, da literatura e dos grandes autores na educação e na formação cultural dos nossos jovens? Em plena época digital, será que os livros são um hábito fora de moda? Num ano em que livrarias tradicionais fecharam as portas, os nossos olhos podem ir além do twitter, do whatsapp e do facebook. Assista.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Dias agitados na Câmara Municipal de São Paulo

Nesta quinta-feira (22), o presidente da Casa, vereador Milton Leite (DEM), deve instalar a Comissão de Estudos da Previdência, com o compromisso declarado de pelo menos 30 dias de funcionamento antes da votação do projeto da Sampaprev, a previdência complementar do funcionalismo público municipal, e do aumento de percentual da contribuição dos servidores.

Com isso, o projeto teria condição de ser pautado na Câmara nas últimas sessões do ano, antecedendo o Natal e em meio à votação do Orçamento de 2019. Ou seja, pode ser um presente de grego para os funcionários públicos da Prefeitura de São Paulo, que já prometem greves e manifestações contrárias.

Existe a possibilidade de adiamento do projeto da Previdência para o próximo ano, mas tudo dependerá da pressão popular, da vontade política do próximo presidente da Câmara, que será eleito no dia 15 de dezembro, e do ânimo da base de sustentação do prefeito Bruno Covas (PSDB).

O plano governista é eleger o vereador Eduardo Tuma (PSDB) para a presidência da Câmara. Na segunda-feira, ele será substituído na Secretaria da Casa Civil da Prefeitura, cargo que ocupa há sete meses, pelo vereador João Jorge, atual líder de governo e presidente municipal do PSDB.

O calendário de fim-de-ano da Câmara está apertado. A intenção dos vereadores é aprovar um pacotão de honrarias e denominações nesta quinta (duas por vereador), simbolicamente, e votar outra lista extensa de Projetos de Lei mais polêmicos na terça-feira, incluindo o ruidoso "Escola Sem Partido". Na próxima semana também serão anunciados os projetos que o Executivo pretende ver aprovados ainda em novembro. A conferir.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Câmara pode aprovar CPI dos Viadutos; no início do ano, vereador do PPS propôs investigar o tema

Passado o feriadão, a Câmara Municipal de São Paulo retoma as sessões nesta quarta-feira (21) sob o impacto do caos no trânsito causado pelo viaduto que cedeu em plena Marginal Pinheiros e obrigou a interdição total dessa via expressa, por prazo indefinido.

Como sempre, os vereadores reagem à repercussão pública dos acontecimentos na cidade, muitas vezes com preocupante atraso, e articulam agora a aprovação de uma CPI dos Viadutos.

Em 2018, de uma verba de R$ 44 milhões destinada no Orçamento para a manutenção de pontes e viadutos, a Prefeitura executou apenas R$ 2,3 milhões. Mas o descaso com a manutenção não é exclusividade da atual gestão. Até houve uma tentativa de fazer um contrato de manutenção neste ano, mas o Tribunal de Contas do Município barrou a licitação ao apontar irregularidades no edital.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) está se reunindo hoje com os conselheiros do TCM para tratar da assinatura de contratos de emergência, que por lei dispensam o uso de licitações públicas, para a avaliação técnica em outras estruturas viárias na cidade. Há uma lista prioritária com 33 pontes e viadutos que precisam ser inspecionados.

CPI preventiva

Em fevereiro deste ano, o vereador Claudio Fonseca, líder da bancada do PPS, protocolou o pedido de abertura da CPI dos Viadutos, para apurar as condições físicas dessas edificações na cidade e os riscos à população.

Foi publicado no Diário Oficial, em 21 de fevereiro, o requerimento da CPI para "apurar as reais condições que se encontram os viadutos da cidade de São Paulo, bem como os riscos oferecidos pela sua má conservação e ausência de manutenção". Se aprovada, teria duração de pelo menos 120 dias e seria composta por sete vereadores. Nem foi a votos.

O requerimento do vereador do PPS registrava os "dados alarmantes já noticiados pela imprensa, onde um levantamento feito pelo Sindicato de Empresas de Arquitetura e Engenharia aponta que 73 pontes e viadutos de São Paulo têm problemas estruturais como concreto se desfazendo, buracos e ferrugem".

O requerimento prosseguia: "Considerando que as estruturas mais problemáticas estão em locais centrais com grande fluxo de pedestres e veículos, o objeto da presente CPI é levantar todos os riscos existentes nos viadutos da capital paulistana."

Naquela época, a Câmara não escolheu o tema entre as suas prioridades. A legislação municipal determina que um mínimo de três e um máximo de cinco Comissões Parlamentares de Inquérito funcionem continuamente no Legislativo paulistano.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Semana da Consciência Negra no #ProgramaDiferente



Na abertura da Semana da Consciência Negra, o #ProgramaDiferente relembra o especial que homenageia a escritora mineira Conceição Evaristo. Aos 71 anos, ela é um dos nomes mais relevantes da literatura brasileira contemporânea. Oriunda da favela e militante do movimento negro, ela compõe sua obra com base no que chama de “escrevivência”, ou a escrita que nasce do cotidiano e das experiências vividas. Em seus romances, contos e poemas, a autora explora sobretudo o universo – a realidade, a complexidade, a humanidade – da mulher negra. Assista.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

As vozes da periferia no #ProgramaDiferente



O #ProgramaDiferente desta semana é sobre as vozes da periferia. Existe vida inteligente e criativa fora dos grandes centros e dos bairros nobres. Transpira diversidade na cidade. Iniciativas do povo pobre, preto, oprimido, de jovens empreendedores e mulheres empoderadas que se expressam nas ruas e nas redes, na arte e na profissão, transformando a realidade do Brasil a partir da sua própria comunidade. Assista.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Fim de ano na Câmara: Tudo ao mesmo tempo agora!

A semana curta, interrompida pelo feriadão na quinta-feira, e o calendário espremido até o final do ano, restando pouco mais de um mês até o Natal, contrastam com a quantidade de assuntos que estão sendo tratados ao mesmo tempo na Câmara Municipal de São Paulo: da reforma da Previdência às mudanças na lei de zoneamento e no código de obras, passando pela nova licitação do sistema de ônibus e pelo Orçamento de 2019.

Neste sábado, foi publicada no Diário Oficial da Cidade a formação de uma comissão de estudos sobre a reforma da Previdência municipal, compromisso assumido desde março deste ano pelos líderes das bancadas e pelo presidente da Câmara, vereador Milton Leite (DEM), e colocado em prática só agora, passados oito meses, quando já se especula que o prefeito Bruno Covas (PSDB) pretende aprovar a reforma a toque de caixa, nas últimas sessões do mês de dezembro. Ou seja, o esforço pode ser inócuo e a comissão, inútil.

O vereador Claudio Fonseca (PPS), que é também presidente do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo), promete guerra contra o governo e nova paralisação dos professores para impedir a aprovação do Projeto de Lei 621/16, que institui a Sampaprev. A proposta volta à pauta de tempos em tempos, mas vem sendo adiada exatamente por conta da mobilização contrária do funcionalismo municipal.

Privatização do Anhembi

Outro tema que tem dominado as discussões dentro e fora do plenário é a privatização do Complexo do Anhembi, que teve uma avaliação estimada pela Prefeitura em R$ 700 milhões, considerada pelos vereadores muito abaixo (cerca de um terço) do valor real de mercado. Situação e oposição se unem nas críticas ao Executivo, tanto pelo valor considerado ridículo de baixo quanto à forma de pagamento prevista: 5% de entrada e o restante parcelado em 15 anos.

Antenas de celulares

A vereadora Soninha Francine (PPS) cobra outro compromisso assumido pelo presidente da Câmara: revisar e atualizar a legislação com as regras de instalação das antenas de celulares na cidade, que além de obsoleta não é respeitada, trazendo prejuízos tanto na arrecadação orçamentária quanto na vida cotidiana dos paulistanos, que carecem de uma melhor cobertura do sinal de telefonia celular.

Audiência Pública na Vila Prudente

Outro assunto de interesse da população será tratado em audiência pública convocada pelo vereador Claudio Fonseca nesta segunda-feira, 12 de novembro, às 19h, no Círculo de Trabalhadores Cristãos da Vila Prudente (Rua José Zappi, 120): o Clube Escola Vila Alpina (o antigo e tradicional Centro Educacional e Esportivo Arthur Friedenreich) está parcialmente interditado desde a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) para a construção de um CEU (Centro Educacional Unificado).

Além do transtorno e da inutilização dos espaços de lazer para a execução (atrasada e paralisada) de uma obra totalmente mal planejada e indesejada pelos moradores da região, inclusive com a remoção de áreas verdes importantes e de equipamentos poliesportivos, a última ameaça esdrúxula da Prefeitura foi aterrar o parque aquático do local. Olho neles!

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O Brasil do "ame-o ou deixe-o" de Silvio Santos

E a mais nova patriotada do empresário e apresentador Silvio Santos ganha manchetes, rodas de conversa, posts, tuítes, mensagens e opiniões das mais desbaratadas nos grupos do whatsapp.

O mais famoso, longevo e bem sucedido camelô eletrônico de que se tem notícia no mundo, predecessor mítico dos atuais influenciadores digitais, desenterrou o "ame-o ou deixe-o" da ditadura para enaltecer o Brasil de Bolsonaro.

As peças institucionais produzidas e exibidas pelo SBT exaltam o ufanismo mais primitivo e nostálgico ao ressuscitar o "Eu te amo meu Brasil" com slogans dos anos 70 e a própria canção-título que enaltece que o coração do brasileiro é "verde, amarelo, branco, azul anil". Não poderia existir nada mais demodê (como este próprio termo), com tanto cheiro de mofo e naftalina.

Mas... espera lá! Silvio Santos pode ter mil defeitos, mas burro ele não é! Quem mais que o "patrão", às vésperas de seus bem vividos 88 anos, para compreender o que agrada a claque popular? O marketing nacionalista de Silvio Santos não ressurge à toa. Fora de moda e de sintonia estamos nós, órfãos da esquerda que foi sequestrada, chacinada e enxovalhada pelo PT. Mais perdidos que cachorro que caiu do caminhão da mudança (pior até que na época da queda do muro).

Porque o Brasil de verdade "endireitou" a olhos vistos, no sentido mais ignóbil que poderia ocorrer: pelo fracasso da geração que vociferou contra os 21 anos de domínio militar e viu tudo se perder diante da esbórnia petista. Bateu um vento daqueles que fazem a gente perder a página que estava lendo no livro (outro velho hábito que parece ter perecido com os avanços tecnológicos) e recuamos na história aos primórdios das lutas democráticas no Brasil.

Vamos ter que nos reorganizar e reconstruir todo um campo no espectro político mais progressista e social-democrata, porque hoje o cenário está denominado pelo conservadorismo (no comportamento e na retórica) e pelo liberalismo econômico que tem aversão ao Estado de bem-estar social. O anti-esquerdismo atinge um patamar inimaginável para quem achava que a direita mais rude e xucra tinha sido extinta na época das Diretas Já.

Sobem no conceito da maioria dos brasileiros os políticos que valorizam o nacionalismo; que flertam com um controle absoluto dos direitos dos cidadãos, seja no contexto político, cultural ou social; que tem obsessão com a segurança nacional; que subestimam os direitos humanos; que demonstram desprezo por intelectuais e artistas; que tentam impor controle e censura sobre a mídia e a imprensa; que usam a religião como forma de manipulação; e que legitimam a utilização da força e da violência para atingir seus objetivos.

Não por acaso, todas as características acima descrevem o ambiente do surgimento do fascismo na Europa do século XX, liderada por políticos nacionalistas e autoritários, com ideias fortemente contrárias ao marxismo, o que logo classificou o fascismo como um regime de extrema-direita marcado por um governo ditatorial e militarizado.

Em tom farsesco, a história se repete. Essa "nova" direita abrange conservadores de diferentes matizes, democratas-cristãos, capitalistas liberais, nacionalistas, militaristas, indignados e revoltados em geral com o atual sistema. Basicamente todos que derrotaram juntos, nestas eleições de 2018, a velha esquerda monopolizada pelo PT e coadjuvada por PSOL, PCdoB, setores do PDT e do PSB, além de siglas nanicas, movimentos e organizações sociais cooptadas, sindicatos mafiosos e o corporativismo estatal tradicional.

Alheios a essa guerra odiosa, preconceituosa e intolerante, espremidos num centro cada vez mais diminuto entre os ruidosos campos da nova direita (crescente) e da velha esquerda (decadente), quase num gueto ideológico, seguimos os esquerdistas democráticos, social-democratas, progressistas, socialistas, sustentabilistas, movimentos cívicos moderados e hackers da nova política.

Por mais que pareça fora da agenda atual, alguém precisa manter na pauta política a preocupação permanente com a manutenção das conquistas da cidadania, com a justiça social, a qualidade de vida e o meio ambiente, o enfrentamento das desigualdades, o respeito às minorias e a garantia estrita do estado de direito, dos conceitos democráticos e dos preceitos republicanos.

Cabe ainda a vigilância diária sobre os atos do(s) novo(s) governo(s), bem como uma postura crítica perante a reação automática das oposições, para que possamos nos diferenciar positivamente desses dois blocos, tanto da base de sustentação fisiológica quanto da oposição sistemática e impeditiva das reformas que se mostram urgentes e necessárias. Esse é o papel que nos cabe.

Lembrando sempre que iniciaremos um novo ciclo político em pleno 2019, bem distante dos idos de 60 ou 70, tão importantes para o aprendizado democrático, inegavelmente, mas cristalizados no Brasil do passado. Devemos avançar, bicho. Ser "pra frentex", manja? O Brasil mudou à beça. Hoje tem gente pra chuchu querendo construir um país melhor, mais supimpa. Esse espírito de mudança é o maior barato, mas vai dar um trampo danado. Por isso o brasileiro fica grilado.

Agora, falando sério. Tão ultrapassado como usar essas gírias dos anos 70, embolorando o parágrafo acima, ou repetir palavras de ordem da ditadura (a favor ou contra), é seguir nessa disputa obsoleta e insana entre direita e esquerda como se estivéssemos congelados no tempo. Vivemos outra década. Outro século. Outro milênio. Precisamos reconfigurar o sistema.

Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, diretor executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Os 30 anos da eleição de Luiza Erundina para a Prefeitura de São Paulo no #ProgramaDiferente



O #ProgramaDiferente desta semana registra os 30 anos da eleição de Luiza Erundina prefeita de São Paulo. Em 15 de novembro de 1988, contra todas as análises, previsões e expectativas, o povo paulistano elegeu pela primeira vez uma mulher, nordestina e de um partido de esquerda.

Como prefeita, além de vencer esses tabus e preconceitos, Erundina pautou temas que continuam atualíssimos, como reforma tributária, imposto progressivo, acesso integral à saúde, educação e cultura, o atendimento à população de rua e, obviamente, o empoderamento da mulher.

Por outro lado, ficaram evidentes, já naquela época, os problemas e as contradições do PT, que Erundina trocaria primeiro pelo PSB e depois pelo PSOL, por onde vai exercer seu 6º mandato consecutivo como deputada federal, aos 84 anos, como a mais velha parlamentar em atividade.

Por tudo isso, esse programa é um especial sobre os 30 anos da gestão de Luiza Erundina. Uma viagem no tempo, com os desdobramentos políticos, econômicos e sociais que conhecemos hoje. Assista.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Procura-se o sucessor de Jair Bolsonaro (mas, já???)

O Brasil - e a política tradicional, principalmente - é mesmo um caso a ser estudado. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) nem tomou posse e já se discute quem será o seu sucessor, em 2022.

Isso porque, na campanha de 2018, Bolsonaro afirmou ser contra a reeleição, então já aparecem com altíssima cotação na bolsa de apostas dos especuladores eleitorais os nomes do futuro ministro da Justiça, juiz Sérgio Moro, e do recém-eleito governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

A imprensa cobrou de Moro a afirmação de que "jamais entraria na política". Ele reafirmou, ontem, que "jamais será candidato", mas que entra para o Ministério como um "técnico".  É o tipo de declaração que o perseguirá para sempre. O tucano João Doria que o diga. Foi carimbado de "mentiroso" e "sem palavra" por ter largado a Prefeitura de São Paulo com apenas um ano e três meses de mandato, contrariando promessa anterior.

O problema é alguém achar que o futuro político se define assim, com tamanha antecedência. Basta verificar o histórico das eleições presidenciais. Excetuando-se as reeleições tranquilas de FHC e Lula, barbadas para qualquer apostador, os outros resultados foram muito mais inesperados. Ou alguém imaginava em 1989 que Fernando Collor sofreria impeachment, seria substituído pelo vice Itamar Franco e, aí sim, ainda mais surpreendente, seu sucessor seria Fernando Henrique Cardoso?

E depois das vitórias fáceis de FHC em 1994 e 1998, alguém apostaria que o PT seria eleito e reeleito quatro vezes consecutivas?

Durante o governo Lula, alguém arriscaria dizer que a "técnica" Dilma Rousseff seria o poste de plantão para a sucessão presidencial? E depois que Michel Temer assumiria após outro impeachment?

Para encerrar, quem arriscaria dizer, em novembro de 2014, com Dilma recém-reeleita (naquela disputa acirradíssima com Aécio no 2º turno) que, quatro anos depois, o novo presidente seria Jair Bolsonaro - na época só mais um dos personagens preferidos para o bullying dos humoristas do programa CQC?

Vivendo e aprendendo. Ou não.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Os riscos à democracia no Brasil de Bolsonaro



"Nós elegemos como presidente um outsider que não está claramente comprometido com normas democráticas e constitucionais. Alguém que já demonstrou claras tendências autoritárias", afirma o cientista político norte-americano Steven Levitsky. "Sempre que se elege um presidente com tendências ou inclinações autoritárias, é preocupante."

A preocupação manifestada pelo autor do livro "Como as Democracias Morrem" (How Democracies Die: What History Reveals About Our Future), em co-autoria com Daniel Ziblatt, é sobre a eleição do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos. Bolsonaro não é Trump, mas qualquer semelhança não é mera coincidência. Essa onda conservadora não é um fenômeno isolado, nem acontece por acaso.

Há, segundo o livro, quatro sinais que apontam quando a democracia está em perigo nas mãos do poderoso de plantão. O alarme deve soar quando o presidente tem esses comportamentos:

1) "Rejeita, em palavras ou ações, as regras democráticas do jogo". Como ao pregar contra a lisura do sistema eleitoral, criando pânico infundado sobre a segurança das urnas eletrônicas. (Ops!)

2) "Nega a legitimidade de oponentes". Ocorreu com Trump contra Hillary Clinton, repetiu-se com Bolsonaro contra Fernando Haddad, como ao se negar a debater com quem chamou de "intermediário de Lula".

3) "Tolera e encoraja a violência". Há fartos exemplos antes, durante e após a campanha, nada mais precisa ser dito, a não ser o nosso repúdio.

4) "Dá indicações de restringir liberdades civis de oponentes". Com episódios como as manifestações de ódio contra a Folha de S. Paulo, também dispensa maiores explicações.

Se não bastassem os fatos tão frescos ainda na memória de cada eleitor brasileiro, o próprio Steven Levitsky enquadrou Jair Bolsonaro nos quatro sinais de perigo à democracia, em recente palestra realizada na Fundação Fernando Henrique Cardoso, que o #ProgramaDiferente exibe na íntegra. "Democracias podem morrer não nas mãos de generais, mas de líderes eleitos que subvertem o próprio processo que os levou ao poder", é o recado do livro. Assista.

sábado, 3 de novembro de 2018

Presidente Jair Bolsonaro: Que mito foi esse?



Festa de uns, tristeza de outros. Ainda de ressaca eleitoral, o Brasil quer saber o que podemos esperar do governo do presidente eleito Jair Messias Bolsonaro a partir de janeiro de 2019. Já começam a se desenhar a nova base governista e o bloco de oposição.

O #ProgramaDiferente questiona: Será que muda muita coisa do que existiu até hoje? Como vai se dar a relação do novo presidente com o Congresso e com a sociedade? Os princípios democráticos e republicanos estão garantidos? Podemos esperar por dias melhores ou vamos ver o país afundar em nova crise? Assista.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Um anti-herói brasileiro em tempos de Bolsonaro



Em tempos de Bolsonaro presidente e total descrédito na política tradicional, um vigilante mascarado surge para atacar a impunidade que permite que políticos e donos de empreiteiras enriqueçam às custas da miséria e do trabalho da população brasileira. A história do homem por trás do disfarce de anti-herói envolve uma jornada pessoal de vingança na qual um agente traumatizado decide fazer justiça com as próprias mãos.

Com direção de Gustavo Bonafé a partir dos quadrinhos criados por Luciano Cunha, fortemente inspirados nas manifestações de 2013, estreia nesta quinta-feira, 1º de novembro, "O Doutrinador". O ator Kiko Pissolato interpreta o personagem-título do filme, que conta ainda com participações de Du Moscovis, Tuca Andrada, Natália Lage, Helena Ranaldi, Marília Gabriela, Eucir de Souza, Samuel de Assis, Tainá Medina e Nicolas Trevijano. O #ProgramaDiferente apresenta mais este lançamento do cinema nacional. Assista.