quinta-feira, 3 de maio de 2007

Era o que faltava para reduzir a maioridade...

A fuga do criminoso Roberto Aparecido Alves Cardoso, o "Champinha", de 20 anos, na noite desta quarta-feira da Fundação Casa (a mesmíssima e famigerada Febem com nome novo, como se isso alterasse sua estrutura), dá o argumento que faltava aos defensores da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.

Champinha foi o menor que assassinou a adolescente Liane Friedenbach, de 16 anos, e o namorado da jovem, Felipe Silva Caffé, de 19 anos. O crime ocorreu em 2003 na cidade de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo.

Antes de ser morta, Liane foi violentada e torturada por três dias. Champinha, na época com 16 anos, era o líder do grupo que praticou o crime.

Como todo menor infrator, mesmo tendo cometido esse crime hediondo, ele foi detido na antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), atual Fundação Casa.

O prazo legal de internação de Champinha - até três anos, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - venceu em 17 de novembro de 2006. Sem um local apropriado para receber adolescentes com o perfil de Champinha, ele permaneceu todo esse tempo na Febem.

Em outubro, a Justiça ordenou que Champinha fosse para um manicômio com base em laudos do Instituto Médico Legal (IML), que atestam nele “altíssima possibilidade de reincidir no crime”. Passados sete meses da decisão, Champinha permanecia irregularmente na Febem, de onde fugiu pulando um muro de 6 metros de altura.

Os 20 funcionários que trabalhavam no turno em que ocorreu a fuga foram afastados temporariamente, assim como o diretor da unidade. Há suspeitas de que a fuga tenha sido facilitada: para fugir, Champinha e outro jovem de 17 anos utilizaram uma escada de metal deixada na reforma do prédio.

A Polícia Militar foi chamada para tentar recapturar os fugitivos por volta das 18h30. O 5° Batalhão da PM participa das buscas. O policiamento na região também foi reforçado. De acordo com a Fundação Casa, Champinha estava em uma área separada dos outros jovens, conhecida como área do seguro.

"Eu recebi (a notícia) com angústia, com preocupação, mas por outro lado já era absolutamente esperado, já que as fugas na Febem são rotineiras", afirmou o advogado Ari Friedenbach, pai de Liana, em entrevista ao site G1.

A auxiliar de enfermagem Lenice Silva Caffé, mãe de Felipe, também disse que já esperava que Champinha escapasse. "Demorou mais do que eu imaginava para isso acontecer. Na Febem só fica quem quer, e por quanto tempo quiser", afirmou.