Enquanto a disputa eleitoral e ideológica entre a candidata socialista Ségolène Royal e o conservador Nicolas Sarkozy terminava com protestos violentos, 367 carros queimados e 270 presos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se apressava em cumprimentar efusivamente seu colega eleito com pouco mais de 53% dos votos válidos na França:
"Tenho a satisfação de transmitir a Vossa Excelência, em nome do Governo e povo brasileiros, e em meu próprio, meus calorosos cumprimentos pela vitória no pleito presidencial deste domingo. Antecipo minha firme disposição de trabalhar com Vossa Excelência para o fortalecimento dos laços históricos de amizade que unem o Brasil e a França, e ganharam notável impulso nos últimos anos, no quadro de nossa parceria estratégica. Queira aceitar meus sinceros votos de êxito na condução dos destinos da nação francesa."
A eleição do conservador Nicolas Sarkozy desembocou em incidentes nas principais cidades francesas, onde houve choques entre jovens e forças de segurança.
Os primeiros distúrbios ocorreram na Praça da Bastilha de Paris, local emblemático onde tradicionalmente a esquerda celebra suas vitórias e onde se reuniram cerca de 5 mil pessoas.
Na praça, entre cem e trezentos jovens que gritavam palavras de ordem contra Sarkozy jogaram paralelepípedos e outros objetos contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo.
Paralelamente, centenas de jovens se manifestavam sem incidentes na Praça da República, após deixarem a sede do Partido Socialista (PS), situado na outra margem do rio Sena.
Outras manifestações violentas contra Sarkozy ocorreram em Lyon, Marselha, Bordeaux, Lille, Toulouse e Clémont-Ferrand, onde também houve choques com as forças de segurança.
O primeiro-secretário do Partido Socialista (PS), companheiro e pai dos quatro filhos de Ségolène Royal, François Hollande, fez uma chamada "à calma e à coerência".
Hollande pediu aos 18 milhões de franceses que votaram em Royal que "engulam sua ira, sua frustração", e dirijam toda sua "energia" às eleições legislativas de junho.
A associação AC le Feu, criada após a onda de violência urbana que atingiu a França em 2005, pediu à população que "não responda com violência" à vitória de Sarkozy.
Nos últimos dias da campanha, Royal tinha alertado sobre eventuais "atos violentos" e "brutalidades" nos bairros mais conflituosos se Sarkozy ganhasse.