Enquanto a mídia e a opinião pública se voltavam para a visita do papa Bento 16, os deputados papavam um nada bento 28.5% de aumento nos próprios salários.
Como esmola pouca é bobagem, a Câmara aprovou de lambuja o reajuste salarial do presidente da República, do vice e dos ministros. As votações foram divinamente simbólicas, sem necessidade de registro do voto de cada deputado no painel eletrônico. O reajuste é retroativo a 1º de abril (data bastante emblemática, sem dúvida).
A proposta foi elaborada pela mesa diretora e eleva os salários dos parlamentares de R$ 12.847,20 para R$ 16.512,09.
Já o salário do presidente da República sobe de R$ 8.885,45 para R$ 11.420,21. O vice-presidente e os ministros, que ganham hoje R$ 8.362,00, passam a receber R$ 10.748,43.
Segundo os deputados, esses reajustes representam a correção da inflação entre dezembro de 2002 e março deste ano. É bom lembrar que o efeito cascata vai ocasionar o aumento salarial no Executivo e no Legislativo dos estados e municípios.
Um deputado federal custa atualmente, de R$ 93 mil a R$ 105 mil mensais, dependendo do estado que representa.
Além do salário mensal de R$ 12.847,00, um deputado recebe um 13º salário, além de R$ 15 mil de verba indenizatória (para pagar escritório político, combustível, jantares, viagens, entre outras despesas), R$ 3 mil de auxilio-moradia, R$ 50.815,00 de verba de gabinete para contratar funcionários, R$ 4.268,00 para telefones e correios, e mais dois salários de R$ 12.847,00 (os inacreditáveis 14º e 15º salários), um no início do ano e outro no final, como ajuda de custo.
Somando os benefícios e dividindo os três salários extras por 12 meses, cada deputado custa em média, mensalmente, R$ 89 mil por mês.
Mas falta ainda acrescentar os gastos com passagens aéreas. O maior valor é para os deputados de Roraima, que têm direito a R$ 16,5 mil por mês em passagens. Os parlamentares do Distrito Federal podem usar até R$ 4,1 mil, o menor valor; enquanto os de São Paulo, por exemplo, utilizam até R$ 9,3 mil.
Ou seja: um deputado de Roraima chega a custar, por mês, R$ 105 mil, enquanto o paulista, R$ 98 mil, e o da capital, R$ 93 mil para os cofres públicos.
E o papa só fala em excomungar quem defende o aborto, a eutanásia e as pesquisas com embriões... E os políticos corruptos, vão para o inferno sem escala?