quarta-feira, 23 de maio de 2007

Deu no Financial Times: país do "rouba, mas faz"

Essa é literalmente para ingês ver: Escândalo choca nação do 'rouba, mas faz' , afirma o jornal 'Financial Times'.

O mais recente escândalo de corrupção no Brasil, revelado na Operação Navalha, que pode ter o efeito de uma bola de boliche e já derrubou o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, "provocou uma crescente indignação popular com a classe política num país onde a frase 'rouba, mas faz' é comumente usada como sinal de aprovação", afirma reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal britânico Financial Times.

A reportagem observa que "o escândalo é mais um de uma série de acusações de corrupção no alto-escalão a atingir o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

Mas o jornal comenta que, ao contrário do principal escândalo de corrupção a atingir o governo no primeiro mandato de Lula, pelo qual membros do Partido dos Trabalhadores eram acusados, desta vez ele atinge "tanto a oposição quanto membros do governo".

O Financial Times conclui afirmando que "os escândalos provocaram pedidos por uma reforma do sistema político brasileiro, pelo qual os legisladores não têm de prestar contas nem aos eleitores nem aos seus partidos e têm garantida ampla imunidade de processos".

Escândalos impunes

A renúncia de Rondeau também foi tema de reportagem publicada pelo diário argentino La Nación, que observa que ele "apresentou sua renúncia irrevogável ao se ver envolvido em um amplo escândalo de corrupção que salpica o governo de Luiz Inácio Lula da Silva".

Em um outro texto, o jornal explica como funcionava o esquema para fraudar licitações públicas desbaratado pela Polícia Federal e diz que "o modus operandi remete no Brasil a uma série de escândalos que, segundo a percepção popular, permanecem impunes".

O jornal cita desde os casos mais antigos, como o dos "Anões do Orçamento", em 1993, aos mais recentes, como os do "Mensalão" ou dos "Sanguessugas".

O americano Miami Herald, por sua vez, comenta que esta é "a quarta vez nos últimos anos que membros do governo Lula foram forçados a renunciar por causa de acusações de corrupção, mas Lula permaneceu intocado pelos escândalos".

O jornal observa ainda que "ao contrário dos escândalos de corrupção anteriores, que abalaram os mercados financeiros, a polêmica envolvendo Rondeau teve pouco impacto sobre os investidores, que permanecem convencidos de que Lula não mudará sua política econômica".