quinta-feira, 17 de maio de 2007

Jogo de interesses: o lobby dos bingos

Funcionários e donos de casas de bingo fizeram ontem em Brasília manifestação para tentar convencer o Congresso a legalizar o jogo.

Foram patrocinados pela Força Sindical, sob as bençãos do seu presidente, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e até do ministro do Trabalho, Carlos Lupi (ambos do PDT).

Cerca de 12 mil manifestantes, segundo estimativa da PM do Distrito Federal, protestaram em frente ao Congresso Nacional e argumentaram que, se os bingos forem fechados em definitivo, estarão desempregados 120 mil trabalhadores diretos e 300 mil indiretos do setor.

Com o slogan "pela regulamentação, contra a corrupção", os manifestantes tentam convencer o governo federal de que a legalização dos bingos poderá reduzir crimes cometidos em jogos de azar - como lavagem de dinheiro e corrupção.

"A legalização ajuda e muito o sistema que anda corrompido. Temos de evitar que os bingos sejam usados por pessoas que querem utilizá-los como espécie de lavanderia", disse o ministro do Trabalho.

Lupi sinalizou ainda que a legalização poderá ocorrer pela Caixa Econômica Federal - que já administra as loterias do país. "A Caixa tem grande experiência nessa área. Ela garante credibilidade muito grande", afirmou.

O presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, disse aos manifestantes que vai transformar a regulamentação dos bingos em uma "batalha" dentro do Congresso Nacional.

Lula e os bingos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou a situação dos principais bingueiros do país. “Alguns não vieram”, afirmou, numa referência aos donos de casas de jogos presos pela Polícia Federal na Operação Hurricane.

Lula, porém, classificando de “ótimo” o ato em favor dos bingos, avaliou que o Congresso deve definir logo o assunto. “Ou proíbe, ou regulamenta, o que não pode é ficar essa indústria de liminares”, disse. “Tem de definir o que pode e o que não pode”.

No Congresso, há dez projetos defendendo a legalização dos bingos e sete estabelecendo a proibição definitiva. Alguns se arrastam desde 1991 e nenhum deles está pronto para votação em plenário.

Escândalo petista

Em 2003, o governo Lula chegou a manifestar-se pela legalização dos chamados jogos de azar. Mas, com o escândalo envolvendo o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, acusado de cobrar propina do empresário do jogo Carlinhos Cachoeira, o governo optou pela solução inversa: mandou uma Medida Provisória que previa o fechamento dos bingos.

A MP foi aprovada na Câmara e arquivada no Senado. Com isso, o país não tem lei clara sobre o assunto e os bingos funcionam com base em liminares.