(MELCHIADES FILHO, hoje na Folha de S. Paulo)
BRASÍLIA - O Planalto aumenta o status do secretário de imprensa. Nomeia para o posto o jornalista que tinha sido dispensado, poucos meses antes, pelo maior grupo de comunicação. Entrega a ele não só as responsabilidades editoriais mas o comando das verbas da publicidade estatal, nunca na história deste país tão volumosas.
O escolhido avisa, já na primeira entrevista, que não abortará a batalha judicial contra o mais conhecido colunista da principal revista. Afirma que a condição de ministro não afetará o processo, pois os tribunais daqui seriam lentos demais. Semanas depois, festeja em público a vitória na primeira instância.
A secretaria lamenta que TVs regionais, comunitárias e educativas zerem no Ibope. Em nome do "fortalecimento democrático", diz que sairá à procura de uma ferramenta de aferição de audiência que justifique anunciar nesses veículos. O governo tira da gaveta o projeto da rede nacional de TV pública.
O principal dirigente do partido de Lula defende limitar a atuação da mídia em período eleitoral e fala que a liberdade de imprensa precisa ser "combinada com mecanismos que evitem favorecimentos".
O presidente da Câmara, também do PT, anuncia que processará o comentarista que espinafrou as mordomias dos deputados. Incentiva os colegas a fazerem o mesmo.
A base aliada pega carona em projeto de lei do PAC e aprova a eliminação da obrigatoriedade de veiculação de editais de licitações públicas nos jornais de grande circulação. Prepara-se para fazer o mesmo com balanços de companhias abertas.
Surge na Comissão de Tributação e Finanças a idéia de cobrar imposto do papel usado pela imprensa para estampar publicidade.
Lula evita ao máximo os jornalistas. Fala só o conveniente para bater cartão no "JN". A coletiva? Deixa para a semana que vem. Mas, para bom entendedor, as meias palavras de seu governo bastam.