Luis Nassif é um dos mais renomados jornalistas e analistas econômicos do Brasil, com mais de 30 anos de profissão. Foi introdutor do jornalismo de serviços (com a seção "Seu Dinheiro", do Jornal da Tarde, no início dos anos 80) e do jornalismo eletrônico no país, com a Agência Dinheiro Vivo.
Vencedor do Prêmio de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita do site Comunique-se em 2003 e 2005, em eleição direta da categoria. É comentarista econômico da TV Cultura, membro do Conselho do Instituto de Estudos Avançados da USP, do Conselho de Economia da FIESP e do Conselho da Escola Livre de Música Tom Jobim.
Nassif começou sua carreira como repórter do Jornal da Tarde, do Grupo Estado. Depois foi para a Folha de S. Paulo, onde trabalhou durante 18 anos e foi membro do seu Conselho Editorial.
Autor de "O Jornalismo dos anos 90" e "Menino de São Benedito", finalista do Prêmio Jabuti de 2003 na Categoria Contos/Crônica. Em 1995 lançou o CD "Roda de Choro", solando bandolim, semi-finalista do Prêmio Sharp de Música Instrumental.
Além de conceder uma entrevista exclusiva ao Blog do PPS/SP, contribuindo para a Conferência Caio Prado Júnior, que debate os rumos da esquerda democrática, Nassif sugere uma parceria com o Projeto Brasil (clique), "um site de discussão de políticas públicas que enfatizará bastante a reforma política e os pontos para uma nova etapa de desenvolvimento".
"Temos boas ferramentas de discussão que poderão permitir ao PPS uma discussão interna virtual e a publicação das conclusões, que poderão ser debatidas com outros grupos do Projeto", explica.
Acompanhe a entrevista concedida por Luis Nassif ao Blog do PPS/SP:
Na sua opinião, Nassif, o que é ser de esquerda hoje no Brasil?
É propor o desenvolvimento com governança (prestação de contas do governo) e inclusão social.
Para o eleitorado, ainda existe uma diferença clara entre esquerda, centro e direita?
A "direita" está mais identificada com o mercadismo, com ausência de Estado. A "esquerda" petista com estatização. Nenhuma das duas conseguiu produzir uma síntese nem empunhar a bandeira do desenvolvimento com inclusão social. O espaço da centro-esquerda está vago, com a descaracterização do PSDB.
Por que os partidos políticos vivem hoje uma crise de identidade?
Ficaram presos à lógica do poder, perderam a capacidade crítica e se deixaram pautar pela velha mídia.
Qual a importância da Conferência Caio Prado Júnior, realizada para discutir a esquerda democrática e um projeto para o Brasil?
O espaço está vago de idéias. Mais do que nunca é importante definir pontos programáticos nítidos.
O PT, considerado o maior partido da esquerda no Brasil, construiu uma ampla aliança partidária para exercer o poder e se viu envolvido em denúncias de corrupção e escândalos. Estes fatos podem trazer alguma consequência para os partidos de esquerda hoje e no futuro?
No ano passado criou-se um racha ideológico terrível no país. E um descrédito amplo a toda forma de organização partidária. O espaço está aberto para o crescimento de novas organizações, tipo MST.
As políticas assistenciais do governo Lula, que tem o Bolsa-Família como carro-chefe, são eficazes no combate à pobreza e à miséria? Essas medidas podem ser consideradas políticas de esquerda? Por que?
Podem pelo conteúdo social, ainda muito associado à esquerda. Mas podem ser inúteis sem desenvolvimento.
A reforma política que se discute no Congresso propõe mudanças pontuais, como maior rigor na fidelidade partidária, introdução de istas partidárias fechadas nas eleições, financiamento público de campanha, cláusula de barreira etc., além de colocar em debate temas como o voto distrital e o parlamentarismo. Qual a sua opinião sobre a reforma?
É um caminho, especialmente o voto distrital.