A "diversidade", que sempre foi a principal marca da Parada do Orgulho Gay e o seu maior atrativo, será também a causadora de mudanças drásticas para o próximo ano.
A festa cresceu tanto como fonte geradora de receita que joga para segundo plano a essência da maior manifestação popular em defesa das liberdades (de ação, pensamento, expressão, consciência etc.) e contra todas as formas de preconceito (de gênero, orientação sexual, raça, credo) e discriminação (racismo, machismo, homofobia).
A Parada virou só mais um negócio a ser explorado política e economicamente. Um grande negócio, onde os números e cifras se sobrepõem às pessoas e às suas causas. Puro show business.
Infelizmente, junto com o recorde de público vieram outros recordes: de ocorrências de roubos e furtos, cenas de violência, agressões, empurra-empurra e todo o tipo de excessos. A Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), organizadora do evento, já pensa em restringir o acesso de público para 2008.
É inegável que o crescimento da Parada gerou visibilidade para as questões do movimento de gays e lésbicas, mas acabou despertando o lado hipócrita da sociedade brasileira, que tolera o evento porque "movimenta a economia da cidade".
Ou seja, o foco principal deixou de ser o combate ao preconceito e à homofobia, bem como a definição de políticas públicas, passando a ser o quanto gera de recursos para o turismo paulistano e para o segmento de hotéis, restaurantes e o comércio em geral.
Se fosse assim, o tráfico de drogas, a exploração dos jogos de azar, o contrabando e a pirataria, o tráfico de órgãos etc. são todas práticas com enorme potencial para movimentar a economia. Onde iríamos parar?
O PPS discorda dessa visão distorcida. A importância da Parada continua a ser a manifestação pela liberdade e pela igualdade. A economia é mero detalhe. O acessório não pode se sobrepor ao essencial, sob o risco de perder a razão da sua existência.