quinta-feira, 7 de junho de 2007

Todos os Homens do Presidente

Vencedor de quatro Oscars, "Todos os Homens do Presidente" é um filme intrigante sobre política e corrupção. O mandatário retratado na história renunciou ao cargo logo após ser desmascarado.

Será possível traçar algum paralelo entre a realidade brasileira e o caso Watergate, escândalo da década de 70 que derrubou o presidente americano Richard Nixon, apurado pelos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post?

Lula não é Nixon, mas, um a um, os homens mais próximos do presidente vão caindo. Um artigo do jornalista Valdo Cruz, publicado hoje na Folha de S. Paulo, faz rememorar o filme (apesar de o título original ser de outra obra cinematográfica, "Ligações Perigosas").

Leia:

Ligações perigosas

Parodiando Luiz Inácio Lula da Silva, nunca neste país um presidente teve tantos amigos e parentes envolvidos ou citados em escândalos durante seu período à frente do governo.

A lista é enorme. Alguns andam esquecidos dada a avalanche de operações da Polícia Federal. Não custa relembrá-los.

Delúbio Soares, ex-tesoureiro petista, jogador de peladas ao lado de Lula e fornecedor de charutos em momentos que exigiam discrição. Foi abatido pelo mensalão.

Silvio Pereira, o ex-secretário-geral do PT, dono da planilha de partilha de cargos do governo Lula no primeiro mandato. Outro atropelado pelo mensalão.

Paulo Okamotto, amigo de longa data, pagava as contas do presidente sem que ele pedisse. Sobreviveu ao bombardeio da CPI do Fim do Mundo e submergiu.

Jorge Lorenzetti, churrasqueiro oficial de Lula. Transformou-se num aloprado depois de a PF apontá-lo como um dos responsáveis pela tentativa de compra de um dossiê contra os tucanos.

Oswaldo Bargas, amigo dos tempos de sindicalista. Outro que o próprio Lula classificou de aloprado pelo suposto envolvimento no dossiê contra Geraldo Alckmin e José Serra em 2006.

Há os petistas ilustres, íntimos de Lula, derrubados no primeiro mandato: José Dirceu, José Genoino, Luiz Gushiken, Antonio Palocci. E casos controversos, como o do filho Lulinha e a Telemar na sociedade da Gamecorp.

Agora, a lista foi coroada com Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente, e o compadre Dario Morelli Filho, atingidos pela Operação Xeque-Mate.

Nem todos são culpados, é bom dizer. Contra alguns não surgiram provas. Outros ainda estão sendo processados. Sintomático, contudo, que um presidente tenha tantos amigos enrolados. A priori, não pode ser condenado por isso. Mas bem que poderia selecionar melhor suas companhias.