Não é por nada, não. Mas será que algum matemático pode explicar qual é a probabilidade de a Mega-Sena acumular tanto, como vem ocorrendo nos últimos tempos?
No sorteio realizado na noite desta quarta-feira, em Londrina (PR), pela sexta vez consecutiva a Caixa Econômica informa que ninguém acertou a Mega-Sena. Com isso, o próximo sorteio deve pagar R$ 18 milhões ao(s) acertador(es) das seis dezenas.
Será excesso de pé-frio dos milhões de brasileiros que semanalmente erram seus palpites, ou excesso de costas-quentes do "sortudo" (geralmente único e morador de fora dos grandes centros) que ganha a bolada acumulada de tantos sorteios?
Pois relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda, apontam pessoas que ganharam até 525 vezes nas loterias da Caixa. Isso que é sorte, hein?.
O assunto foi levantado em fevereiro deste ano pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), em pronunciamento no plenário, mas estranhamente não avançou.
Segundo os relatórios sigilosos (que vieram à tona e sumiram rapidinho) do órgão da Fazenda, a prática de lavagem de dinheiro nas loterias da Caixa Econômica Federal chega a R$ 32 milhões.
Investigações apontam que as maiores fraudes ocorreram entre 2002 e 2006, e envolveram 75 pessoas, inclusive servidores da Caixa. O esquema consistiria na troca do pagamento de bilhetes premiados.
Funcionários da Caixa seriam intermediários do esquema, avisando os interessados em lavar dinheiro sobre ganhadores que comparecem às agências para sacar prêmios. Os criminosos depositam o valor do prêmio, que é sacado pelo vencedor da loteria sem que seja dada baixa no sistema. O sistema de loterias só é informado quando o fraudador faz o saque, como se fosse ele o verdadeiro ganhador.
É esse o caso do "sortudo" que ganhou 525 vezes na loteria, totalizando R$ 3,8 milhões em prêmios. Na maioria dos casos, os valores sacados eram pequenos, para que não houvesse suspeitas. Por outro lado, há relatos de criminosos que chegaram a descontar 107 prêmios no mesmo dia.
Mas esse esquema desvendado, obviamente, é só a ponta do iceberg. O buraco é bem mais embaixo. A suspeita recai mesmo sobre os sorteios, que estranhamente acumulam cada vez mais, apesar da quantidade crescente de apostas a cada jogo acumulado.
A pergunta é: terá alguém no Governo Lula descoberto a fórmula mágica do ex-deputado João Alves, um dos chamados "anões do Orçamento" apanhado na CPI de 1993, com uma fortuna não justificada em suas contas bancárias, que ele declarou ter ganho em sucessivos prêmios de loteria?
“Deus me ajudou e eu ganhei dinheiro”, justificou na época o abençoado deputado, que diz ter acertado pelo menos 56 prêmios da Sena, Loto e Loteria Esportiva em apenas 40 semanas.
Há 14 anos isso foi um escândalo, inclusive graças à atuação da bancada do PT. Hoje, com aquela turma que bradava na oposição acomodada no governo, tudo mudou.
Estranho, muito estranho. Alguém aposta que bicho isso vai dar?