É incrível como parte considerável da imprensa cai fácil nos truques do marketing petista e reproduz sem nenhum questionamento os releases das assessorias da Prefeitura de São Paulo, para citar o exemplo mais próximo.
Nem é o caso de pedirmos um jornalismo investigativo, que demanda tempo, talento e investimento, mas que os repórteres e editores não se rendam assim tão fácil e sem qualquer contraponto crítico às versões chapa-branca do governo.
Vejamos esta "notícia" publicada nos jornais de hoje: "São Paulo quer reciclar e compostar 80% do lixo". Que beleza, hein? Ponto positivo para a administração do PT, graças à versão dourada da pílula oficial. O fato, porém: "Prefeitura quer reduzir, nos próximos 20 anos, de 98,2% para 20% o volume de
lixo gerado despejado nos aterros sanitários". Blablablá!
Ora, ora, é minimamente crível essa pretensão do prefeito Fernando Haddad pelo seu atual histórico de realizações? O que a sua gestão tem feito pela sustentabilidade e pelo meio ambiente? No máximo, "plantado" matérias no campo fértil da preguiça e do comodismo dos jornais. De resto, nada neste lixo de administração parece reciclável.
No mundo real, que escapa aos olhos da maioria dos repórteres e que vai muito além da propaganda oficial que custa caro e infesta as páginas da mídia impressa e virtual, a Prefeitura não chega nem perto de cumprir as promessas noticiadas. Mas pouca gente vai atrás para conferir. É o caso do Plano de Metas de Haddad, um amontoado de intenções genéricas, e que ainda assim estão longe de serem realizadas. Mas quem deveria fiscalizar esse descumprimento, opta pela omissão e pelo silêncio. Por quê?
Uma pista: a imprensa critica que a Câmara Federal vai gastar R$ 10 milhões, no Brasil inteiro, para contratar uma agência de publicidade sob pretexto de "melhorar a imagem da Casa", com seus 594 deputados federais. Mas passa despercebido que a Câmara Municipal de São Paulo já gasta duas vezes mais, para o mesmo fim, com seus 55 vereadores.
Deve ser só coincidência (será?) que anúncios da Câmara paulistana estampem as páginas dos jornais e apareçam em horário nobre nas principais emissoras de rádio e TV, justamente aquelas que adotam um tom mais "água-com-açúcar" na cobertura dos governos petistas. Ou estaria em vigor o "efeito Sheherazade" para quem exerce o direito de criticar?
Como questiona em tom provocativo a ex-vereadora Soninha Francine (PPS): "Preguiça, distração, má fé ou boa vontade? O jornalismo é muito cachorrinho,
vai atrás de qualquer graveto que atiram e traz de volta todo feliz, abanando o rabinho."
Mas não é só isso. Tudo o que a Prefeitura apresenta como realização, se houver um contraponto, não se sustenta. Arco do Futuro, renovação e auditoria do contrato com as empresas de ônibus, inspeção veicular, operação Braços Abertos, corredores de ônibus, faixas exclusivas, iluminação pública, limpeza urbana, ação contra as enchentes, telecentros, conselhos participativos, Plano Diretor etc. etc. etc. Tudo não passa de cosmetologia. Embalagens sem conteúdo.
É aquela máxima da parabólica, que o PT adotou e aprimorou em sucessivos governos: "O que é bom a gente fatura; o que é ruim, a gente esconde". O prefeito Haddad dispara a versão oficial e (quase) ninguém questiona. Nem a grande imprensa, nem os "blogueiros amigos", nem as entidades que em governos anteriores faziam muito barulho por muito menos. Resta à oposição o papel de ser "cricri". Ok, estamos aqui pra isso mesmo.
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