Neste clima de "dolce far niente", Haddad também encaminhou projeto que lhe autoriza a decretar feriado nos dias de jogos na Arena do Corinthians, em Itaquera. Não só na abertura da Copa, 12 de junho, uma quinta-feira, com Brasil x Croácia, mas também Holanda x Chile (segunda, 23 de junho), Coréia do Sul x Bélgica (quinta, 26) e mais um jogo das oitavas de final na terça, 1º de julho.
Há ainda outros dois jogos que já ocorrerão em feriados: Uruguai x Inglaterra, na quinta, 19 de junho, dia de Corpus Christi, e a semifinal na quarta, em 9 de julho, data que pode trazer de volta a São Paulo o time de Felipão a caminho da decisão no Maracanã.
Mais que uma singela folga extra para assistir a Copa em São Paulo, decretar feriado em dias de jogos que não envolvem a Seleção Brasileira é um atestado de incompetência da gestão Haddad para encarar a grandiosidade deste evento, contornar o trânsito caótico e garantir um mínimo de segurança e tranquilidade aos torcedores, turistas e à totalidade da população paulistana.
Já que é incapaz de planejar, organizar e executar algo de concreto e positivo para a cidade (que nos traria o prometido legado da Copa, hoje restrito a tragédias e obras superfaturadas), a saída mais simples e cômoda para Haddad é tentar tirar a população das ruas para atender às exigências da Fifa (com inúmeras restrições ao tráfego, por exemplo, numa ampla extensão viária em torno do estádio e vias de acesso, incluindo a Radial Leste, o que certamente vai parar o trânsito na cidade inteira).
Segundo a Federação do Comércio, cada
feriado acarretaria um prejuízo de pelo menos R$ 200 milhões ao setor. Isso, se as lojas fecharem. Pois a decisão é facultada a cada lojista,
de trabalhar ou não no feriado. Porém, quem abrir precisa pagar 100% de adicional aos funcionários, mais 37% de encargos. Ou seja, se todos os comerciantes
decidissem abrir suas lojas, o prejuízo saltaria de R$ 200 milhões para R$ 600
milhões por dia. E são pelo menos cinco feriados. Calcule o prejuízo.
Se as doze cidades-sede da Copa no Brasil decretarem feriados nos dias de jogos, o prejuízo para o
PIB brasileiro será de R$ 15 bilhões, segundo os cálculos da Fecomércio. Para São Paulo, de qualquer forma, a
Copa faz a cidade perder dinheiro.
Vocacionada para o turismo de negócios – e não o esportivo – a cidade perde com os eventos empresariais que deixam de ser realizados no período. E o turista vinculado ao setor de negócios gasta comprovadamente muito mais que o esportista.
Vereadores na Sessão Corujão
Vocacionada para o turismo de negócios – e não o esportivo – a cidade perde com os eventos empresariais que deixam de ser realizados no período. E o turista vinculado ao setor de negócios gasta comprovadamente muito mais que o esportista.
Vereadores na Sessão Corujão
Entre a tarde desta terça-feira e a madrugada de quarta, a base governista pode aprovar esses projetos de "quinta". São medidas polêmicas e mal explicadas (segundo entendimento da Justiça de São Paulo ao conceder liminar que suspendia as audiências públicas do Plano Diretor). Pior: que a maioria da população e da própria Câmara desconhecem o seu inteiro teor.
Estão embutidos neste Plano Diretor desde a anistia (mais uma!) de imóveis irregulares na cidade à implantação de um aeroporto particular em Parelheiros, numa região de preservação ambiental, que é vetado pela Justiça mas exigido por vereadores governistas - coincidentemente do mesmo PMDB do pré-candidato Paulo Skaf, pai de um dos donos do tal aeroporto.
Em outra manobra controversa (hábil e "esperta" no entendimento do governo, ou chantagista e irresponsável no senso comum), o prefeito Haddad tentou lavar as mãos e empurrar toda a pressão e cobrança da população para cima do Legislativo. Gesto que, mal comparando, fez lembrar um Pilatos no Palácio do Anhangabaú.Estão embutidos neste Plano Diretor desde a anistia (mais uma!) de imóveis irregulares na cidade à implantação de um aeroporto particular em Parelheiros, numa região de preservação ambiental, que é vetado pela Justiça mas exigido por vereadores governistas - coincidentemente do mesmo PMDB do pré-candidato Paulo Skaf, pai de um dos donos do tal aeroporto.
Se não bastasse ser o pior e mais impopular prefeito que se tem notícia (com uma rejeição imensamente maior que todos os eleitos nos últimos 30 anos, de Jânio Quadros a Gilberto Kassab, passando por Luiza Erundina, Paulo Maluf, Celso Pitta, Marta Suplicy e José Serra), o petista Haddad tem uma base de apoio rachada, dividida e indócil, pelo seu próprio despreparo, incompetência e falta de tino político.
Relatamos aqui as dificuldades que o prefeito tem para aprovar até mesmo projetos corriqueiros. Também já mencionamos que ele se torna, cada vez mais, refém dos vereadores e tenta, para reagir, reeditar velhas lutas ideológicas e cooPTar movimentos sociais organizados. Mas é muito pouco diante de sucessivas derrotas políticas e jurídicas. E igualmente ineficaz frente à novidade que são os movimentos desorganizados e espontâneos que surgem na sociedade - e que o PT se desespera por não saber como enfrentar.
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