Com o título acima, o jornalista Gilberto Dimenstein faz uma abordagem interessante sobre o principal cartão-postal do governo Lula, apoderado de tal forma pela candidata governista Dilma Roussef, a ponto de forçar o adversário José Serra não só a desmentir que vai acabar com o programa, como garantir que vai duplicá-lo.
Os verdadeiros pais do Bolsa Família
Em épocas eleitorais, os políticos disputam a paternidade ou, pelo menos, a sociedade em projetos de sucesso. Entra-se num vale tudo. É o caso do Bolsa Família, disputado pelo PT, de Dilma Rousseff, e pelo PSDB, de José Serra. Ambos os partidos foram vitais na implantação e disseminação do programa - assim como o DEM, ex-PFL.
Como nesse tempo eu morava em Brasília e sempre tive interesse em temas sociais, testemunhei toda essa articulação em câmara lenta. Estive presente, aliás, em muitas das reuniões e debates para tirar a ideia do papel.
Não há dúvida de que um dos principais pioneiros do Bolsa Família é Cristovam Buarque. Ele criou o bolsa-escola quando foi governador de Brasília e saiu divulgando pelo Brasil e por muitos países essa solução. Teve como aliados a Unesco e Unicef - o que ajudou disseminar nacionalmente a eficácia do projeto.
Ao mesmo tempo, desenvolvia-se em Campinas um programa de renda mínima pelo então prefeito José Roberto Teixeira (PSDB). Mas não tinha uma condicionalidade tão fincada na escola - mas dá para dizer que ele foi um dos pioneiros de medidas que, no futuro, acabariam no Bolsa Família.
Lembremos que o bolsa-escola foi transformado em política nacional no governo FHC, onde, no Ministério da Educação, havia vários intelectuais da Unicamp (Maria Helena Guimarães e Paulo Renato Souza, por exemplo) que estavam em Campinas. Nessa época, aliás, o PT chamava a bolsa-escola de bolsa-esmola.
Coube a Lula, claro, dar uma extraordinária dimensão ao programa.
Essa é a história - o resto é invenção. Mas o fato é que, como toda boa ideia, ela tem muitos sócios.