“O PPS precisa consolidar o seu espaço, de maneira correta, firme. Conseguindo levar para a população a sua ideologia, o seu programa de governo, sua linha de trabalho. Precisamos mostrar que somos um partido histórico, criado a partir do PCB, mas buscando ser contemporâneo.”Alex Manente nasceu em São Bernardo, é casado e pai de uma filha. Formado em Direito, atua junto às comunidades na conquista de diversas melhorias, seguindo o exemplo do pai, Otavio Manente, que já foi vereador e secretário de Obras daquele município.
Alex Manente concorreu a um cargo eletivo pela primeira vez em 2004, sendo eleito vereador aos 25 anos, com 12.507 votos. O feito entrou para a história da política regional, pois Alex alcançou a marca de vereador mais bem votado de São Bernardo e também do Grande ABC.
Aos 27 anos, a experiência como deputado estadual terá um sabor especial, já que, segundo ele, teve uma campanha sem muitos apoios no meio político. “Não contei com muita estrutura, mas com a confiança da comunidade. Pretendo fazer o máximo, ao ajudar a melhorar a educação estadual, trazer uma perspectiva de futuro para os jovens e o hospital estadual de São Bernardo. Quero aproximar o cidadão do Estado.”
Manente destaca a importância de ter recebido 60.571 votos (sendo 5.686 na Capital). “É um número muito expressivo, pela trajetória curta de dois anos que ainda tenho na política. Por isso, a minha responsabilidade é muito grande e vou dividi-la com a população”, garante.
Por que interromper seu primeiro mandato como vereador, para candidatar-se a deputado estadual?
Porque ao acompanhar e vivenciar o dia-a-dia da comunidade, durante os dois anos de mandato, observei que existe uma ausência grande dos serviços prestados pelo Estado. E como o Estado tem uma arrecadação muito maior que o próprio município, por mais que a gente consiga fazer um mandato adequado, de acordo com as necessidades da população, não consegue trazer aquilo que é a obrigação do governo. Faltam representantes que vivam o dia-a-dia da comunidade, possam conversar com a população e fazer com que o Estado se aproxime das pessoas. Então, acredito que a gente consegue continuar o mesmo mandato de vereador, como deputado. Sozinha, a Prefeitura não suporta a demanda de serviços que existe no município, como as demandas sociais. Nós precisamos ter um elo de representação no Estado.
Qual a prioridade da sua atuação na Assembléia?
A proximidade com os serviços do Estado, principalmente em relação às escolas estaduais. Hoje, atravessam um momento muito complicado. Os professores não conseguem dar um bom nível de educação, nem na coordenação pedagógica, e há ainda problemas também quanto à estrutura física das unidades. Os investimentos têm de vir de maneira adequada. Para isso queremos fazer um trabalho mais próximo aos pais de alunos, direção e professores, ouvir as prioridades e trazer rapidamente a verba e investimento do Estado, para poder evoluir a qualidade da educação.
Quais serão seus projetos como deputado estadual?
Isso é um trabalho de todo um mandato com a população, porque o legislador é extremamente limitado a produzir um projeto de lei de alta relevância. A função básica do deputado é trazer do Estado o serviço adequado. Por isso, você precisa ser o elo de ligação com o governo, falar com a Secretaria de Estado da Educação para poder investir rapidamente nas prioridades que foram detectadas pela sociedade. Essas questões só vão ser resolvidas, se houver alguém que faça esse meio de comunicação.
Na área sa Saúde Pública, qual a sua maior preocupação?
Existe um problema crônico que a cidade enfrenta, em relação à saúde pública. Eu posso garantir que São Bernardo necessita, até pela arrecadação que gera para o Estado, de um hospital estadual no município. Nós vamos lutar com toda firmeza, junto com a comunidade, para trazer uma unidade para cá, porque hoje, a prefeitura é responsável praticamente sozinha por toda saúde pública local. O nosso pronto-socorro virou um hospital de emergência, não faz a função de socorrista, porque não tem para onde encaminhar. Uma pessoa fica até quatro dias esperando, para ter um encaminhamento para um hospital estadual de Santo André ou Diadema, que não suportam a demanda de serviço que existe aqui na região do ABC. Dois hospitais estaduais são muito pouco para uma região com mais de 3 milhões de pessoas. Hoje um exame ou uma consulta no município demora um pouco mais de tempo, exatamente porque se cobre a ausência de referência de internação, para cirurgias e exames mais complexos.
Tendo sido eleito tão jovem, como inovar e enfrentar a falta de credibilidade e a onda de escândalos na política?
Hoje, com a limitação constitucional que existe na execução de projetos de lei, o legislador é muito limitado. Qual é a grande função? É a aproximação com a população e trazer o serviço público com qualidade através do próprio poder público. Com a relação próxima aos eleitores, fazendo prestação de contas do mandato, dando oportunidade para que eles possam criticar, sugerir idéias e dar alternativas de caminhos, poderemos estabelecer um caminho diferenciado e conseguir minimizar o número de escândalos que existem. Existe escândalo porque as pessoas não têm contato com a população. O deputado é muito distante da sociedade e não sofre a cobrança rotineira da participação popular. Com essa participação, o político conseguirá fazer a prestação de mandato de maneira adequada, sendo transparente naquilo que consegue produzir e sobre as limitações que encontra. Dessa maneira, vamos conseguir reverter o quadro.
Qual a sua opinião sobre pontos polêmicos da reforma política, como o voto distrital e a fidelidade partidária?
Eu sou a favor do voto distrital. Eu acho que é a maneira que vamos encontrar para poder aproximar o representante do eleitor, e o eleitor conseguir cobrar um retorno durante o mandato do deputado que ele escolhe. Enquanto tivermos deputados que cuidam de inúmeras cidades, eles não conseguirão cuidar de nenhuma com qualidade, nem dar atenção e saber quais são os problemas da região. Assim, vamos conseguir trazer os investimentos e o retorno do que nós pagamos de tributos no serviço público, que é obrigação do poder público. Em relação à fidelidade partidária, sou filiado desde os 18 anos ao PPS, porque acredito que seja o ideal correto. Quando nós temos muita mudança de partidos, significa que o que vale mais são os interesses da regra eleitoral. Eu acho que a população tem de cobrar fidelidade partidária e saber o posicionamento de cada partido, para que tenhamos cada vez mais representantes comprometidos com a população.
Na área social ou ambiental, algum projeto específico?
Primeiramente, irei defender uma lei específica para a Represa Billings, em São Bernardo. Porque 52% da área de proteção ambiental na cidade não apresenta uma lei específica regulamentada, uma condição de moradia digna para as pessoas que batalharam e construíram suas casas e hoje vivem irregularmente. Nós temos que procurar fazer essa contemplação, da mesma maneira que a Represa Guarapiranga conseguiu. Outra questão importante é a defesa da educação e da saúde. A nossa região apresenta um grave problema, não ter uma interlocução adequada para poder trazer os investimentos necessários para o município e nós vamos atuar para poder evoluir na qualidade da educação em São Bernardo.
Como será a sua atuação na bancada do PPS durante o Governo Serra?
Vamos começar a fazer os contatos para estabelecer uma boa relação com o novo governo. O PPS, hoje, já está ligado ao PSDB e esperamos poder contemplar uma base aliada forte na Assembléia. Sempre preocupada com os princípios éticos e interessada em trabalhar para desenvolver e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Qual é, na sua visão, o futuro do PPS?
Creio que o PPS precisa consolidar o seu espaço, de maneira correta, firme. Conseguindo levar para a população a sua ideologia, o seu programa de governo, sua linha de trabalho. Precisamos mostrar que somos um partido histórico, criado a partir do PCB, mas buscando ser contemporâneo. Assim poderemos manter um bom trabalho aqui na Assembléia.
Qual a expectativa para sua estréia na Assembléia Legislativa?
Primeiro, tenho que agradecer a confiança das mais de 60 mil pessoas, que depositaram nas urnas um voto de confiança. Temos que responder a isso com muito trabalho, dedicação, proximidade. Fazendo com que o deputado seja, realmente, um elo entre o governo e a população. Sensibilizando-se com as dificuldades vividas pelas pessoas e transformando o seu mandato em um mandato pela e para a população, atendendo às suas necessidades e demandas.