O presidente Lula teve seu dia de Baby Sauro, o caçula da Família Silva Sauro, da série de TV. Tascou um abração em Bush e não escondeu o deslumbramento jurássico de reencontrar o sobrinho mais atrapalhado do Tio Sam.
A surpreendente intimidade entre Lula e Bush inspirou uma sátira impagável do chargista Maurício Ricardo (veja aqui). Aliás, vale também dar uma espiadinha na charge de Marta Suplicy, sobre o mesmo assunto que tratamos no blog anteontem (relembre).
O prefeito do Rio, César Maia, em seu "ex-blog", faz hoje um diagnóstico contundente desse comportamento de Lula: "Estrelismo, doença infantil da comunicação!". Logo ele, o rei do factóide.
Veja a avaliação completa do prefeito carioca, apresentada em tópicos:
01. A eleição de Lula (na verdade o fracasso da pré-campanha e da campanha do PSDB) subiu à cabeça dele e de seus assessores de comunicação. Quem não se lembra deles reclamando da imprensa? Em 2005 ele vinha ladeira abaixo com a comunicação toda equivocada. Salvo pelo gongo tucano, não aprendeu a lição, nem ele nem sua equipe.
02. Os exemplos são inúmeros. Mas vamos ficar com a ida dele ao Rio no dia 7 de março último.
03. Sua assessoria direta (ministro Dulci na comissão de frente) acham que a comunicação do presidente é colocar Lula no picadeiro e deixá-lo fazer rir o distinto público. Isso é um grave desvio de foco.
04. Lula ainda não passou da etapa da doença infantil da comunicação. Confunde a imagem do personagem com o papel da imagem para gerar memorabilidade do fato. Lembro: factóide é um fato carregado de imagem. No mundo de hoje a imagem é a linguagem que prevalece. Portanto, fatos sem imagem muito dificilmente viram notícia. Quando o presidente quer destacar um fato, certamente ele deve carregar a sua comunicação de imagem. Reagan era um craque nisso. Mas o que ficava gravado depois na imagem era o fato que este queria comunicar.
05. Uma pesquisa rápida realizada por telefone dia 8 no final da manhã (com a classe média) sobre o que fez Lula no Rio, que programa ou projetos ele apresentou, mostrou memória zero. "Ele jogou futebol no Maracanã", "Ele defendeu sexo livre". Estas foram as respostas mais ouvidas. Até disseram que ele foi inaugurar as obras do Maracanã. E que quem não reconhecia que transava com camisinha era hipócrita.
06. Ninguém soube dizer que Lula foi assinar uma medida provisória alocando mais 100 milhões de reais ao Pan e que intensificava um programa de conscientização de uso de preservativos, tendo em vista o crescimento dos casos de AIDS em mulheres nos últimos anos.
07. Não restou rigorosamente nada dos fatos. Nem os enormes painéis goebellianos atrás dos palanques de Lula apareceram nas fotos e na TV. As câmeras querem o close-suado de Lula, pois sabem que dali vão colher os destaques e as imagens sonoras que virarão fatos vazios e engraçados no dia seguinte.
08. Dulci acha que é tudo um sucesso. Não é. É tudo um fracasso. É um processo de desmontagem da imagem de Lula. Intenso e progressivo.
09. Leitura recomendada ao Dulci (quase Duce): "A Comunicação na Era Eletrônica", de Kathleen Jamieson. Traduzido para o português por consultorias apenas. Nos EUA é de fácil aquisição. Ou via internet.