A invenção é japonesa (só podia!), mas o público-alvo talvez seja o brasileiro, nesse clima de guerrilha urbana com a violência e a criminalidade incontrolável nas grandes cidades.
Bizarrice à parte, a designer de moda Aya Tsukioka demonstra os novos designs de roupas que ela espera que reduzam o medo crescente dos crimes no Japão: um disfarce de máquina de vender refrigerantes, para enganar os assaltantes.
Com um movimento hábil, Tsukioka, de 29 anos de idade, levanta uma prega na frente da sua saia e... tcham! Ao abrir inteiramente o pedaço de pano vermelho, ela mostra como uma mulher que caminha sozinha pode enganar perseguidores.
A pessoa esconde-se por detrás do pano, que é impresso com uma foto de tamanho real de uma máquina de vender refrigerantes.
Segundo a inventora, a idéia foi inspirada em um truque utilizado pelos antigos ninjas, que à noite se cobriam com lençóis negros.
"A sociedade japonesa não ri disso, de forma que os inventores não têm medo de fazer experiências com novas coisas", explica Takumi Hirai, presidente da maior associação de inventores individuais do Japão, a Hatsumeigakkai, que tem 10 mil membros.
Na verdade, o Japão produz tantas invenções incomuns que existe até uma palavra para elas, "chindogu", ou instrumentos esquisitos.
Tsukioka disse que decidiu fazer as suas saias porque tais máquinas são comuns nas ruas do Japão. Ela desenhou uma versão para crianças, uma mochila que se transforma em um hidrante no estilo japonês.
Até o momento, ela vendeu cerca de 20 saias com camuflagem de máquina de vender refrigerantes, por aproximadamente US$ 800 cada uma. Ela faz a impressão e costura cada saia a mão.
"Para os estrangeiros essas idéias podem parecer bizarras", acrescenta ela. "Mas, no Japão, elas podem tornar-se realidade".
Aqui em São Paulo talvez possamos adaptar a roupa de camuflagem para as versões "buraco de rua", "eixo caído de ônibus", "chacina na periferia" e "barraquinha de camelô".