O jornal Agora São Paulo deste domingo traz Editorial sobre a nova medida administrativa (ou eleitoral?) do prefeito Gilberto Kassab (DEM): uma sopa!
Mas qual é, afinal, o limite entre o legal e o ilegal, o moral e o imoral às vésperas de uma campanha à reeleição?
Se o mandatário-candidato faz alguma coisa, é acusado de oportunista e demagogo. Se não faz nada, de omisso e incompetente. Vai entender...
Sopão eleitoral
Tem sabor de demagogia eleitoreira o programa anunciado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) para distribuir sopa nas escolas municipais de São Paulo.
As famílias dos 1,1 milhão de alunos da rede pública receberão dez pacotes de sopa instantânea desidratada, o equivalente a 60 pratos de comida. Em princípio, serão 12 finais de semana de distribuição, de preferência aos sábados. É um artifício da prefeitura para atrair a população ao projeto Sábado na Escola, que oferecerá serviços e fará o recadastramento dos pais.
O contrato para definir a empresa que distribuirá o alimento em pó terá validade de 12 meses. Isso permitirá à prefeitura manter seu Leve-Sopa até setembro do ano que vem. Ou seja, até a véspera da eleição em que Kassab deve concorrer.
O governo do Democratas tem mostrado neste ano uma preferência por investir em redutos petistas. Coincidência ou não, o programa começará por São Miguel Paulista. Essa é uma das áreas da cidade onde a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) tem mais intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha sobre a corrida municipal.
Além disso, o Leve-Sopa beneficiará diretamente a população mais pobre, faixa do eleitorado em que Marta possui mais apoio.
Kassab faz bem em se preocupar com a alimentação dos paulistanos, mas não deveria tentar ganhar votos à base de velhas receitas da política clientelista.