quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Mãe do promotor-assassino dá entrevista reveladora

Assim como na entrevista dos pais daqueles rapazes tão inocentes que justificaram o espancamento de uma empregada doméstica porque pensavam se tratar de uma prostituta, como se isso fosse de alguma forma atenuante para a barbárie, a Folha de S. Paulo de hoje dá mais uma amostra de como uma mãe é vulnerável às atitudes do seu filho e busca qualquer argumento absurdo para tentar encontrar alguma explicação.

"Meu filho teve medo, diz mãe de promotor", é o título-justificativa da entrevista de Eurydice Schoedl, em que ela pede que família do jovem assassinado pelo seu filho o perdoe e diz que ele agiu em legítima defesa.

E de quem é a culpa? Da imprensa, das vítimas, do procurador-geral de São Paulo... o único inocente na história é seu filho, Thales Schoedl (foto), coitadinho, que teria agido em legítima defesa ao disparar 12 (doze!) tiros e matar o atleta Diego Modanez com 7 (sete!) tiros na Riviera de São Lourenço (litoral de SP), em 2004, e ferir Felipe Siqueira Cunha de Souza.

A entrevista é toda ela reveladora. "Faça essa matéria com carinho. Já disseram muitas coisas erradas a respeito do Thales", pede Eurydice, olhos marejados, segurando firme a mão do repórter.

Eurydice, que é mãe (além do promotor-assassino) também de um médico e de uma psicóloga, diz que Felipe, a vítima que sobreviveu, "deve ter uma culpa muito grande dentro dele, de saber que foi ele que começou a briga e que o amigo poderia estar vivo".

Era preciso estar armado na praia, em um luau? "Meu filho tem porte de arma. Ele foi ameaçado depois de um júri em Diadema e, por isso, fez o curso, andava com arma. O porte de arma não restringe o lugar, se é na praia... Ele avisou aos homens que era promotor, deu tiro de advertência."

Era preciso dar 12 tiros? "Na hora, a pessoa não sabe como reagir. O Thales estava com medo."

Então vamos combinar assim: a pessoa que não sabe como agir e que tem medo não pode andar armada, porque ela não sabe o que faz. Assim como a mãe de um assassino, dispara aleatoriamente.

No rol de absurdos e preconceitos, há coisas do tipo:

"A sociedade, a mídia, o doutor Pinho [procurador-geral, Rodrigo Pinho], todos pré-condenaram o Thales, desde o começo."

"Ele [seu filho, Thales] sabe que é inocente, que guardou a arma duas vezes, que se defendeu. Ele fica triste. Na televisão, o pai do Diego [o jovem assassinado], na emoção, falou muitas coisas usando as palavras erradas."

"Peço a Deus que ilumine o Diego onde ele estiver, para que tire essa revolta do coração do pai dele, que isso não faz bem a ninguém. Quem começou tudo não foi o Thales, foi o Felipe, que está com uma bala alojada no fígado, deve ser muito difícil. Mas as acusações... Tem palavras erradas. Existe alguma coisa muito forte dentro do Wilson [pai de Felipe] para ele querer incriminar tanto o Thales. Ele [Felipe] deve ter uma culpa muito grande dentro dele, de saber que foi ele que começou a briga e que o amigo poderia estar vivo."

"No júri popular, a emoção das pessoas está em jogo. Essa família [de Diego] pode emocionar, ir vestida com camisetas. Mas acho que, no caso de júri popular em Bertioga, as pessoas de lá estão cansadas dessas pessoas que vêm do interior e vão lá fazer confusão."


Como? Essas pessoas que vêm do interior e vão lá fazer confusão? Quem? Seu filho? Não, as vítimas e seus familiares, esses que "têm alguma coisa muito forte dentro deles para querer incriminar tanto o Thales". O que será, né? Meu Deus!