Veja reprodução da matéria de hoje do Jornal da Tarde:
Uma das puxadoras de voto do PT na eleição de 2004, a vereadora Soninha dá adeus ao partido hoje. Como o JT antecipou dia 11, ela aceitou convite do PPS e deve disputar a Prefeitura da Capital. Migrando para uma legenda que apóia o PSDB no governo estadual e o fez também no municipal na gestão José Serra, ela antevê polêmica na eleição de 2008.
“O Alckmin não é meu candidato”, afirmou, referindo-se a um cenário de segundo turno com a presença do ex-governador tucano, que tem dado sinais claros de que vai entrar na disputa.
“Eu absolutamente não concordo com o consenso paulistano de que ele (Alckmin) foi um bom governador. A educação e a saúde pioraram. Ele concorreu a presidente se vangloriando de 12 anos de governo e, nesse período, o metrô se expandiu a passo de tartaruga”, afirmou a vereadora.
“Além disso, discordo frontalmente de figuras de ponta do governo dele, como o Chalita (Gabriel, ex-secretário de Educação) e Saulo (de Castro, ex-titular da Segurança Pública)”.
As declarações devem apimentar a disputa interna tucana entre alas de Alckmin e Serra, que defende apoio à reeleição de Gilberto Kassab (DEM).
Soninha diz que sua candidatura “praticamente não tem chances”. “Mas a disputa tem importância independente de vencer ou não.”
Questionada se poderia influir na disputa tucana, ela alega achar pouco provável. “Não acredito que mude a decisão de o Alckmin ser candidato. Não tenho esse peso”.
Ela, porém, afirmou que a troca de partidos não a fará mudar de opinião. “Não era uma fanática defensora do PT nem serei uma ex-petista amargurada se sair. Não pretendo fazer campanha atirando contra o PT. O que eu criticava, vou seguir criticando. Mas não tenho problema em reconhecer o que Marta (Suplicy), Serra e Kassab fizeram de bom para a Cidade”.
Ela diz ainda ter recebido do PPS a garantia de que admite opiniões divergentes.
Ao comentar como será uma eventual campanha contra a ex-prefeita e atual ministra do Turismo Marta Suplicy - que, apesar de negar candidatura, deve ser pressionada a disputar pelo partido -, Soninha diz não haver constrangimento.
“A ‘separação’ já ocorreu. Tive momento difícil com ela em 2006, quando disse que meu candidato ao governo era o Aloizio (Mercadante). Ela ficou pessoalmente chateada. A relação já não era a mesma.”
Bandeira: mobilidade urbana
A vereadora disse que, confirmada sua candidatura, deve eleger a mobilidade urbana como bandeira.
“O modo como as pessoas se deslocam na Cidade influi na renda e qualidade de vida”, diz.
“Fala-se em melhorar o transporte, mas é preciso visão mais abrangente. A questão das bicicletas é séria, além de melhorar a qualidade de vida, pode gerar economia no final do mês.”
Ela alega ainda esperar ataques na campanha. “Nem fechei questão sobre o assunto e já sou criticada. Espero golpes baixos, como me chamarem de maconheira (em 2001, ela foi demitida da TV Cultura após aparecer na capa de uma revista admitindo ter fumado maconha). Mas é inevitável; no próprio PT já sofria ataques, me chamavam de mensaleira.”