A julgar pelo comportamento de biruta (não de hospício, mas de aeroporto, que muda com a direção do vento), pode se supor o que seria um governo de Ciro Gomes, lastreado por Roberto Jefferson, Paulinho da Força Sindical, César Maia, Mangabeira Unger et caterva.
Uma coisa é certa: ele iria protagonizar momentos impagáveis. Como em 2002. Perguntado sobre a importância da atriz Patrícia Pillar na campanha, Ciro respondeu: "Minha companheira tem um dos papéis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental."
Não foi só isso. No primeiro debate entre os presidenciáveis, na TV Bandeirantes, Ciro mentiu ao dizer: "Eu estudei na escola pública todos os anos da minha vida". A imprensa descobriu que ele cursou o ensino médio numa tradicional escola particular de Sobral, no interior do Ceará.
Mas, afinal, quais eram as propostas do presidenciável Ciro Gomes? O que levou o PPS a tê-lo duas vezes como candidato, em 1998 e 2002?
Vejamos, por exemplo, o que ele dizia de programas como o Bolsa-Escola (principal carro-chefe para a reeleição de Lula, readaptado e ampliado para o Bolsa-Família):
"O que dá inserção social é escola pública emancipadora. Não é bolsa isso, bolsa aquilo. Isto tudo é para enganar as pessoas. Claro que a gente até compreende que para certos estratos da população agudamente pobres, às vezes, aquilo pode ser a diferença entre ter comida e não ter comida na mesa. Isso é uma política social compensatória que é do neoliberalismo", afirmava Ciro em entrevista reproduzida em seu site oficial de campanha.
O programa de governo do candidato pregava que "não basta regular a economia, nem compensar suas desigualdades com políticas compensatórias, como renda-mínima e bolsa-escola, financiadas com as pequenas sobras de um Estado empobrecido".
E prosseguia: "O novo motor do desenvolvimento brasileiro - um desenvolvimento que beneficie dezenas de milhões de brasileiros, não apenas pequeno número de graúdos e apaniguados - será a descentralização do acesso aos recursos e às oportunidades da produção, a começar pelo crédito, o conhecimento e a tecnologia, em favor de uma multidão de empreendedores emergentes e potenciais".
A página de Ciro reproduzia ainda artigo do guru Mangabeira Unger, no qual o professor de Harvard tentava desqualificar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, criticando justamente as políticas compensatórias.
"À rejeição do candidato (Lula) acrescenta-se a banalização de seu projeto, norteado por políticas sociais compensatórias (Bolsa-Escola, Renda Mínima) que o governo (de FHC) não teve dificuldade em adotar como suas", pregava Mangabeira, cinco anos antes de se tornar ministro lulista.
Depois reclamam que o povo não acredita na palavra dos políticos.