terça-feira, 24 de julho de 2007

País do "Vale Tudo": o que mudou em 20 anos?

Em 1988, a Rede Globo produziu um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira. O autor Gilberto Braga contagiou o país com a novela "Vale Tudo" e lançou no ar uma questão que permanece atual: “Vale a pena ser honesto no Brasil de hoje?”.

Veja como são as coisas! Na época, a cena final, feita na medida para chocar a audiência, tinha o vilão Marco Aurélio (Reginaldo Faria) fugindo num jatinho e dando uma “banana” para o Brasil. Relembre.

Até então os vilões das novela eram realmente odiados. Em "Vale Tudo" os telespectadores tinham motivo de sobra para detestar Marco Aurélio, Odete Roitman (Beatriz Segall) e Maria de Fátima (Glória Pires).

No capítulo 193, que foi ao ar na véspera de Natal (24/12/1988), a vilã Odete Roitman foi assassinada com três tiros à queima-roupa. O mistério da identidade do assassino durou apenas 13 dias, mas dominou todas as conversas pelo país. O fabricante de caldo de galinha Maggi promoveu um concurso para premiar quem adivinhasse o nome do assassino. O Brasil parou diante da TV em 6 de janeiro de 1989 para conhecer o criminoso.

Dezenove anos depois, está no ar mais uma novela de Gilberto Braga. Os vilões já não despertam ódio nenhum nos telespectadores. Ao contrário, são os mais queridos do público, que agora rejeitam os "bonzinhos".

Não sabemos ainda qual será o final da atual novela das oito, "Paraíso Tropical". Mas uma coisa é certa: ninguém dará uma banana para o Brasil. A realidade superou a ficção. Hoje, na vida real, ministros e assessores presidenciais fazem coisa muito pior. A banana foi substituída por gestos ainda mais obscenos. Reveja. E o Brasil, ó! (top top top)