sexta-feira, 13 de julho de 2007

Patriotismo sob fiscalização: saudade da Ditadura?

Essa nem o saudoso Stanislaw Ponte Preta, em seu impagável Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), imaginaria: hastear a bandeira brasileira e cantar o Hino Nacional passam a ser obrigação semanal de professores, alunos e funcionários de todas as escolas municipais de São Paulo.

Mas não é só isso: a cerimônia deve ser registrada em livro específico, com o dia e a hora em que foi hasteada a bandeira e cantado o hino. Ou seja, o cumprimento da lei estará sujeito à fiscalização municipal. Como se ninguém tivesse nada mais sério para se preocupar...

Essa é uma das determinações da Lei nº 14.472, sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) a partir do trabalho de consolidação da legislação municipal realizado pela Câmara paulistana e publicada no "Diário Oficial da Cidade" desta quarta-feira, dia 11.

A lei que trata dos símbolos, honrarias e hinos oficiais do município tem outras regras inusitadas, como tornar obrigatória a execução do Hino de Interlagos antes das corridas do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1.

É isso mesmo: além do Hino Nacional, foram oficializados o Hino de Interlagos, o Hino à Negritude, o Hino da Mooca e o Hino da Zona Leste, que devem ser executados obrigatoriamente em cerimônias oficiais.

Por exemplo, o Hino à Negritude deve fazer parte de “todas as solenidades que envolvam a raça negra”. Os hinos da Mooca e o da Zona Leste, por sua vez, devem ser entoados em eventos relacionados a essas regiões.

O texto da lei apresenta ainda medidas e formatos de símbolos oficiais, além de lembrar que a azaléia é a flor símbolo da cidade e a Avenida Paulista é a imagem oficial da Capital.

Stanislaw Ponte Preta ficaria constrangido com tanta matéria-prima para seu Febeapá. Os humoristas que se cuidem. A concorrência dos políticos é desleal.