quarta-feira, 11 de julho de 2007

Enfim, a recaída oposicionista de José Serra!

Enfim, o governador José Serra (PSDB) teve uma recaída oposicionista: disse que o Brasil é "trouxa" em política externa e vive um "desvario cambial". Já estava mesmo na hora de resolver essa dúvida hamletiana de ser ou não ser crítico do governo Lula.

Serra também qualificou como "trololó de economistas" os argumentos que conferem às forças de mercado, incluindo o superávit comercial, a apreciação do real ante o dólar. "É para enganar quem não é economista", alfinetou.

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, apoiou com entusiasmo a recaída oposicionista do governador paulista, afirmando que a manifestação de Serra mostra que “ele era o candidato de esquerda (em 2002), embora os partidos de esquerda (incuindo o PPS, no segundo turno) tenham apoiado Lula, que já reconheceu que não é de esquerda”.

Para Freire, o governo Lula pratica uma política econômica que atenta contra os interesses nacionais e que só interessa ao sistema financeiro, “ao capital, que não tem pátria”. O presidente do PPS entende ainda que, com sua crítica, Serra mostrou que “o rei está nu”, apesar do clima de euforia.

Na avaliação de Freire, enquanto Lula deu continuidade ao modelo econômico do PSDB (atitude que foi elogiada por várias lideranças tucanas), Serra, desde o governo FHC, criticava os postulados neoliberais aplicados pela equipe econômica.

“A crítica que o governador faz é muito arguta e tem a responsabilidade de quem exerce um mandato político, vinculado e antenado com o interesse nacional, o interesse público”, afirmou.

As declarações de Serra foram feitas ontem na Francal (maior feira de calçados do país). “Não temos uma política econômica que corresponda aos interesses da produção, dos produtores brasileiros, mas sim uma política monetária e financeira que privilegia a especulação, o cassino em que transformaram a economia brasileira”.

Segundo Freire, o país vive uma euforia - “no sentido de algo distante da realidade” – de que temos uma boa política econômica. Mas o crescimento é “medíocre e pífio”, por causa da administração de "um governo incapaz, inconseqüente e inepto".

Uma velha máxima pode ser adaptada ao dilema serrista de ser ou não ser oposição: "Quando Serra está no governo, ele é bom; mas quando está na oposição, é melhor ainda."