Francisco Ferraz
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É desagradável mas é real: a eleição para o legislativo do município atrai pouco interesse dos eleitores.
Eleições para cargos legislativos - em todos os níveis - são menos atraentes que eleições para cargos executivos; e, dentre os diferentes níveis, na maioria dos casos, a eleição para o legislativo municipal é a que menos interesse desperta nos eleitores.
Nosso sistema político adota o regime presidencial de governo, o qual, inevitavelmente, personaliza o poder político no chefe do Executivo, e na rede de colaboradores, hierarquicamente estruturada e a ele submetida. O Legislativo, de sua parte, é um poder plural, democrático, horizontalizado. Todos os legisladores têm os mesmos poderes legais e a ação legislativa é o resultado de uma ação coletiva.
Nossa cultura política - e a predominância do paradigma do estado hegemônico ao longo da nossa história - fez com que os cargos executivos que, por meio do governo, ocupam a titularidade do Estado, ganhassem um destaque desproporcional em relação à importância dos cargos legislativos. Além disso, nas eleições executivas, uns poucos políticos disputam o mesmo cargo, facilitando a sua identificação e o processo de decisão de voto. Já nas eleições para o Legislativo, são dezenas e até centenas de candidatos.
Assim, é nas eleições para o Executivo, com a personalização da disputa, os programas de governo, a propaganda por rádio e/ou TV, as promessas dos candidatos, numa atmosfera de competitividade, que os eleitores adquirem maior interesse, acompanham mais, atribuem maior importância, e, por conseqüência, votam em maior número. O principal desafio de um candidato a vereador é, pois, o de conseguir que os eleitores dediquem uma parte de seu interesse à disputa pelo legislativo e o escolham.
Que este é um desafio de grandes proporções atestam os elevados índices de voto em branco ou anulados nestas eleições, por comparação com as executivas. No dia da eleição, é tão certo que a maioria dos eleitores terá o seu candidato a prefeito escolhido, quanto é certo que um número desproporcionalmente maior de eleitores (do que na eleição para o Executivo) não terá um candidato a vereador decidido.
Como então deve agir o candidato a vereador para se eleger com os votos de um eleitorado em grande medida desinteressado?
Tornar-se conhecido
Ninguém vota em quem não conhece. Esta é a regra geral para qualquer candidato. Os candidatos a cargos executivos acabam sendo conhecidos porque a mídia se encarrega de cobrir a eleição, e, antes dela, a campanha e o período anterior ao lançamento das candidaturas. Não há o mesmo interesse da mídia pelos candidatos à vereança, até porque o seu número é muito grande. Portanto, seu primeiro teste é o de conseguir algum espaço nos veículos de comunicação apesar das condições difíceis.
Você vai conseguir, como regra, se criar algum fato político que seja notícia para os veículos. O vereador com mandato, excetua esta regra. Para ele, sempre será mais fácil obter espaços na mídia. Mas, o candidato sem mandato, pode e deve também conseguir o seu espaço. Tornar-se conhecido é também a resultante de uma campanha moderna e inteligente. Sua prioridade de início de campanha será, forçosamente, tornar-se conhecido do máximo possível de pessoas. É aí que sua equipe de campanha precisa mostrar criatividade, muito trabalho e agilidade. Material de campanha bem elaborado - peças gráficas bonitas, limpas, claras e objetivas - nas mãos de pessoal motivado e bem treinado, pode ampliar consideravelmente a sua notoriedade em pouco tempo.
O uso do telefone também é um recurso importante a ser utilizado O uso do telefone também é um recurso importante a ser utilizado, com vistas a torná-lo conhecido, desde que se tenha o cuidado de não fazê-lo de maneira inconveniente. Estas ações de campanha devem produzir listas de pessoas que apóiam/simpatizam ou não têm candidato definido ainda, para serem trabalhados durante a campanha.
A campanha para vereador tem uma estrutura piramidal. A partir de alguém que o apóia (topo da pirâmide), esta pessoa busca, dentre seus amigos e conhecidos, novos apoios, criando a seção intermediária e a base da pirâmide. Quanto maior for o número das pessoas que podem ser "topo da pirâmide", maior será a sua chance de 1º) tornar-se conhecido; 2º) tornar-se identificável, isto é, ter seu nome fixado e separado dos demais; e 3º) ser votado.
Para tornar-se conhecido você deve também desenvolver uma "marca" para sua candidatura. A marca deve ser capaz de expressar a sua pessoa e os seus projetos. Ela estará presente em toda a sua publicidade, aumentando a sua diferenciação frente aos outros. Tornar-se conhecido, pelo candidato à vereador, é, em última análise, fixar na mente do eleitor seu nome, número, imagem, e seus planos. A marca deve ter o poder de sintetizar tudo isto.
Não se esqueça que são tantos os candidatos que é normal haver confusão de nomes, partidos, números, e até de propostas. Frente a esta "confusão" o eleitor que não tiver seu candidato bem fixado na memória tende a votar em branco, anular o voto, ou votar sem ter certeza se era aquele mesmo o candidato que havia escolhido.