A guerra pela audiência televisiva entre a Globo e a Record chegou com tudo à corrida eleitoral. A emissora dos bispos da Universal, que copiou o padrão global para se aproximar da (vice) liderança do Ibope, principalmente com novelas, telejornais e programas de variedades, resolveu agora peitar a tradição da Globo de transmitir o último debate entre os candidatos, tanto no primeiro quanto no segundo turno.
O departamento de jornalismo da emissora convidou os representantes dos seis primeiros colocados nas pesquisas à Prefeitura de São Paulo para propor o enfrentamento. Anunciaram a intenção de realizar os últimos debates, no prazo final estabelecido pela legislação eleitoral: os dias 2 e 24 de outubro.
Detalhe: essas datas já estão pré-agendadas entre a Rede Globo e os representantes dos prefeituráveis paulistanos desde o dia 16 de abril. Para a direção da Record, é o momento de acabar com as "imposições" da Globo - além disso, dizem, "tradições existem para serem derrubadas". Belo discurso.
Nova reunião está marcada para a próxima semana, enquanto alguns canditados seguem "negociando" com as emissoras. O coordenador da campanha malufista, Jesse Ribeiro, que não foge ao estilo do chefe, afirmou que o confronto é benéfico para os candidatos, que podem exigir mais vantagens da emissora escolhida - numa espécie de leilão às avessas.
"Meu candidato dá audiência nos debates", afirmou o representante de Paulo Maluf. "Então vamos negociar direito a nossa participação."
O PPS manifestou a sua posição: não entrará no mérito da disputa de audiência entre as emissoras, nem dará preferência à Globo no dia 2 de outubro simplesmente pela "tradição" de realizar o último debate (assim como a Band promove normalmente o primeiro). Mas há um compromisso pré-estabelecido há mais de dois meses, que não faria sentido quebrar sem algum motivo mais relevante que a rivalidade entre as emissoras.
Para o bem da democracia, da ética e da transparência, que as duas emissoras possam realizar os debates entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Quem ganha é o eleitor/telespectador.