Parece bordão de programa humorístico, mas é a triste realidade da política e do que se transformou o bom e velho Partido dos Trabalhadores (ok, faz tempo!!!). Parar a campanha por causa do PT nãoooo poooooode!!! Pois eis que a candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, tem que interromper a sua agenda de campanha hoje para ir até o Fórum da Barra Funda responder uma "queixa-crime" do PT!
É isso mesmo: hoje, às 13:30, Soninha tem que começar a explicar mais uma vez (agora na Justiça Criminal!!!) quais são os motivos que a levaram a trocar o PT pelo PPS. No entendimento da legenda que a opinião pública associa ao mensalão e ao dólar na cueca, Soninha "imputou fato ofensivo à reputação do Partido dos Trabalhadores, lesionando sua honra objetiva, de forma dolosa."
Esse "crime" de Soninha teria ocorrido em entrevista concedida à Revista Joyce Pascowitch, em dezembro de 2007 (a mesma que motivou o ator José Wilker a declarar apoio a Soninha). veja abaixo os trechos contestados pelo PT:
Joyce: Você acredita que existem motivos suficientes para mudar de partido?
Soninha: Agora que foi publicada essa decisão que pega no meu fígado, eu me arrependo tanto de não ter saído antes! (o STF definiu que o mandato pertence ao partido, e não ao vereador e, no dia da entrevista, o Supremo publicou a resolução de como o político pode se defender no processo – que Soninha não concordava por considerar muito rasa e subjetiva). Várias vezes entrei no gabinete e disse: ‘Chega’. Mas os colegas do PT que estão na mesma situação que eu falavam: ‘Espera, lá na frente tem uma eleição e tal, ano que vem o congresso do partido, não vamos desistir. Vamos lutar mais um pouco’. Até que chegou uma hora em que não fez mais sentido.
Joyce: Qual foi a gota d’água?
Soninha: No congresso do PT ficou bem claro que esse grupo dos decepcionados era minoria, sim. Elegemos uma quantidade ínfima de delegados. Se é tão evidente matematicamente que você é minoria dentro do partido, por que continuar ali? Como é que você escolhe um partido? Você se identifica com a maioria, e a minoria tem lá suas divergências. Então não faz sentido continuar. Teve outros episódios também, quando o Partido liberou a gente para votar contra um projeto, mas não deixou justificar. Isto é um absurdo! Eles têm medo da divergência? É muito mau sinal. Mas fico aliviada que o tempo todo escrevi sobre o meu desgosto no blog.
Joyce: Você acredita que pode perder o cargo?
Soninha: Tem essas coisas que sempre foram públicas. Tem outras que são privadas, aconteceram numa reunião, em um almoço. E é supercomplicado (SIC) levar isso para o tribunal. Parece divórcio litigioso. Mas não tenho escolha. Vou ter de dizer tudo isso na Justiça. Pessoas do próprio PT vieram se queixar de compra de voto para mim. Numa determinada campanha, um sujeito chegou lá e falou: “O que você acha de R$ 30 por voto?”. Mas são coisas que não tem como provar. Não levei gravador no almoço. Não dei queixa na polícia. É a palavra de um contra a de outro. É um processo tão esquisito, tem pouca materialidade. O Juiz vai dizer quem é mais fiel. O Partido vai dizer que nunca se desviou ideologicamente. E eu vou dizer: ‘Desviou sim, quem não desviou fui eu!’. E o juiz vai conferir um atestado de pureza ideológica para um de nós.
Nem precisava dizer mais nada. Mas leia aqui o comentário completo de Soninha sobre o assunto.