O jornal O Estado de S. Paulo revela hoje que o Governo Lula já estuda "compensar o PSB pelo apoio dado a Marta Suplicy em São Paulo". Espera aí. Não entendi. Como é isso?
"O Planalto estuda duas alternativas para pagar a fatura política do apoio do PSB paulista à candidatura de Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo. A primeira idéia é a fusão das secretarias da Pesca e dos Portos, transformando-as em um único ministério nas mãos do PSB. Outra opção é manter o PSB com a Secretaria dos Portos, hoje comandada por Pedro Brito, e dar ao partido do deputado Ciro Gomes (CE) e do governador Eduardo Campos (PE) - ambos presidenciáveis - também a Secretaria da Pesca."
Ahhhhhhh!!!! Agora entendi: é a velha política do "toma-lá, dá-cá" - que em determinado momento foi justificada com "é dando que se recebe", máxima franciscana tomada de assalto e aproporiada indevidamente pelos politiqueiros caras-de-pau.
Erundina com Marta, Zulaiê com Kassab: e cadê a coerência?
Triste destino da deputada Luiza Erundina, voltar aos braços do PT porque foi traída no PSB, ver a sua atual legenda "premiada" (ou "recompensada") por isso e ainda pregar o retorno de Marta à Prefeitura de São Paulo para fazer um governo de esquerda. Esquerda? Que esquerda?
Erundina foi defenestrada do PT - mais ou menos como o PSB tenta fazer agora, talvez de modo mais sutil. Erundina foi candidata à Prefeitura em 2000 (adversária de Marta na eleição vencida pela petista) e em 2004 (também contrária à reeleição de Marta).
Erundina se aproximou do PPS. Trouxe para o partido parte do seu grupo, enquanto ainda mantinha a pré-candidatura pelo PSB. Tentou, em uma manobra isolada, ser a vice de Marta. Foi desautorizada pelo próprio PSB. Tinha todo o respaldo e confiança do PPS. Aliás, ainda tem. Seria uma honra tê-la por aqui. Mas o que Erundina fez? Foi apoiar Marta, adversária de toda esta década e com quem já trocou pesadas críticas e acusações.
Outro caso semelhante é o da ex-deputada tucana Zulaiê Cobra Ribeiro. Saiu do PSDB reclamando que era um absurdo o partido não ter candidatura própria, já que o governador José Serra acenava com um possível apoio ao prefeito Gilberto Kassab (DEM). Procurou o PPS. Não se filiou porque o PPS participa da base de sustentação de Kassab. Reclamou. Chiou. Acusou.
Zulaiê foi para o nanico PHS porque seria candidata em qualquer hipótese, contra Kassab e contra Geraldo Alckmin. Não acreditou que o PPS teria candidatura própria. O PPS tem. Ela, Zulaiê, ficou sem legenda no PHS e já aderiu a quem? Ao prefeito Kassab.
Bom, cada um sabe as razões para tomar esta ou aquela posição em determinada altura da vida. Mas que é estranho, isso é. O eleitor fica se perguntando se político é mesmo tudo igual?