De candidato a vice-prefeito de São Paulo imposto ao PSDB pelo então PFL (que o próprio titular da chapa, José Serra, custou a engolir) a herdeiro da administração da maior cidade do país, o prefeito Gilberto Kassab é o protótipo perfeito do sapo que virou príncipe.
Um artigo do jornalista Melchiades Filho, publicado na Folha de S. Paulo de hoje, faz um bom uso dessa imagem de sapo, associado ao polêmico programa da MTV. Veja:
Beija Sapo
O roteiro do programa é simples: pretendentes escondidos por uma máscara de sapo competem pelo direito de beijar uma menina (ou um rapaz). A escolha se dá por meio de perguntas e provas tolas. Tão tolas que parecem boladas para que o casal NÃO tenha idéia um do outro e, desse modo, tornem o mais gratuito possível o amasso que invariavelmente arremata a gincana televisiva.
Ok, o prefeito de São Paulo pode não despertar a volúpia dos adolescentes sarados e salivantes da MTV. Mas há um quê de Beija Sapo no tititi em torno do nome dele. Gilberto Kassab conseguiu imprimir uma marca à sua gestão, com o elogiável projeto Cidade Limpa.
Meteu o trator em redutos dos rivais, sobretudo na periferia, com o apoio de coronéis municipais como o "neodemo" Milton Leite.
Mostrou que é bom de tática pré-eleitoral ao escolher saúde (os ambulatórios AMAs) e educação (as superescolas CEUs) como prioridades de governo - respectivamente apontados como um ponto fraco e um ponto forte da administração de Marta Suplicy, sua antecessora e provável adversária em 2008.
E marcou presença onde a notícia estivesse, fosse ela boa ou ruim. Mas, se fecha o ano em alta, é também por causa de outra fortaleza detectada nas pesquisas: prefeito sem um único voto, ainda é desconhecido e por isso pouco rejeitado.
Dois estudos de psicologia de Harvard, incluídos pelo "New York Times" na lista das principais inovações das ciências em 2007, ajudam a compreender o fenômeno.
Um, aplicado na medicina, conclui que somos mais felizes quando não temos expectativas. Outro, na economia, que tendemos a fazer uma avaliação mais positiva de um sujeito quando temos poucas (ou ambíguas) informações sobre ele.
Para o sapo Kassab, é bom que continue assim. Não estranhe se a campanha da reeleição, como no programa da Cicarelli, opte por não aprofundar muito as coisas.