Um artigo de Gustavo Ioschpe (foto ao lado), que se apresenta como "economista e especialista em educação", publicado na revista Veja desta semana (leia aqui), causou a indignação dos professores e mereceu uma resposta de Claudio Fonseca (foto abaixo), presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem).
Confira abaixo a resposta do ex-vereador e pré-candidato do PPS em 2008, Claudio Fonseca, ao artigo "Professor não é coitado", publicado na Veja de 12 de dezembro de 2007:
Em seu artigo "Professor não é coitado", publicado na Revista Veja (edição de 12 de dezembro), ao se permitir "gerar dúvidas", o economista Gustavo Ioschpe comete graves distorções em relação a este profissional.
Apesar de apontar dados estatísticos, demonstra total desconhecimento sobre a realidade vivenciada pelos docentes, não só na cidade de São Paulo, mas em todo o país. Pelo exposto, a impressão de quem lê é de que os professores brasileiros se fazem de vítimas para a sociedade.
Em primeiro lugar, vale esclarecer que a escolha de uma profissão normalmente não se baseia apenas no aspecto financeiro. Está mais relacionada às questões ideológicas, à cultura e à postura que cada pessoa tem diante da vida. Caso contrário, não haveria economistas, médicos, jornalistas, advogados, administradores de empresas, entre tantos outros profissionais.
Em segundo lugar, se o articulista pesquisar na tabela de vencimentos (www.sinpeem.com.br) do Quadro dos Profissionais de Educação da cidade de São Paulo, por exemplo, verá que o piso de um professor com nível superior, em início de carreira, é de R$ 621,68 na Jornada Básica (20 horas/aula semanais) - menos de dois salários mínimos. A Prefeitura complementa este salário com bônus e gratificações que não são incorporados aos vencimentos para efeito de aposentadoria ou de quaisquer vantagens. Além disso, usa de uma política discriminatória, que exclui os aposentados e outros profissionais da área.
Em terceiro lugar, não dá para associar a questão da violência nas escolas apenas aos dados sobre alunos que entram nas unidades com armas de fogo ou a professores ameaçados ou agredidos por estudantes. A violência vai muito além desta estatística; vai além dos muros das escolas, principalmente em bairros de difícil acesso, muitas vezes dominados pelo tráfico e pelo crime organizado, onde o medo impera. No artigo da Veja, a foto da viatura da Polícia Militar estacionada em frente a uma escola estadual só comprova que a violência denunciada é latente e que a comunidade necessita de proteção do poder público.
Por fim, os professores não são coitados e não querem ser tratados como tal. Exigem sim respeito e que os governos municipais, estaduais e federal devolvam a dignidade desta profissão.
Diante do exposto, o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem) convida o economista Gustavo Ioschpe para visitar escolas da rede municipal, principalmente na periferia, e conhecer de perto a realidade da Educação e das condições de trabalho dos docentes na cidade de São Paulo.
Claudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem)