terça-feira, 7 de outubro de 2014

Um rápido olhar sobre a política do Rio e do Brasil

A partir de uma breve análise do vereador carioca, ex-prefeito e candidato derrotado ao Senado Cesar Maia sobre as eleições do Rio de Janeiro, postada no seu "ex-blog", é possível fazer também algumas rápidas considerações sobre o panorama político-partidário do Brasil.

Inicialmente, manifestamos profunda discordância quando Cesar Maia compara o "voto de protesto" de São Paulo no Tiririca com o do Rio de Janeiro no Romário. Isso só pode significar dor-de-cotovelo de quem perdeu a eleição ao Senado para o "Baixinho", que vem se mostrando um parlamentar qualificado.

Então, vamos partir para os próximos pontos: o verdadeiro voto de protesto no Rio, fruto do descontentamento difuso com a política, talvez seja exatamente este 1º lugar do Bolsonaro entre os mais votados. A filha do Garotinho não foi eleita por ser conservadora, mas por ser filha do Garotinho, oras. E Eduardo Cunha segue os passos do Pezão, com um pezinho nos currais do PMDB, nas milícias etc.


Não é de hoje essa aparente contradição entre o voto conservador e progressista numa mesma eleição, seja no Rio ou em SP. Lá elegem Wagner Montes e Marcelo Freixo, Jean Wyllis e a filha do Roberto Jefferson. Já elegeram Brizola, Benedita, Denise Frossard e bicheiros, elegem Miro Teixeira há 11 legislaturas, elegem o próprio Cesar Maia e o filho dele...

Em SP elegemos de Maluf a Erundina, de Feliciano a Ivan Valente, os cantores Sergio Reis e Lecy Brandão, a ótima Mara Gabrilli, Coronel Telhada da Rota, promotor Capez... dentro da bancada do PT o mais votado foi o ex-presidente corintiano Andres Sanchez, mais uma invenção política de Lula, enquanto ficaram de fora da Câmara petistas históricos como Vacarezza, Devanir Ribeiro, Adriano Diogo, Zico Prado, Janete Pietá...

O PV reclamava que Marina não os ajudou nada eleitoralmente em 2010. Que o voto deles se devia à "grife" verde internacional. Provou ser pura balela. Marina transferiu o prestígio dela agora ao PSB, proporcionando 10 cadeiras a mais, fora os agregados em outros partidos (incluindo o PPS - e esse é outro problema que enfrentaremos SE e QUANDO a Rede for oficializada, a baixa dos marineiros). Enquanto isso, o PV minguou: fez só 8 deputados (no Rio, nenhum; nem estadual).

Outro fato a ser estudado é a derrota de dois presidentes nacionais de partidos "ideológicos" e formadores de opinião: Penna do PV e o Roberto Freire do PPS. Também PT, PMDB e DEM diminuem. Quais as causas? E o significado? Ao mesmo tempo, há essa proliferação de micropartidos: são 28 agora na Câmara (eram 16 em 1994).


Pela lei, as emissoras de TV tem que obrigatoriamente convidar todos os eventuais candidatos desses 28 partidos para realizar um debate - que obviamente fica inviabilizado. Todos eles são também beneficiados pela propaganda gratuita e pelo fundo partidário. Mais estrutura de gabinetes, cargos de lideranças etc. Onde vai parar essa "democracia"?

Então, são duas coisas diferentes, mas complementares, que devemos analisar: 1) as particularidades da política, sejam nacionais ou regionais (como essas citadas pelo Cesar Maia); e 2) a completa falência do atual sistema partidário e a urgência da reforma política.


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