A partir de uma breve análise do vereador carioca, ex-prefeito e candidato derrotado ao Senado Cesar Maia sobre as eleições do Rio de Janeiro, postada no seu "ex-blog", é possível fazer também algumas rápidas considerações sobre o panorama político-partidário do Brasil.
Inicialmente, manifestamos profunda discordância quando Cesar Maia compara o
"voto de protesto" de São Paulo no Tiririca com o do Rio de Janeiro no Romário. Isso só
pode significar dor-de-cotovelo de quem perdeu a eleição ao Senado para o
"Baixinho", que vem se mostrando um parlamentar qualificado.
Então, vamos partir para os próximos pontos: o verdadeiro voto de protesto no
Rio, fruto do descontentamento difuso com a política, talvez seja exatamente
este 1º lugar do Bolsonaro entre os mais votados. A filha do Garotinho não foi
eleita por ser conservadora, mas por ser filha do Garotinho, oras. E Eduardo
Cunha segue os passos do Pezão, com um pezinho nos currais do PMDB, nas milícias
etc.
Não é de hoje essa aparente contradição entre o voto conservador e progressista
numa mesma eleição, seja no Rio ou em SP. Lá elegem Wagner Montes e Marcelo
Freixo, Jean Wyllis e a filha do Roberto Jefferson. Já elegeram Brizola,
Benedita, Denise Frossard e bicheiros, elegem Miro Teixeira há 11 legislaturas,
elegem o próprio Cesar Maia e o filho dele...
Em SP elegemos de Maluf a Erundina, de Feliciano a Ivan Valente, os cantores
Sergio Reis e Lecy Brandão, a ótima Mara Gabrilli, Coronel Telhada da Rota, promotor
Capez... dentro da bancada do PT o mais votado foi o ex-presidente corintiano
Andres Sanchez, mais uma invenção política de Lula,
enquanto ficaram de fora da Câmara petistas históricos como Vacarezza, Devanir
Ribeiro, Adriano Diogo, Zico Prado, Janete Pietá...
O PV reclamava que Marina não os ajudou nada eleitoralmente em 2010. Que o voto deles se devia
à "grife" verde internacional. Provou ser pura balela. Marina
transferiu o prestígio dela agora ao PSB, proporcionando 10 cadeiras a mais,
fora os agregados em outros partidos (incluindo o PPS - e esse é outro problema
que enfrentaremos SE e QUANDO a Rede for oficializada, a baixa dos marineiros).
Enquanto isso, o PV minguou: fez só 8 deputados (no Rio, nenhum; nem estadual).
Outro fato a ser estudado é a derrota de dois presidentes nacionais de partidos
"ideológicos" e formadores de opinião: Penna do PV e o Roberto Freire do
PPS. Também PT, PMDB e DEM diminuem. Quais as causas? E o significado? Ao mesmo
tempo, há essa proliferação de micropartidos: são 28 agora na Câmara (eram 16
em 1994).
Pela lei, as emissoras de TV tem que obrigatoriamente convidar todos os
eventuais candidatos desses 28 partidos para realizar um debate - que
obviamente fica inviabilizado. Todos eles são também beneficiados pela
propaganda gratuita e pelo fundo partidário. Mais estrutura de gabinetes, cargos de
lideranças etc. Onde vai parar essa "democracia"?
Então, são duas coisas diferentes, mas complementares, que devemos analisar: 1) as particularidades da política, sejam nacionais ou
regionais (como essas citadas pelo Cesar Maia); e 2) a completa falência do
atual sistema partidário e a urgência da reforma política.
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