No Brasil, já conhecíamos o chamado "sindicalismo de resultados". Agora inventaram também o "jornalismo de resultados".
O efeito nocivo para a sociedade, pernicioso, degradante, é o mesmo. Tanto um quanto o outro se submetem à politicagem vil, corrupta e rasteira.
Esta manchete "shownarlística" ao lado é da Folha de S. Paulo de quarta-feira, 22 de outubro. Além da capa do jornal, ficou o dia todo na primeira página do portal UOL, disponível sabe-se lá para quantos milhões de internautas-eleitores.
O marketing petista agradece, penhorado. O resultado - está aí o jornalismo de resultados na prática - é muito mais eficaz que qualquer panfleto eleitoral, viral na internet, spot de rádio, programa ou inserção na TV.
É propaganda eleitoral disfarçada de jornalismo, endossada pela grife da "grande mídia" (aquela que petistas chamam de "PIG", ou "partido da imprensa golpista", mas cujo golpe mais notável é se mostrar omissa e serviçal do poder de plantão).
Acusação pesada, né? Então, vamos às provas? Além dessa manchete que pode ter um claro efeito subjetivo e psicológico no eleitorado e na militância petista, ao transformar em "notícia" um dado pra lá de questionável, de pesquisa idem ("otimismo na economia" de quem, cara-pálida?), vamos relembrar outras manchetes dessa mesma Folha (para ficarmos num órgão respeitado, de qualidade reconhecida e que diz prezar pela isenção e imparcialidade), apenas nesta última semana?
21 de outubro: Dilma atinge 52% e Aécio tem 48%, aponta Datafolha
20 de outubro: Maioria sofre falta d´água em São Paulo e já planeja estocar
19 de outubro: Desmate da Amazônia na gestão Dilma volta a crescer
18 de outubro: São Paulo tem calor recorde, e Sabesp prevê falta d´água
17 de outubro: Delator diz ter pago propina a ex-presidente do PSDB
16 de outubro: A 11 dias da eleição, Aécio e Dilma mantêm empate
15 de outubro: Falta de água atinge todas as regiões de São Paulo
Está aí a contabilidade da semana: em sete manchetes, fora aquela do "otimismo na economia" que beneficia Dilma, segundo estampa a própria Folha, cinco são abertamente favoráveis à (argh!) "presidenta" (ou adversas ao PSDB, o que acaba dando na mesma), uma pode ser considerada "neutra" (o suposto empate a 11 dias da eleição) e apenas uma é contrária a Dilma (o desmatamento crescente).
Isso é isenção, imparcialidade e apartidarismo? Em qual planeta?
Poderíamos citar outras manchetes da Folha só neste mês de outubro: uma desqualificando o "choque de gestão" de Aécio, outra denunciando o "golpe" (oi?) da oposição contra Dilma.
Houve dois destaques consecutivos para a "liderança" da presidente: no dia da eleição e também no dia seguinte. Mostraram até o tucano Alckmin como "descumpridor de promessas".
Fora todo um esforço concentrado entre a redação e o seu instituto de pesquisas para confirmar a polarização Dilma x Aécio no 2º turno, tirando a incômoda (para eles) Marina Silva de cena.
Houve ainda uma falsa polêmica com o jornalista Xico Sá, que teria pedido demissão da Folha por ter sido "censurado" de declarar voto em Dilma na sua coluna. Tal atitude afrontaria o manual de conduta do jornal. Hmmm... Meia verdade.
Dizer "eu voto em fulano" não pode, mas ajudar a detonar o adversário e exaltar o seu próprio candidato no jornal, pode?
Quer exemplos? Leia na Folha os colunistas Juca Kfouri, Vladimir Safatle, Gregorio Duvivier, Ricardo Mello, Janio de Freitas, Guilherme Boulos, Marcelo Coelho, Rogerio Cezar de Cerqueira Leite e até as charges do (ou da) Laerte.
Acima, estão "linkadas" apenas as mais recentes. Leia e tire as suas próprias conclusões.
Se sairmos da Folha, então, o terreno fica ainda mais pantanoso. Há uma imprensa claramente cooPTada, que se assume petista (ou não), mas que trocou o jornalismo pelo "shownarlismo" faz tempo. É o vale-tudo eleitoral.
Daí cabe reproduzir mentiras em série, atacar os "inimigos" com golpes abaixo da linha da cintura e dividir o país entre bons e maus, pobres e ricos, progressistas e conservadores - quando os verdadeiros reacionários são eles próprios, que não percebem (ou fingem não perceber, ou estão pouco se lixando) o mal que causam às instituições democráticas e aos princípios republicanos.
Isso vale tanto para revistas como Carta Capital ou Carta Maior, passando por blogueiros amigos e toda a sorte de cúmplices de Lula e do petismo, incluindo até os gurus políticos-religiosos Frei Betto e Leonardo Boff.
Bem que Dilma avisou que valia "fazer o diabo" para ganhar uma eleição.
Está fazendo, com louvor.
Socorro! Deus nos acuda!
Leia também:
Neste "shownarlismo" petista, não basta ser panfletário, é preciso ser mentiroso e canalha!
Atirou a pedra e vai esconder a mão, vereadora?
Shownarlismo político: quem perde a eleição é o leitor
Dilmacunaíma no país das mentiras e dos corruPTos
Prefeitura de São Paulo dá dinheiro público a entidade que ataca jornalistas
Dilma faz cena digna de novela mexicana no SBT!
Crime eleitoral: Dilma faz campanha e propaganda ilegal em escola pública
Previna-se dos PTbulls amestrados de Lula e Dilma
Tente entender este "samba do petista doido"
A esquizofrenia e o DNA golpista do PT