Artigo de Carlos Fernandes (PPS/SP) |
Na reta final daquela campanha, marcando o momento decisivo dos últimos debates e do término da propaganda eleitoral, Collor tirou da cartola um truque infalível dentro da estratégia que hoje se denomina “desconstrução” do adversário: levou à TV uma ex-namorada de Lula, Miriam Cordeiro, que o acusava de ter ordenado que ela abortasse a filha indesejada do casal, Lurian.
Era o golpe fatal perante a opinião pública, somado a toda uma campanha de ódio e de terror. O marketing de Collor fez parte significativa da população acreditar que, se Lula chegasse à Presidência, confiscaria o dinheiro da poupança de cada brasileiro, invadiria sua casa e tomaria seus bens e suas propriedades. Tudo amarrado numa edição final manipulada do último debate da Globo, apresentada no Jornal Nacional da véspera da eleição como se Collor tivesse massacrado Lula, carregando nas tintas de uma forma grosseira e desonesta.
O jogo sujo funcionou. O candidato do PT, que naquele momento representava a esperança da chegada ao poder de uma geração que passou toda a vida lutando pela redemocratização, foi atingido em cheio pela propaganda com inspiração nazista de Collor, aquela cuja máxima é “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Sabemos como tudo isso acabou.
Hoje há uma incômoda sensação de “déjà vu”: o terrorismo na propaganda eleitoral se repete, as mentiras, insinuações, leviandades, ameaças, baixarias, o ódio e as agressões destemperadas nos debates. Há uma só diferença gritante, diante de inúmeras semelhanças atemporais: quem reproduz os métodos da propaganda nazista agora é o PT, a vítima de 25 anos atrás.
Se em 1989 todos os democratas estavam solidários a Lula, que era atacado covardemente por Collor e por toda uma rede de interesses do chamado “status quo”, em pleno 2014 quem representa os benefícios e conveniências do poder e da máquina governista é a criatura do lulopetismo, Dilma Roussef.
Por trás do verniz esquerdista e democrático de um PT que virou lenda, Dilma é a verdadeira candidata dos conservadores e reacionários. Unida aos antigos inimigos daquele PT de 1989 (Collor, Lula, Sarney, Maluf, Renan etc.), a presidente hoje não poupa esforços para manter essas velhas estruturas na Presidência. Para tanto, já disse que valia “fazer o diabo” para ganhar uma eleição. E está fazendo.
O adversário de Dilma é Aécio, opção que une o eleitorado de todos os demais candidatos do 1º turno e de quem atualmente defende os ideais que há 25 anos eram simbolizados pelo PT de Lula. Quem votar neste 26 de outubro em Aécio – não por acaso, neto de Tancredo Neves - estará resgatando a aura das Diretas Já, o respeito às instituições democráticas e aos princípios republicanos. Estará, acima de tudo, encerrando um ciclo perverso na política brasileira e dando um passo firme para o futuro de um país melhor, mais justo e mais humano.
Carlos Fernandes, ex-subprefeito da Lapa (2010/2011), é presidente municipal do PPS/SP e foi representante do partido na coligação de Marina e Beto.