São Paulo, obviamente, não pode ficar atrás do Rio. Pois então a Câmara, em mais uma clara chantagem dos vereadores, decidiu suspender as votações até que o secretário de Subprefeituras Andrea Matarazzo (na foto com Kassab) se retrate com o ex-presidente da Casa, vereador Arselino Tatto (PT).
O "travamento" da pauta da Câmara impede a votação de projetos de interesse do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Anteontem, em visita à Capela do Socorro, na Zona Sul da Capital, Matarazzo teria criticado a família Tatto - dez irmãos, cinco dos quais têm ou tiveram cargos importantes no PT. Três tem mandatos: Arselino é vereador, Ênio é deputado estadual e Jilmar é deputado federal (fotos).
Mas, afinal, qual a crítica tão absurda de Matarazzo, que teria ferido os brios dos digníssimos vereadores de São Paulo?
Em evento público na Capela do Socorro (bairro onde reside e atua a família Tatto), Matarazzo mostrava propaganda política remanescente da última campanha eleitoral com o nome de Tatto e usou a expressão "Tattolândia", como é popularmente conhecida a região dominada politicamente pelos irmãos petistas.
A notícia chegou aos ouvidos do vereador Arselino Tatto ontem, e o PT (sempre com auxílio do "Centrão", do presidente Antonio Carlos Rodrigues) obstruiu os trabalhos do Legislativo para cobrar uma retratação de Matarazzo. Como a resposta não chegou a tempo, a discussão foi adiada para hoje.
Tatto criticou o secretário: "Em vez de se preocupar com a cidade, ele vem atacar minha família. Não é papel de secretário, ainda mais de um que já trabalhou no Primeiro Mundo", disse, citando que Matarazzo já foi embaixador em Roma.
Nos bastidores, comenta-se que Matarazzo (PSDB) seria postulante à indicação de vice-prefeito na eventual campanha à reeleição de Kassab, enquanto Jilmar Tatto é cotado para ser o candidato do PT, por indicação de Marta Suplicy.
Falta mais de um ano para as eleições, e a campanha já faz barulho e paralisa a Câmara. Triste sinal.