"Nunca antes na história deste país...", para usar a expressão preferida do lulismo, mas nunca antes, de fato, deve ter havido um "namoro" partidário (e eleitoral, certamente) tão explícito, sincero e transparente. Que venha a "nova política", afinal. E assim seja!
O PPS emitiu todos os sinais possíveis para a aproximação dos chamados "marineiros" - os apoiadores da presidenciável Marina Silva que saíram junto com ela do PV e mesmo aqueles que nunca tiveram vinculação partidária. Propôs um pacto público, divulgou uma carta aberta e sugeriu a construção conjunta de uma candidatura à Prefeitura de São Paulo com a jornalista e ex-vereadora Soninha Francine (PPS) e o empresário Ricardo Young (ex-PV).
Foi tamanha - e tão incomum - a sinalização, que críticos e agoureiros de plantão chegaram a insinuar que o PPS estava "fritando", "entregando a cabeça" ou "abrindo mão" de Soninha Francine à Prefeitura de São Paulo - o que, por si só, seria um suicídio político, visto que uma candidata que tem entre 6% e 11% no Datafolha e é absolutamente identificada com o partido - numa relação recíproca - não pode ser simplesmente tirada do páreo sem que haja um motivo forte, objetivo e consistente para tanto.
Nesse aspecto, há uma causa que nos une e permitiria uma construção coletiva (sem colocar a "cabeça de chapa" como obstáculo): protagonizar esta "nova política", constatada a falência do atual modelo político-partidário e a revolução que emerge das redes e das ruas, dos excluídos e dos indignados. A construção coletiva de uma proposta alternativa e viável, que no contexto paulistano pode fomentar uma candidatura equidistante do PSDB e do PT. Um alento, portanto, para a cidade e para o país.
Ao que parece, muita gente fala e escreve em nome da tal "nova política", mas poucos a praticam ou compreendem de fato. Toda essa transparência e publicidade sobre as conversações em torno da construção conjunta de uma chapa à Prefeitura de São Paulo unindo Soninha Francine e Ricardo Young parece não ter bastado para esclarecer e convencer a todos do nosso compromisso. Nem aos próprios envolvidos no diálogo.
Não chega a surpreender. A "nova política" é ainda um conceito abstrato, uma realidade virtual e um sonho coletivo - que tem inspirado e motivado tanto o Movimento pela Nova Política de Marina Silva quanto a idéia da refundação de uma Esquerda Democrática pelo partido de Roberto Freire.
Uns mais sinceros e coerentes que os outros, até mesmo o PP (costela da Arena da ditadura), que em São Paulo é sustentáculo do malufismo, foi à propaganda da TV na semana passada, com o seu presidente Francisco Dornelles, jovens e mulheres, defender genericamente essa "nova política" - que de tão inodora, insípida e incolor pode acabar fazendo água.
O jornal O Estado de S. Paulo deste domingo traz uma reportagem sobre o mais recente capítulo desta novela da "nova política", sobretudo do núcleo paulistano, que pode ou não ter um final feliz.
Em resumo, segundo o jornal: "Ex-vereadora não quer abrir mão de candidatura à Prefeitura e Ricardo Young diz que só entra no partido se for cabeça de chapa."
Leia a matéria do Estadão:
Fator Soninha complica filiação de aliados de Marina ao PPS