O ano de 2008 começa com a grande expectativa do xadrez da sucessão municipal, uma espécie de revanche da disputa iniciada no ninho tucano em 2006, entre José Serra e Geraldo Alckmin. Naquela oportunidade, todos sabemos, Alckmin levou a melhor e foi o candidato presidencial do PSDB, adiando por pelo menos quatro anos a obsessão serrista de subir a rampa do Planalto e suceder Lula (para quem perdeu em 2002).
Pois agora também os destinos da Prefeitura de São Paulo parecem estar nas mãos de ambos: Alckmin é disparado o favorito nas pesquisas de intenção de voto, enquanto Serra aposta todas as fichas em Gilberto Kassab, que demonstrou impressionante fidelidade ao herdar a cadeira de prefeito e manter a administração exatamente como Serra planejou e executou por dois anos.
Por fora corre a ex-prefeita e atual ministra do Turismo, Marta Suplicy, pressionada pelo PT para entrar na disputa, mas que na verdade sonha com um vôo mais alto em 2010.
Já faz parte do folclore político a imagem maquiavélica de José Serra. Gênio difícil, não engoliu ainda a derrota interna para Alckmin no PSDB, há dois anos. Ao assumir o Governo do Estado, fez uma "limpeza" e exonerou toda a equipe de confiança do antecessor.
Na corrida municipal, Serra sabe que o único nome para defender a sua administração e lhe garantir um palanque para 2010 é mesmo Kassab.
Restaria a Alckmin uma entre as seguintes alternativas: enfrentar Serra outra vez dentro do PSDB e impor a sua candidatura à Prefeitura ou fazer um acordo para não entrar na disputa municipal com o compromisso de ser o candidato oficial da chapa PSDB/DEM à sucessão estadual em 2010, enquanto Serra tenta a presidência.
Os dois movimentos são arriscados. Se insistir em ser o prefeiturável tucano, Alckmin sabe que vai rachar definitivamente o PSDB e a aliança com os Democratas. Imagine como ficaria a máquina municipal com o lançamento simultâneo de Alckmin e de Kassab. Tucanos como os secretários Andrea Matarazo e Walter Feldman estão inclusive em campanha declarada para emplacar a vaga de vice na chapa encabeçada por Kassab.
Por outro lado, ficar sem mandato até 2010 e depender única e exclusivamente da palavra de Serra parece demais para os alckmistas. Veja aqui o posicionamento do PPS, que apresenta a pré-candidatura da vereadora Soninha Francine, diante deste quadro da sucessão paulistana. Essa disputa promete!