A invasão da favela da Portelinha e a quase-morte do protagonista Juvenal Antena (Antonio Fagundes), na novela de Aguinaldo Silva, comprovaram que a Rede Globo tem mesmo "Duas Caras". O trocadilho é infame, claro. Mas, em plena guerra de audiência com a Record, emissora comtrolada pelos bispos da Igreja Universal, foi interessante o sincretismo demonstrado pela Globo entre os religiosos da favela, no capítulo que culminou com as mortes da filha do pastor e da mãe-de-santo.
A fé, a solidariedade, a honestidade de princípios e a convivência pacífica entre os adeptos das diferentes religiões deram um tom diferente do que geralmente as novelas globais apresentam, principalmente sobre as igrejas evangélicas. E, do lado inverso, livre do preconceito dos evangélicos contra a cultura afro-brasileira.
Outra cena bastante polêmica e controvertida foi aquela em que o líder comunitário Juvenal Antena justifica a invasão das terras pelos moradores que formariam o primeiro núcleo da Portelinha, com um discurso de fazer inveja ao MST e argumentos que nem o PT usava quando pensava ser um partido de vanguarda. É a Globo à esquerda de Lula, quem diria!