É inadmissível o desrespeito à história e a trajetória política da deputada federal e ex-prefeita Luiza Erundina, praticado não apenas por ex-companheiros do PT, que mentem sobre uma eventual dobradinha com a candidata Marta Suplicy (Erundina seria vice), como de seu próprio partido, o PSB, que a usou o quanto pode como "pré-candidata", já sabendo que Erundina não disputaria uma nova eleição para o Executivo.
Tudo isso para dar mais peso às pretensões do presidenciável Ciro Gomes, do mesmo PSB do governador de Pernambuco Eduardo Campos (neto do falecido Miguel Arraes), que no estado de São Paulo é dirigido pelo deputado federal Márcio França e na capital pelo vereador Eliseu Gabriel, numa virada de mesa contra o grupo da própria Erundina e do ex-vereador Cláudio Fonseca (ambos acolhidos, com muita honra, pelo PPS paulistano).
Aí aparecem bobagens na imprensa, como uma manchete da Folha no feriado prolongado: "Bloco faz pacto e esfria namoro de Erundina e PT". Bobagem reforçada, diga-se, pela declaração do presidente do PSB paulista, deputado Márcio França: "Se a Erundina aceitar o convite da Marta, ela terá que disputar dentro do bloco porque nossa decisão é seguirmos unidos em busca de uma candidatura própria."
Ele sabe que esse convite é jogo de cena do PT, e se conhecesse minimamente o caráter e a coerência de Luiza Erundina, jamais iria corroborar tamanha asneira. De encenações o "bloquinho" entende. Basta aguardar o desfecho dessa novela para termos uma leitura das verdadeiras intenções e motivações desta união oportunista de partidos que compõem a base governista no plano federal. Veremos.