sábado, 4 de agosto de 2007

PPS debate desenvolvimento econômico e social

O Diretório Estadual do PPS/SP promoveu nesta sexta-feira, 3 de agosto, na Assembléia Legislativa de São Paulo, o seminário "Visão crítica da atual política econômica", como parte das atividades preparatórias para a Conferência Caio Prado Júnior - instância de reflexão política organizada pelo PPS e aberta à sociedade.

A coordenação do evento foi dos deputados Davi Zaia (presidente estadual do PPS/SP) e Arnaldo Jardim, vice-líder da bancada do PPS na Câmara dos Deputados.

A mesa de debates foi comandada pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire, e composta pelos economistas Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, Yoshiaki Nakano, Júlio Sergio Gomes de Almeida e Gilberto Dupas, além do deputado estadual Alex Manente (PPS) e do deputado federal José Aníbal (PSDB).

Foram abordadas as mudanças ocorridas na economia brasileira nas duas últimas décadas, com destaque para o baixo crescimento no governo Lula, além de questões políticas e sociais.

“Este foi um debate substantivo, em que os palestrantes foram unânimes em afirmar que uma mudança na atual política econômica passa, necessariamente, pela Reforma do Estado, no sentido de se modernizar e ser mais eficiente para deslanchar o crescimento econômico”, destacou o deputado federal Arnaldo Jardim.

Gilberto Dupas trouxe uma reflexão con­ceitual da trajetória econômica mundial. Segundo o coordenador-geral do Grupo de Conjuntura Internacional da USP, desde 1990 países como China, Índia e Coréia tiram proveito de uma grande onda de crescimento, oportunidade desperdiçada pelo Brasil.

O quadro da economia brasileira no período de 1940 a 1980 foi retratado por Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da FGV. Segundo ele, as metas de crescimento daquela época, em torno dos 7% ao ano, eram atingidas. "O Brasil de hoje se perdeu, está sem estratégias", define Nakano. "Falta inclusive um sentimento de Nação".

Para Julio Gomes de Almeida, um dos mentores do PAC no governo Lula, a estabilidade atual é momentânea e o crédito para o consumo não se sustenta no longo prazo. "Ninguém se sente à vontade para investir, seja o governo, o empresariado ou os bancos”.

Luiz Gonzaga Belluzzo abordou outro viés para o emperramento econômico que, segundo ele, é decorrente de um desestruturação no processo social. “As mudanças nos valores sociais ocorreram numa velocidade incrível e nós não percebemos”, ressaltou. Ele defende o ponto de vista de que a escola, a família e as organizações sociais não conseguem cumprir seu papel de esclarecer o cidadão.

“A camada social tem de ser respeitada por sua função na sociedade, pelo que faz, e não pelo salário que ganha. Hoje, o ganho social é instituído como fator determinante de poder”, afirmou Belluzzo, também doutor em economia e professor da Unicamp.