sábado, 15 de março de 2008

Soninha afirma que não apoiaria Marta no 2º turno

Veja abaixo a íntegra da matéria publicada neste sábado, na Folha de S. Paulo, ainda repercutindo notícia sobre o assédio de Kassab e Alckmin, que sondaram Soninha para ser candidata a vice-prefeita:
Soninha afirma que não apoiaria Marta no 2º turno

Vereadora diz que "aquela coisa do vírgula mas faz" a afasta do PT, seu partido anterior

Pré-candidata do PPS rejeita também ser vice na chapa de Alckmin ou na de Kassab e diz que sentia "angústia, desgosto e aflição" no PT

Alvo da cobiça de democratas e tucanos, a vereadora Soninha Francine, pré-candidata a prefeita de São Paulo pelo PPS, rejeita a idéia de ser vice na chapa de Gilberto Kassab (DEM) ou Geraldo Alckmin (PSDB), mas afirma que não apoiaria Marta Suplicy (PT) em um eventual segundo turno.

Em uma alusão ao histórico slogan que alia falta de escrúpulos à eficiência administrativa, ela diz: "Aquela coisa do ... "vírgula", mas faz... Eu não posso concordar com isso". Leia a seguir trechos da entrevista da pré-candidata.

FOLHA - Você tem intenção de ser vice em alguma chapa?
SONINHA - Nem eu nem o PPS. Disputar uma eleição ajuda a definir a identidade de um partido. Estamos dispostos a participar da corrida.

FOLHA - Qual seria seu discurso?
SONINHA - Alguns partiriam para o ataque, acusando adversários de serem mais do mesmo. Até certo ponto, não queremos nada disso que está aí. Mas, do ponto de vista da administração, vamos reconhecer o que uns e outros fizeram de bom.

FOLHA - Tem mágoa do PT?
SONINHA - Mágoa não se aplica nesse caso. Eu tinha no PT angústia, desgosto e aflição. Hoje, é alívio. Não era o tipo de relação da qual eu me orgulhava. Quando estava fora, olhando para a administração municipal [2000-2004], eu via que a prefeita tinha maioria absoluta na Câmara. Depois que eu... Estou medindo as palavras... Depois que eu vim para cá, eu vi a brutalidade dessa relação.

FOLHA - O PT diz que foi traído.
SONINHA - Eu não me aproximei do PSDB e do Democratas e também não me afastei dos ideais que me levaram ao PT. Os petistas hoje fazem tantas concessões que a gente nem sabe mais do que eles não abrem mão de jeito nenhum.

FOLHA - É ruim para você ser cobiçada como vice?
SONINHA - Se eles me identificam como uma agregadora de qualidades, é lisonjeiro, já que é uma política diferente da deles mesmos. Estão abrindo a chapa para a diversidade política.

FOLHA - As duas prefeitas que São Paulo já teve [Luiza Erundina e Marta Suplicy] disseram que foram vítimas de preconceito.
SONINHA - Não temo isso, apesar de saber que há golpes baixos. Contra a Marta, disseram que ela era perua. Nunca chamaram um homem de peru. No meu caso, perua não se aplica.

FOLHA - Mas não teme ser chamada de maconheira?
SONINHA - É claro que vão me chamar, mas eu não temo. Vou ter de explicar eternamente o motivo de eu ter dito que fumava maconha [em entrevista à revista "Época", em 2001]. Nem fumo mais nem mudei de idéia a respeito da legislação, que eu acho que causa muito mais dano do que o bem que ela pretende causar.

FOLHA - A política mudou desde o episódio da maconha?
SONINHA - A gente teve uma abertura maior para alguns temas que antes era mais tabu. Nesta semana, por exemplo, o Kassab, que é do DEM, foi inaugurar um centro de referência GLBT [Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros].

FOLHA - Você vai centrar sua campanha em temas polêmicos?
SONINHA - A questão das drogas não, porque está fora da alçada do prefeito. Não cabe como plataforma do governo. Mas em temas espinhosos, como o trânsito, vamos dizer que não cabe um modelo baseado no automóvel. As pessoas não mudam de hábito da noite para o dia.

FOLHA - Por que não compor com DEM ou PSDB?
SONINHA - Porque eu sou de esquerda. Deixei o PT para ir para um partido de esquerda. Dentro do PSDB, o Alckmin está do centro para a direita. E o DEM era o PFL.

FOLHA - Se não for para o segundo turno, poderia apoiar a Marta?
SONINHA - Apesar de ter certeza de que ela e o PT podem ter boas propostas para a cidade, porque teve boas realizações, o modus operandi do partido me detém. A falta de consistência, a permissividade, a falta de limite para concessões e acordos me impede. Aquela coisa do ... "vírgula" mas faz... Eu não posso concordar com isso.

PT PAULISTANO: "SONINHA FAZ O JOGO DO PSDB", DIZ PRESIDENTE MUNICIPAL
O presidente do PT paulistano, José Américo Dias, afirmou lamentar as declarações de Soninha. "Infelizmente, a nossa suspeita está se confirmando: ela está fazendo o jogo do PSDB. Ela ficou quatro anos no PT e está cuspindo no prato em que comeu. Deixou o partido para ser candidata e não participou da gestão Marta Suplicy." O PT briga na Justiça para ter a vaga de Soninha na Câmara de Vereadores.