quinta-feira, 6 de março de 2008

Do Rio para o Brasil: a Cesar o que é de Cesar

Descontada a sua irresistível atração por factóides, o prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) é um privilegiado analista político.

Vale reproduzir na íntegra um tópico publicado hoje no "ex-blog" do prefeito:

ELEIÇÃO DE 2010, JÁ COMEÇOU NA CAMPANHA DE 2008 NO RIO-CAPITAL! SAIBA POR QUE!

1. Os movimentos de uma ala do PSDB de SP no sentido de empurrá-lo mais para a esquerda não é de hoje. A rasteira dada no PFL em 2000 na composição da mesa da Câmara de Deputados foi o primeiro passo. O segundo foi o desmonte da candidatura do PFL a presidente em 2002, com uma operação da PF orquestrada pelo mesmo grupo. E finalmente a montagem para presidente da chapa Serra- com o que seria a "esquerda" do PMDB.

2. Nas últimas semanas esse mesmo movimento desse mesmo grupo voltou a crescer, e sua estratégia é já conhecida. Formar a Chapa Serra com vice do PPS, empurrar a candidatura para a "esquerda" e nesta faixa fechar os espaços para a candidatura do PT, que não podendo ser o Lula, terá este perfil. Da mesma maneira fechar o caminho de Ciro Gomes para a centro-esquerda.

3. Não poderia ter sido mais adequado para aquele mesmo grupo do PSDB de SP, o que ocorreu no Rio. E em dose maior. Por isso apoiaram com entusiasmo. A aliança para prefeito do PPS, com PV, e apoio e tempo de TV do PSDB, passa a ser o primeiro passo para a montagem de uma chapa com PPS e PV e Serra na cabeça. E mais ainda: com o nome de um personagem com os simbolismos de Gabeira.

4. Essa decisão abriu a campanha de 2010 de fato. O PSDB do S fez o seu jogo e lançou os dados para construir um vetor de força no RIO, coisa que não ocorreria com uma candidatura puro-sangue do PSDB. Jogou certo, mesmo sacrificando o PSDB local.

5. Do outro lado -ocupando a avenida há anos pavimentada pelo populismo -agora na versão neo-pentecostal, o senador Crivella sempre acarinhado por Lula.

6. O DEM que a cada dia fica mais claro que não terá opção a não ser ter candidato próprio a presidente (este Ex-Blog já analisou isso dias atrás quando mostrou o boqueirão à direita que o pré-quadro presidencial está abrindo) reforça e torna ainda mais nítida e necessária a candidatura de Solange Amaral.

7. Mas o jogo ainda não está completo. O que farão as forças -ditas mais a "esquerda"? O PSOL que entre seus poucos deputados expressivos tem Chico Alencar, mesmo prejudicado com a candidatura de Gabeira, abrirá mão de ter candidato? Provavelmente não. E os demais que são base do governo? O que farão PCdoB, PDT, PSB? Implodirão suas candidaturas, ao ficarem fatiados? Unir-se-ão em torno do nome mais forte que é a ex-deputada Jandira? Wagner Montes saiu e deixou em desespero os "seus" vereadores.

8. E o PT? Abriria mão de sua candidatura para se somar aos demais da base do governo e acabaria de vez no Rio? Teria candidato próprio para marcar posição? Todos teriam candidato PSOL, PCdoB (coligado ou não com PDT e PSB) e PT e bateriam suas cabeças com a do Gabeira nas áreas de classe média de "esquerda"?

9. E o governador Cabral? Que decisão deve tomar com a inviabilidade de seu candidato, seja pela coligação Gabeira, seja pela reafirmação dos diretórios do PMDB e do DEM? Insistir e fortalecer a candidatura do PSDB com Gabeira, inventando no Rio um vetor eleitoral para 2010 pró-Serra? Deve ratificar a decisão do diretório do PMDB, reforçando a candidatura de Solange Amaral, cujas repercussões para 2010, serão muito menores para o candidato de Lula, que o jogo do PSDB do S? Seria muito mais racional fazê-lo. Mas o que Lula acha? É melhor mesmo reforçar o Crivella através do Governador? Mas e a Globo e a Igreja Católica?

10. Grande parte do jogo está jogado. Falta a "esquerda" dizer como joga? Nunca foi tão fraca no Rio. E nunca foi tão dividida!