Para quem reclama da ausência do debate político e ideológico no plenário da Câmara Municipal de São Paulo, o presidente Antonio Carlos Rodrigues (PR), que será reeleito neste sábado (15/12) com apoio da base governista, do Centrão e do PT, protagonizou ontem um acalorado debate com o vereador Tião Farias (PSDB), entre uma sessão e outra.
A discussão girou em torno de quem teria "batido na porta" de quem: o presidente ACR (não confundir com o finado ACM) teria procurado os tucanos para oferecer um cargo na Mesa Diretora, ou os tucanos é que procuraram o Centrão para reclamar uma vaga?
Um comentário do vereador do PSDB no elevador privativo da Câmara chegou aos ouvidos do presidente, que não gostou e foi tirar satisfação. Ao ouvir que a expressão "bater na porta" teria sido força de expressão, ACR rebateu que, para ele, "força de expressão é lembrar que Zuzinha torrava fortunas nos cassinos de luxo".
Traduzindo a mensagem cifrada: Zuzinha é filho do ex-governador Mário Covas, de quem Tião Farias era articulador e homem de confiança. O tucano não gostou do comentário e afirmou que se ACR sabia disso era porque o acompanhava nos cassinos. Aí o presidente da Câmara fez outra insinuação: "Nunca gastei nenhuma fortuna, mas o dinheiro que eu gastei era meu, tinha origem declarada."
O isolamento de Tião Farias (o único vereador da bancada tucana que se mostra entusiasmado com a candidatura de Geraldo Alckmin à Prefeitura, retirando o apoio do PSDB à reeleição de Gilberto Kassab), que já era notado subjetivamente, ficou mais claro após a discussão: além de nenhum colega do PSDB sair em sua defesa, ainda confirmaram o comentário feito no elevador, que gerou o bate-boca.
Outro tema que causou polêmica no plenário foi a revelação do "acordo" que a bancada do PT teria feito para aprovar o Orçamento enviado pelo prefeito Gilberto Kassab e encerrar o ano legislativo sem maiores transtornos ao governo: a aprovação de três projetos de lei por vereador do PT em segunda e definitiva votação, a derrubada de quatro vetos do Executivo a leis apresentadas por petistas e a liberação de emendas orçamentárias no valor de R$ 2 milhões por vereador. Ninguém desmentiu o teor do acordo.