Leia a seguir a íntegra do debate envolvendo o vereador Ricardo Young (PPS), todos os questionamentos e apartes que foram feitos sobre a blindagem dos vidros da Câmara e a mudança do vale-refeição dos funcionários, a partir das notas taquigráficas da sessão ordinária de 5 de setembro de 2013.
Manifestaram-se, além de Ricardo Young e do presidente da Câmara, José Américo (PT), o secretário-geral Claudinho de Souza (PSDB), que estava presidindo aquela sessão, e outros nove vereadores, pela ordem: Orlando Silva (PCdoB), Marco Aurélio Cunha (PSD), Coronel Telhada (PSDB), Adilson Amadeu (PTB), Reis (PT), Rubens Calvo (PMDB), Conte Lopes (PTB), Wadih Mutran (PP) e Natalini (PV).
O
SR. PRESIDENTE (Claudinho de Souza – PSDB) – Tem a palavra, pela
ordem, o nobre Vereador Ricardo Young.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Sr.
Presidente, com anuência de meu líder, farei um comunicado.
Tratarei
de um assunto que tem passado despercebido e que está diretamente relacionado à
Mesa desta Casa.
Quando
iniciei meu mandato, fiquei bastante impressionado com aquilo que poderia
parecer uma liberalidade da Casa, que era o acesso das pessoas sem
identificação. Conversei com várias pessoas – funcionários da Casa e alguns
Srs. Vereadores -, que me disseram que isso se dava porque a Casa era do povo,
que deveria ter livre acesso. Esse argumento era extremamente republicano e
passei a apoiar essa medida.
Quando
houve a restrição da entrada de pessoas usando chinelo e/ou bermuda, isso
novamente veio à tona, reiterando-se o direito de as pessoas terem acesso à
Casa sem identificação.
Nos
últimos dias, os jornais têm veiculado que a Mesa tomou a decisão de fazer um
investimento de 1,2 milhão de reais para trocar toda a fachada da Câmara por
vidros à prova de bala. E mais: algumas pessoas têm afirmado que o próximo
passo é fechar as galerias também com vidros à prova de bala. Isso demonstra
uma postura, em relação à população e aos movimentos, que me dá arrepios!
Em
momento algum, os movimentos mostraram qualquer tipo de agressividade que
justificasse uma medida tão descabida – e não estou falando somente do bom uso
do dinheiro público. Estou falando do acesso das pessoas e dos movimentos nesta
Casa.
Então,
fico feliz que o nosso Presidente esteja entrando, neste momento, no Plenário,
o que possibilitará a S.Exa. acompanhar minha fala de liderança.
A
Mesa Diretora tem tomado algumas decisões, não tem consultado os nobres
Vereadores, não tem justificado essas decisões e nos deixa sem informação e
expostos ao público.
Por
que esta Casa vai se proteger dos movimentos? Inclusive, existe a controvérsia
sobre os próprios tiros que eventualmente foram dados aqui e que estariam
justificando isso.
Então,
questiono medidas recentes como essas, medidas recentes com os próprios
funcionários, em que houve mudança no vale-refeição. O vale-refeição anterior
era aceito por inúmeras casas, inúmeros estabelecimentos de São Paulo. Houve
uma mudança e o vale-refeição agora é extremamente restritivo.
Nenhuma
explicação foi dada para os funcionários. Nenhuma explicação para os
Vereadores.
-
Assume a presidência o Sr. José Américo.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) - (Pela ordem) – Então, Sr.
Presidente, que agora reassume, gostaria que V.Exa. desse algumas explicações
para nós a respeito dessas decisões, e quais são os critérios que a Mesa tem
usado para tomar essas decisões. Acho que essas decisões estão nos
constrangendo, estão tirando da Casa a vocação e a tradição de uma Casa aberta,
permanentemente aberta ao diálogo, à frequência da população. E me parece que
aquilo de que os movimentos nos acusam, que é o distanciamento dos políticos em
relação à população, se confirma mais uma vez. Ao invés de criarmos mecanismos
para intensificar o diálogo, nós estamos colocando vidros à prova de bala para
deixar o movimento ainda mais estranho.
Para
não citar o desconforto das centenas de pessoas que frequentam esta Casa, que
agora precisam dividir um corredorzinho que mal tem um metro, um metro e vinte,
para entrar e sair da Casa.
Todas
essas medidas adotadas sem nenhuma explicação, nenhuma justificativa, e ficamos
à mercê de decisões que não quero acusar de arbitrárias. Tenho certeza de que
V.Exas. devem ter razões, mas pelo menos tornem-nas públicas.
Muito
obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Gostaria de, usando a
prerrogativa de Presidente, dar uma pequena resposta ao nobre Vereador.
Acho
que nós viemos, Vereador Ricardo Young, de escolas políticas diferentes. Eu não
jogo para a plateia nem para o público e não sou considerado oportunista por
ninguém que está aqui dentro. Então tomo as minhas posições e assumo minhas
responsabilidades.
Quero,
em primeiro lugar, dizer para V.Exa. que quem disse que nós recebemos tiros não
fui eu nem V.Exa., tem de ser a Polícia Civil. É a Polícia Civil que deve
entregar um relatório nos próximos dias constatando se houve tiro ou não. Pelo
que tudo indica, foram tiros.
V.Exa.
é leviano. V.Exa. é um homem leviano. V.Exa. é um homem leviano.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – V.Exa. me respeite.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Não. V.Exa. é um homem leviano.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – V.Exa. me respeite. Eu não ofendi.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – V.Exa. depois responde. V.Exa. é
um homem leviano.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – V.Exa. me respeite. Não use da prerrogativa
de Presidente para desrespeitar os Vereadores.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Eu estou falando.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – Então me respeite.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Estou falando que V.Exa. é um
homem leviano, depois V.Exa. vem e responde. V.Exa. é um homem leviano
porque...
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – Não aceito essa acusação e V.Exa. me
respeite.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – V.Exa. é leviano. Nobre Vereador,
por favor, tome a palavra depois, diga que V.Exa. foi citado e diga: “Não sou
leviano”.
Eu
digo que V.Exa. é leviano porque quem deve dizer se houve tiros ou não houve
tiros é a Polícia Civil. Eu não sou qualificado para dizer se foi pedrada ou se
foi tiro. A Polícia Civil é que vai dizer.
-
Manifestação fora do microfone.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Exatamente. Essa Polícia já deu
indicações que houve tiro. Quero ver.
Segundo
lugar, V.Exa. omitiu dos telespectadores da TV Câmara que na manifestação, há
15 dias, os manifestantes jogaram pedras e quebraram três faces dos nossos
vidros.
O
nobre Vereador omitiu de vocês porque quis armar a realidade em função dos
argumentos dele. Então foi por isso que S.Exa. omitiu de vocês. De V.Exas. não,
porque os Srs. Vereadores sabem, conhecem o nobre Vereador, mas o telespectador
não conhece. Omitiu. Os manifestantes derrubaram nossos vidros.
Quebraram
nossos vidros enquanto dialogávamos com esses manifestantes.
Em
terceiro lugar, com relação ao vale-refeição, V.Exa. só tem duas alternativas:
foi produto de licitação, ou V.Exa. questiona o contrato ou fica quieto, porque
é uma licitação. Eu não posso indicar quem eu acho que devo indicar. Eu
preferia a empresa anterior, que era muito boa, mas ganhou outra. Aqui é para
valer.
V.Exa., por favor, questione ou então não coloque juízo porque senão eu
o chamarei de leviano de novo.
Eu
chamei V.Exa. de leviano quando se referiu aos tiros. Não vou deixar um guarda
lá embaixo fazendo a nossa segurança, à noite, correndo o risco de levar
pedradas ou tiros porque V.Exa. acha que os vidros blindados constrangem o
movimento. Aquilo não constrange o movimento coisíssima nenhuma. Essa é uma
segurança necessária para nossa Casa.
Não
podemos distorcer a realidade. Pessoas que distorcem a realidade e fazem
afirmações sem consistência são levianas. V.Exa. me desculpe, mas vou chamá-lo
de leviano todas as vezes que V.Exa. fizer uma afirmação sem consistência.
Não
podemos simplesmente ir jogando aquilo que pensamos só porque pode agradar à
pessoa que está ali em cima ou quem esteja ouvindo. Só queria deixar isso
claro.
Com
relação à concorrência do vale-refeição, não vou falar. V.Exa., por favor,
questione. Se V.Exa. não questionar, por escrito, eu virei na próxima sessão e
direi que V.Exa. é leviano porque suscitou uma questão, eu o desafiei a
questionar e V.Exa. não questionou. Então, é leviano. Ainda não o chamei de
leviano por isso, só o chamei de leviano por conta das balas que V.Exa. disse
que não houve. Digo a V.Exa: questione, por favor, a concorrência porque senão
será acusado de leviano de novo.
Tem
a palavra, para um comunicado de liderança, o nobre Vereador Orlando Silva.
O
SR. ORLANDO SILVA (PC do B) - (Pela ordem) – Sr.
Presidente, em primeiro lugar, quero hipotecar total solidariedade e apoio à
sua condução na direção desta Casa.
Nesta
semana, vivemos um momento delicado, tenso, de debates e enfrentamentos, com a
galeria ocupada por pessoas que defendiam um ponto de vista e outras que
defendiam outro ponto de vista.
Considero
que o nosso Presidente José Américo buscou a atitude mais equilibrada possível.
Mesmo em um ambiente tenso, V.Exa. buscou um caminho que permitisse a cada
Vereador que quisesse usar a palavra assim o fizesse e, ao mesmo tempo,
garantisse a manifestação, às vezes, de maneira difícil. Eu assisti: o que
vimos não foi simples, e o Presidente José Américo teve equilíbrio na condução
dos trabalhos naquele momento de tensão.
Considero
que V.Exa. tem tido atitude na direção da Mesa da Casa, uma Mesa plural, fruto
de acordo de toda a Casa, com representação das várias forças políticas. O
Presidente José Américo tem tido uma atitude que procura ser equilibrada.
Sr.
Presidente, saiba que V.Exa. tem o apoio da maioria absoluta na Casa na
condução deste Plenário. (...)
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Tem a palavra, para um comunicado
de liderança, o nobre Vereador Ricardo Young.
O SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Sr.
Presidente, V.Exa. sabe muito bem, e tenho fatos abundantes que o demonstram,
do respeito que nutro por V.Exa. Porém, enfrentar um contraditório com
acusações como as que V.Exa. acabou de fazer não combina com seu estilo e com a
maturidade e o equilíbrio com que V.Exa. tem conduzido os trabalhos desta Casa.
Como
Vereador eleito – assim como V.Exa. -, tenho direito de saber sobre as decisões
desta Casa e não ficar refém de informações de jornais que tentam denegrir a
Câmara Municipal, pela qual todos somos responsáveis. Pedi esclarecimentos
sobre uma decisão da Mesa Diretora que me pareceu exagerada, e V.Exa. já tenta
desqualificar meu pedido de esclarecimentos acusando-me de leviano. Isso
demonstra que V.Exa. está sendo autoritário no exercício de sua função. Não fiz
nenhum prejulgamento; levantei uma questão e disse: “Saímos do zero e fomos
para 80”. Saímos de uma situação em que a Casa não pedia sequer uma
identificação das pessoas para uma situação em que a Casa, agora, se blindará
com vidros à prova de balas e fechará a galeria, de onde as pessoas acompanham
os nossos trabalhos.
Pedi
esclarecimentos. Se pedir esclarecimentos é ser leviano, então V.Exa. está
constrangendo o direito de debate nesta Casa. Desculpe-me, tenho enorme
respeito por V.Exa., mas respeite nossa liberdade de debater as ideias e a
prerrogativa que os Vereadores têm de obter esclarecimentos da Mesa, por favor.
Há
outro ponto que quero levantar. Todos nós conhecemos a Lei 8.666 e sabemos que
ela se pauta por preço e técnica. Dentro da técnica, ou melhor, dos serviços
ali circunscritos, obtemos o melhor preço. Isso está claro. É só perguntar para
qualquer funcionário desta Casa para notar que as prerrogativas do atual
vale-refeição são completamente diferentes das do anterior. Provavelmente o
anterior era mais caro, mas obviamente muito mais abrangente. Não entrarei
nessa discussão técnica e farei o requerimento que V.Exa. me sugere.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Por favor.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Mas, por favor, Sr.
Presidente, toda vez que um Vereador vier ao microfone pedir esclarecimentos
sobre decisões da Mesa, não comece a desqualificar o pedido chamando o Vereador
de demagogo e leviano. Desculpe, mas V.Exa. é quem está se desgastando em sua
autoridade, que em nenhum momento foi questionada.
Muito
obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Só gostaria de saber uma coisa,
nobre Vereador: por que meios V.Exa. ficou sabendo que há qualquer projeto de
blindagem das galerias? Só para provar o que estou falando.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) - Pelos jornais.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Não saiu nos jornais...
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Eu mostro aqui para V.Exa.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Mostre pra mim. Não saiu em
nenhum jornal importante. Nada. Não saiu. É isso que eu chamo de jogar para a
plateia e ser leviano.
E
com relação às balas...
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Então dê o esclarecimento.
Basta que V.Exa. dê o esclarecimento.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – E com relação às balas, eu digo
para V.Exa.: não sei se entrou ou saiu bala daqui de dentro.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Então V.Exa. fecha uma
concorrência para vidro à prova de balas e nem sabe se foi bala? Ora, meu
pedido de esclarecimento procede.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Não. Só quero dizer o seguinte:
em primeiro lugar, existe um exame de balística sendo feito, um exame técnico.
Outra coisa de que não tenho dúvidas: os manifestantes derrubaram nossos vidros
aqui. V.Exa. não viu isso? (Pausa) Os manifestantes quebraram.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Não esqueça de que eu estava
lá junto com V.Exa.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Porque V.Exa. não citou isso em
sua fala?
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Junto com V.Exa. Eu disse que
não via justificativa para se colocar vidros à prova de bala, uma vez que nós
nem sabemos se foram dados tiros aqui.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – São blindados. Mas não estou
falando disso, os meninos jogaram pedras e eles admitiram, na sua frente, que
eles jogaram pedras.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Isso é verdade. Jogaram
pedras. Isso todo mundo sabe.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – E quebraram. São blindados, não
são à prova de balas necessariamente, são à prova de pedras também.
Tem
a palavra, pela ordem, o nobre Vereador Marco Aurélio Cunha para um comunicado
de liderança.
O SR. MARCO AURÉLIO CUNHA (PSD) – (Pela ordem)
– Comunicado de Liderança do PSD, com autorização da minha Líder Edir Sales.
Gostaria
de falar ao nobre Vereador Ricardo Young, por quem tenho muito respeito,
comungamos de muitas coisas, temos ideologia semelhante em algumas questões.
Sou
o Vice-Presidente desta Casa e faço parte da Mesa Diretora. Acompanho o que
ocorre em cada reunião de Mesa, a cada 15 dias.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – E são abertas.
O
SR. MARCO AURÉLIO CUNHA (PSD) – (Pela ordem) – E as reuniões são
aberta. Então eu fico um pouco preocupado quando V.Exa. vêm à tribuna fazer
perguntas às quais, para obter respostas, basta ir às reuniões. Elas são
abertas, V.Exa. pode participar.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Para a imprensa, inclusive.
O
SR. MARCO AURÉLIO CUNHA (PSD) – (Pela ordem) – Se V.Exa. não quiser
debater, a Mesa Diretora tem autonomia para suas decisões; ela representa a
Casa. Isso é o Regimento. Cada um que está lá foi composto segundo uma ordem,
uma questão que é regimental, de posicionamentos, e uma eleição eventual. Então
estamos ali representados. Como V.Exa. está representando a população, lá
estamos representando os Srs. Vereadores. E temos direito e autonomia de fazer
as colocações necessárias e, apoiados pela Procuradoria e por todos os
dirigentes profissionais da Casa, de estabelecer o que é melhor ou não para a
Casa. Se V.Exa. quiser saber, é simples: vá às reuniões, ouça e debata conosco.
O
que é um pouco intrigante e me deixa um pouco chateado, por sua postura tão
correta, é fazer isso publicamente. V.Exa. pode ir e perguntar, não há
constrangimento algum. Se tem alguma dúvida, vá às reuniões de Mesa e
questione. Nobre Vereador, gosto muito de V.Exa., mas quando coloca aqui e
edita isso, está jogando para sua plateia, não está jogando para a população. V.Exa.
precisa perguntar primeiro.
Então
veja bem: as questões do vandalismo...
-
Manifestação antirregimental.
O
SR. MARCO AURÉLIO CUNHA (PSD) – (Pela ordem) – Não. V.Exa. não...
-
Manifestação antirregimental.
O
SR. MARCO AURÉLIO CUNHA (PSD) – (Pela ordem) – Por favor, eu o ouvi
com tanta atenção. V.Exa. está perguntando algo que pode perguntar diretamente.
O fato de perguntar aqui instiga uma dúvida. V.Exa. quer saber ou quer instigar
a Mesa Diretora contra as pessoas?
-
Manifestação antirregimental.
O
SR. MARCO AURÉLIO CUNHA (PSD) – (Pela ordem) – V.Exa. pergunte depois,
na reunião de Mesa.
-
Manifestação antirregimental.
O
SR. MARCO AURÉLIO CUNHA (PSD) – (Pela ordem) - Mas não há por que não
saber. V.Exa. coloca publicamente para sua plateia, não pergunta publicamente
porque quer saber, pessoalmente, como representante. V.Exa. está querendo jogar
a Mesa Diretora contra as pessoas, e não é justo, porque lá se faz um trabalho
correto.
Sou
francamente a favor de colocarmos os vidros...
-
Manifestação antirregimental.
O
SR. MARCO AURÉLIO CUNHA (PSD) – (Pela ordem) – Não. Ela está lá para
V.Exa. frequentar, para, no momento da reunião, V.Exa. perguntar o que quiser.
Quando V.Exa. pergunta aqui, dá a dupla interpretação de que a Mesa usa de má
fé ou faz o que quer. Não. V.Exa. pode ir lá na hora que quiser. Não precisa
perguntar aqui para sua plateia. Vá lá perguntar diretamente a cada um da Mesa.
Isso sim é honesto, é corretíssimo do ponto de vista de procedimento pessoal.
Quando V.Exa. vem aqui e instaura a dúvida, está jogando para a Mesa Diretora o
questionamento de não ser correta, de não fazer a coisa como deveria,
tecnicamente.
A
população vai receber isso de forma clara, pelo site, pelos
documentos. Se ela quiser, vai frequentar. Não tem nenhum questionamento. O que
não fica bem é V.Exa. perguntar publicamente o que pode saber pessoalmente.
V.Exa. vá à reunião, questione, debata, ajude. V.Exa. está igual àquele morador
do prédio que fica gritando na rua, achando que está tudo errado, mas não vai à
reunião de condomínio. Vá à reunião de condomínio e reclame lá, porque falar
com a vizinha não fica bem. Não é a sua postura elegante que costumo ver aqui,
nobre Vereador.
Quanto
à questão dos vidros antidepredação - hoje o termo usado é “antivandalismo” -,
nada mais justo do que colocar vidros antivandalismo aqui, porque não é
possível que V.Exa. concorde que pessoas venham aqui e quebrem.
Acho
excelente toda manifestação popular de desagrado, de constrangimento, de que a
classe política tem as suas dificuldades e tem de se manter mais firme e ser
mais correta. Sou o primeiro a participar desse tipo de protesto, de
necessidade e de busca de ideologia, mas não posso admitir que alguém quebre
banco, vidraça ou banca de jornal. Não posso admitir isso, em nenhum lugar. Meu
pai e minha mãe ensinaram-me isso.
Quando
V.Exa. diz que estão bloqueando a democracia, quase diz: “Podem quebrar que é
legítimo”. Não podem. Então falo da proteção de quem trabalha aqui, do
funcionário desta Casa. Falo da proteção da Guarda Civil Metropolitana. As
grades são mecanismos de proteção, antipânico. Até em shows tem.
Quando
falamos alguma coisa, tem de haver conteúdo. As questões seguem certos
procedimentos. São orientações técnicas.Trabalhei a vida inteira em campos de
futebol com 60 mil, 70 mil pessoas; e tem ordem, tem policiamento, cavalaria,
baias para as pessoas entrarem e saírem, porque o mecanismo é de ebulição, uma
torcida contra a outra. Isso não é antidemocracia.
Há
alguns enganos, porque agora tudo pode, tudo é democracia, tudo pode ser feito.
Mais ou menos. A educação que os nossos pais nos deram, que não foi errada, não
era tão liberal assim. É bonito de falar para a torcida, mas na nossa casa
queremos um pouco mais de organização e direito.
Muito
obrigado. (Palmas)
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Nobre Vereador, V.Exa. poderia
nos mandar o jornal em que saiu a matéria do bloqueio das galerias. Eu vi isso
no blog do PPS, não no jornal.
Tem
a palavra, pela ordem, o nobre Vereador Claudinho de Souza.
O
SR. CLAUDINHO DE SOUZA (PSDB) – (Pela ordem) – Sr. Presidente, venho
ao microfone por ser membro da Mesa Diretora, para manifestar solidariedade e
dar um depoimento sobre a seriedade com que são conduzidos os assuntos
relacionados aos interesses da Casa.
A
preocupação do Vereador Ricardo Young é legítima. Se S.Exa. está aqui para
defender os interesses do povo com relação ao que acontece na Cidade, muito
mais legítimo que também defenda os interesses do povo quanto aos assuntos
relacionados a decisões tomadas nesta Casa.
Com
relação aos temas abordados, não sou da área de segurança e não conheço esse
assunto. Minha área é tecnologia em telecomunicações. Não foi o Sr. Presidente
desta Casa, nem o 1º Secretário nem um componente da Mesa Diretora que decidiu
que deveria ser feita uma reforma, colocar vidros de melhor qualidade para
proteção dos servidores que aqui ficam.
Na
liderança do PSDB, uma pedra atingiu a nossa sala e só não machucou uma
funcionária porque ela não estava sentada naquele momento. Então técnicos da
Casa tomaram a decisão, com conhecimento sobre o assunto, de optar por vidros
de melhor qualidade.
Concordo
plenamente com o Vereador Marco Aurélio Cunha quando informa ao Vereador
Ricardo Young que a questão de decisões internas não precisa vir a público.
Aqui é lugar para discutirmos políticas da Cidade, políticas partidárias e
políticas ideológicas. Esses microfones aqui são para discutir decisões
internas, técnicas e operacionais da Casa. Nobre Vereador Ricardo Young, essas
decisões são discutidas na Mesa Diretora, com toda abertura. A preocupação de V.Exa.
é legítima, só que no plenário nós discutimos ideologia, problemas da Cidade e
assuntos de interesse da população de modo geral, como políticas. As questões
internas têm um fórum para ser discutidos, que é a Mesa Diretora.
Por
que mudou a empresa de vale-refeição? Por que não é mais aquela empresa? Porque
terminou aquele contrato, a Casa tinha de fazer uma nova licitação, essa
empresa ganhou e tem havido uma série de reclamações dos usuários. A Mesa
Diretora tem tomado decisões a fim de que seja aumentado o número de
estabelecimentos credenciados. Mais de 200 visitas a estabelecimentos já foram
realizadas e constatou-se que parte deles realmente não está credenciada para
essa empresa, mas também não estava para a antiga.
Todo
esse trabalho, com supervisão da Mesa Diretora, à qual pertenço, tem sido
realizado com bastante competência por profissionais da Casa, e todas essas
informações realmente poderiam ter sido obtidas em uma das nossas muitas
reuniões. Então, apesar de legítimo, o fórum de tornar pública, sem objetivo
claro, a questão da necessidade de haver ou não vidro blindado na Casa foi
inadequado.
Assim
como o nobre Vereador Marco Aurélio Cunha, reafirmo a disposição da Mesa em
realizar reuniões abertas à participação de qualquer Sr. Vereador, com opiniões
e críticas, se achar que estamos tomando alguma decisão errada. É comum aos
membros da Mesa Diretora pedirem vista de processos sobre os quais tenham
dúvida, a fim de avaliar melhor algumas questões. Mesmo assim, eventualmente,
S.Exas. podem tomar decisões erradas, pois ninguém é dono da verdade ou acerta
sempre.
Um
exemplo de que a Mesa Diretora é zelosa foi a devolução aos cofres do Poder
Executivo de mais de R$ 100 milhões, que foram destinados à Educação.
Então,
a forma como o nobre Vereador Ricardo Young abordou a questão fez pairar a
dúvida de que poderia haver má-fé nas decisões tomadas. Mas só há boa intenção
nesse trabalho realizado com muita responsabilidade.
Era
o que eu tinha a dizer. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Informo a qualquer interessado
que há um inquérito em relação ao possível tiroteio ocorrido nesta Casa que se
encontra na fase de oitiva na Polícia Civil, sob o nº 822/13 e sob
responsabilidade da Delegada Vanessa Lima da Costa. Não digo que ocorreu ou não,
pois eu não estava presente e a investigação ainda está na fase de balística.
Sobre
a acusação de esta Presidência ter agido de forma equivocada ao retirar da
galeria manifestantes que estavam impedindo a fala de um Sr. Vereador, o
Regimento Interno desta Casa e o meu espírito democrático me obrigaram a fazer
isso. Enquanto eu for Presidente desta Casa, garantirei a palavra aos Srs.
Vereadores. Se algum manifestante tentar impedi-la, vou, sim, pedir para que
seja retirado, pois ele não tem o mesmo direito que têm os Srs. Vereadores.
Simples assim.
Essa
é a minha resposta ao blog do PPS.
Continuo
aguardando o jornal a que o nobre Vereador Ricardo Young se referiu, no qual
teria sido publicado que esta Casa estaria querendo blindar a sua galeria.
Tem
a palavra, pela ordem, o nobre Vereador Coronel Telhada.
O
SR. CORONEL TELHADA (PSDB) – (Pela ordem) – Sr.
Presidente, como integrante da Comissão de Segurança da Casa e tendo em vista o
tema ora abordado, gostaria de dizer que conversei com outros Srs. Vereadores
do PSDB e, apesar das nossas diferenças de opinião, estamos de pleno acordo com
a postura adotada pela Presidência da Casa, sempre conduzindo os trabalhos
galhardamente.
Quando
assumimos o mandato, fomos muito criticados pela postura de querer manter a
ordem e exigir segurança nesta Casa. No Brasil de hoje, por incrível que
pareça, é tachado de radical e fascista aquele que quer manter uma postura
ordeira. É interessante notar que quem cumpre a lei é criticado e quem não a
cumpre, adorado.
Qualquer
mau-caráter hoje monta um blog e escreve o que quer, e isso passa a
ser tido como verdade. Não pode ser assim.
Nós,
Vereadores eleitos pela cidade de São Paulo, precisamos pensar antes de vir a
este microfone falar, e o que falamos precisa ter fundamento. Do contrário,
tornamo-nos levianos e politiqueiros.
Então,
temos de pensar, porque, no Brasil, quem não é técnico em segurança, é polícia,
conhece tudo. Só que na hora de resolver aquele problema sério, V.Exa. e o
nobre Vereador Ricardo Young é que foram lá. Graças a essa postura, evitou-se
um mal maior naquele dia. Mas, mesmo assim, houve apedrejamento. Para quem não
sabe, quebraram as janelas da Liderança do PSDB com uma pedra. E digo mais:
qual a diferença de ser uma pedra ou uma bala? A pedra mata da mesma maneira.
São
necessários materiais de segurança nesta Casa da Lei e da Ordem, senão não
conseguiremos trabalhar. Se 20 gatos pingados quiserem pular aqui dentro e
agredir algum de nós, como ficará essa situação? Aonde vamos chegar? Precisamos
nos lembrar de que é preciso ter ordem e controle de acesso.
V.Exa.
tem se mostrado de maneira exemplar, não só democraticamente, na condução dos
trabalhos, como no quesito ordem no acesso a esta Casa. Há inúmeros casos, em
outros países, e mesmo no Brasil, em que as Casas Legislativas são invadidas
sem motivo, as pessoas o fazem simplesmente por politicagem. As Casas não são
invadidas por conta de alguma reivindicação, mas por politicagem. Isso está se
tornando comum no Brasil. Até onde iremos permitir isso, Sr. Presidente? É
preciso que algum Sr. Vereador seja agredido? Há Sras. Vereadoras nesta Casa,
como ficará a situação dessas mulheres, das senhoras que trabalham na parte
administrativa e nos gabinetes?
Estamos
sendo levianos, sim, concordo com V.Exa., porque quando discutimos um assunto
que não conhecemos, trazemos fatos que não são verdadeiros e defendemos uma
parcela que só quer desordem. Entendo que quem defende a desordem está se
prevalecendo dela. Precisamos tomar cuidado.
O
nobre Vereador Vavá está me lembrando que naquele dia a grande maioria saiu
daqui assustada. O telespectador não sabe disso, quem vê acha que o político é
vagabundo, não faz nada, só que ficamos aqui diariamente até as 20h, 21h, 22h,
com evento ou não, fora quando trabalhamos na rua. Os Srs. Vereadores e nossos
funcionários saem daqui preocupados com a segurança.
A
questão da segurança na Casa é legítima, correta e faz prevalecer a ordem. Não
podemos, enquanto vereadores, representantes de 10 mil, 20 mil, 30 mil, 100 mil
pessoas que nos elegeram, fomentar problemas ainda maiores do que os que a
Cidade já possui.
O
próprio Sr. Vereador se manifestou outro dia dizendo que, devido à nossa
proposta de homenagem, ficamos com a Casa travada duas semanas, o que não foi
nossa culpa e sim de quem pediu votação nominal. Mas, agora, traz um problema
que não sei de que forma poderá agregar.
Concordo
com todos os que falaram que deveria ter procurado V.Exa. ou outro membro da
Mesa Diretora pedindo explicações, o que cada um de nós faria, e não trazer a
público uma informação que não é verídica, insinuações contra a Mesa que não só
ofendem o Sr. Vereador que faz parte dela como ainda deixam uma dúvida muito
grande para as pessoas que nos assistem, pelo menos os jornais comentaram isso
aqui. Trata-se de um assunto que poderia ser resolvido internamente.
Sr.
Presidente, V.Exa. sabe muito bem que o dano moral é muito prejudicial. É como
se subíssemos no alto de uma montanha com um travesseiro de penas e as
lançássemos ao vento. Pode-se até tentar recolher essas penas depois, mas
sempre sobrarão algumas.
É
preciso pensar sobre o que dizemos quando formos criticar, comentar ou pedir
uma opinião. Vamos trazer fatos concretos à Mesa, que possam ser provados, e
não conjecturas politiqueiras, inoportunas e, como V.Exa. mesmo disse, de
repente, levianas.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Tem a palavra, pela ordem, o
nobre Vereador Adilson Amadeu.
O SR. ADILSON AMADEU (PTB) - (Pela ordem) – Sr.
Presidente, V.Exa. está de parabéns pela condução brilhante desta Casa. V.Exa.
o faz com muita maestria.
Diante
dos fatos ocorridos ontem, V.Exa. gentilmente pediu para que as pessoas se
retirassem, aquelas que estavam sendo mal-educadas. A Soldada Vânia quase foi
agredida quando tentava, gentilmente, tirar uma pessoa que queria até cuspir
nela.
Com
referência à Mesa Diretora da Casa, com os nobres Vereadores Marco Aurélio
Cunha, Claudinho de Souza e eu, como 2º Secretário, digo que há muita
transparência. Meu querido e nobre Vereador Ricardo Young, trata-se de uma Mesa
exemplar, como todas as que já houve nesta Casa.
Quando
projetos passam ali, são analisados pelos Procuradores. E procuramos o melhor
para a Casa. Quando falamos de blindagem, é blindagem de todos nós: funcionários,
Vereadores, Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana, pessoal da limpeza.
Agora, ficar querendo pegar o estilingue e dar pedrada... Não dê pedrada, que
não é bom dar pedrada em ninguém nesta Casa!
-
Aparte antirregimental.
O
SR. ADILSON AMADEU (PTB) – (Pela ordem) -Imagine, nobre Vereador
Ricardo Young! V.Exa. falou em ameaça. Imagine que eu fosse ameaçar V.Exa.!
V.Exa. que teve uma grande empresa, e que maravilha como V.Exa. fez dignamente
esse trabalho anos e anos. Não sei, não li a respeito disso, mas me falaram que
V.Exa. vendeu essa empresa para uma multinacional, haja vista a sua capacidade
de cuidar das coisas!
Tenho
uma empresa há 42 anos, nobre Vereador José Alvarenga Roberto Tripoli, nobre
Vereador Conte Lopes, e procuro ver a melhor maneira para trazer fornecedores.
Só juntei a sua empresa com a minha, pois são coisas parecidas. Temos de ter
cuidado com tudo isso.
Agora
V.Exa. ter uma desconfiança da Mesa, ou de atos que estão acontecendo na Mesa?
Permita-me. Pela sua maneira de conduzir aqui no Parlamento as suas propostas,
como ontem veio falar sobre o licenciamento de bicicletas; pela maneira
cuidadosa como fala com todos nós, V.Exa. precisava ter um pouco mais de
cuidado ao falar dos Srs. Vereadores da Mesa.
O
nobre Vereador José Américo, os diretores, as pessoas que compõem a Mesa, os
funcionários desta Casa, são brilhantes. Aliás, se os funcionários desta Casa,
todos, cruzarem os braços, o Vereador pode dormir porque não haverá o que
fazer. Dependemos dos funcionários.
Então,
gostaria que V.Exa., uma pessoa inteligentíssima, participasse conosco da
reunião da Mesa para ver tudo o que já aconteceu, tudo o que já foi assinado
pela Mesa, e o que ainda acontecerá.
Se
eu fosse o Presidente da Mesa e pudesse ter caneta para rascunhar, derrubaria
este prédio para construir um novo, porque o nosso já está démodé. Mas
ficamos preocupados com a população, com os jornalistas, e as coisas ficam
difíceis.
Nós,
Srs. Vereadores, precisamos resolver a nossa vida, porque fica difícil andar
nas ruas e ser cobrado no dia a dia. Numa fala, às vezes, as pessoas que nos
assistem podem não entender, fica mal para todos nós.
Portanto,
nobre Vereador Ricardo Young, em momento algum vim desafiar ou coisa parecida.
Temos até a mesma altura, e não desafio ninguém. O único que desafiei aqui
brincando, e acabei lhe pedindo desculpas depois, foi o nobre Vereador Claudio
Fonseca, que entendeu que eu o estava desafiando de outra maneira, mas era meu
jeito de dançar bolero, chá-chá-chá, e fiz uma posição diferente.
Portanto,
a preocupação é uma só.
-
Aparte antirregimental.
O
SR. ADILSON AMADEU (PTB) – (Pela ordem)-Jamais! Nem o nobre Vereador
Ricardo Young, nem o nobre Vereador Marquito que, outro dia, brincou comigo:
“S.Exa. é corintiano; e eu, palmeirense”. Não desafio ninguém, ninguém.
O
que aconteceu é que eu cheguei ao meu gabinete e o meu pessoal falou: “Estão
falando da Mesa Diretora, há uma desconfiança de blindagem ou coisa parecida”.
Esqueça tudo isso, participe como o faz o Voto Consciente. Permitam-me dizer,
pois, às vezes, o Movimento Voto Consciente cochilava. Brincávamos com eles:
“Não durmam à mesa, é importante que participem direitinho”. Mas ficamos
preocupados porque não participa...
Então,
entendam o seguinte: jamais vou desafiar o nobre Vereador Ricardo Young. É só
uma questão da prática. Tenho por S.Exa. muito respeito, muito respeito! Muito
respeito pelo nobre Vereador Ricardo Young!
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Tem a palavra, pela ordem, o
nobre Vereador Reis.
O
SR. REIS (PT) – (Pela ordem) – Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, não sou tão brilhante quanto os Srs. Vereadores que me antecederam,
mas quero dizer da alegria, do orgulho que tenho tido em participar da 16ª
Legislatura da Câmara Municipal de São Paulo sob a presidência do nobre
Vereador José Américo.
Excelências,
é fato que, na Comissão de Segurança Pública, trouxemos à discussão a
vulnerabilidade desta Casa. A Casa não tem segurança alguma. Então, a Mesa ter
tomado providências para garantir a segurança - não só dos Srs. Vereadores como
também dos funcionários e da população que visita esta Casa - é de suma
importância. São vidraças que, recebendo pedradas, vão se desmontar, e o acesso
fica totalmente livre. Acho que é inquestionável, temos de apoiar e parabenizar
o Sr. Presidente pela atitude que tomou. É duro quando as pessoas se omitem,
mas a Casa, a Mesa Diretora toma atitude. (...)
Muito
obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Tem a palavra, pela ordem, o
nobre Vereador Rubens Calvo.
Depois
falarão os nobres Vereadores Conte Lopes e Ricardo Young.
O SR. CALVO (PMDB) – (Pela
ordem) - Sr. Presidente, faço uso deste comunicado de liderança pelo meu
partido para externar que o PMDB compõe a Mesa, que, por sua vez, recebeu votos
de todos os Srs. Vereadores, e nós nos sentimos representados pelo comando
diretivo desta Casa; e acredito que o nobre Vereador Ricardo Young, dada a sua
seriedade, jamais colocaria em dúvida a honestidade e idoneidade de V.Exas.
A
imprensa está explorando o fato de que a Mesa Diretora tomou a decisão de
substituir os vidros quebrados por vidros blindados, à prova de bala. Devo
dizer que até gostei da medida, até concordo.
Vivemos
num momento em que as pessoas, durante a madrugada, usam armas potentes e atiram
contra bases militares. Essa é a realidade do nosso país. E nós temos a
presença da Polícia nesta Casa. De repente, um desses bandidos - bandidos
enrustidos das madrugadas, covardes, que se escondem atrás de armas - pode
atirar na Câmara e, possivelmente, acertar alguém que esteja de plantão. Então,
para salvar uma vida, ou evitar que isso aconteça, o ato foi correto.
Por
outro lado, Sr. Presidente, destaco a postura de V.Exa. na Casa, pois, com
maestria e sabedoria, soube colocar ordem para que os trabalhos continuassem e
chegassem a um bom termo, muitas vezes com pulso de ferro. Já o vi, para
colocar ordem, ir contra militantes do seu próprio partido. Isso porque, acima
de tudo, não se trata do Vereador do PT, mas do Presidente da Câmara Municipal,
do Presidente das sessões e, como tal, representante de todos os Srs.
Vereadores. Eu já o vi descontrair a sessão ao fazer brincadeiras na hora
certa. Assim, tem dado o exemplo de um líder e é isso o de que precisamos: do
pulso forte quando tem de agir para que as coisas não degringolem. E se o País
está do jeito que está, infelizmente, é porque faltam pessoas mais severas.
Infelizmente, muitos dos nossos governantes, muitos daqueles que detêm a caneta
na mão, são frouxos.
Algumas
pessoas se escondem atrás dos outros e com meia dúzia de mascarados param o
País. Este país não é sério. Nós não podemos admitir isso. Uma pessoa de bem,
um trabalhador desempregado vai preso, ninguém vai fazer vaquinha para
ajudá-lo, tampouco a imprensa vai verificar se ele está sendo torturado ou se
os seus direitos humanos estão sendo violados. Mas se um mascarado é pego com
coquetel molotov e paus com prego, vai todo mundo passar a mão na sua cabeça,
dizer que é um anjinho. Não é um anjinho. Fique sozinho com ele para ver o que acontece.
Então,
Sr. Presidente, V.Exa. tem razão – para que os Srs. Vereadores também não
reajam, para que os Srs. Vereadores também não venham aqui armados, para não
serem, na frente da Câmara Municipal, encurralados por inconsequentes armados.
Aonde isso vai parar? Num faroeste? Numa terra de ninguém? É isso que estão
querendo fazer do nosso Brasil? Temos Exército, Polícia Militar, Polícia Civil,
pessoas de bem, crianças, e não podemos ficar à mercê de baderneiros,
escondidos, inclusive atrás de bandeiras sérias, de partidos. E repudio o blog
do PPS – com todo o respeito que eu tenho por Roberto Freire e seus militantes.
Mas achincalhar ou fazer ilações não devem pertencer a propósitos sérios – e
acredito que todos os partidos são sérios.
Nobre
Vereador Ricardo Young, V.Exa. tem todo o nosso respeito. Sabemos o tamanho de
seu idealismo - é maior que sua estatura -, da sua envergadura – sua
envergadura moral extrapola e muito – e de seu coração também.
Sr.
Presidente, parabéns pelo modo como tem dirigido as sessões desta Casa e o PMDB
repudia qualquer ação na tentativa de desmoralizá-lo. Conte conosco para
brindá-lo também, não somos o vidro blindado, mas queremos brindá-lo.
Muito
obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Tem a palavra, para uma questão
de ordem, o nobre Vereador Conte Lopes.
O
SR. CONTE LOPES (PTB) - (Pela ordem) – Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, o nobre Vereador Ricardo Young trouxe ao debate um
dado importante, porque é importante saber sobre segurança.
Anteontem,
presenciamos nesta Casa um debate sobre a ROTA, o que ela é e vimos muita gente
falando dela, sobre segurança e tal. É importante, porque vivemos isso. Na
Assembleia Legislativa, vivemos o mesmo. Alguns Srs. Deputados também não
queriam que fossem tomadas providências. Até que começamos a levar moeda na
cara, pedrada na cabeça e, um belo dia, invadiram a Assembleia Legislativa.
Invadiram totalmente a Assembleia.
Por
incrível que pareça, V.Exa. sabe quem impediu que acontecesse uma desgraça na
Assembleia? Um Deputado chamado Antonio Erasmo Dias. Tanto o PT como o PSDB
queriam tirar todo mundo dos gabinetes e do Plenário. A Tropa de Choque já
estava a postos para invadir, quando o Deputado Erasmo Dias, Líder do meu
partido à época, falou com o Presidente Vitor Sapienza para que não fizesse
aquilo, porque, realmente, poderia morrer gente lá dentro. E tivemos de ficar
reféns durante dias e dias.
Inclusive,
quero cumprimentar V.Exa. por aquele ato público realizado nesta Casa. V.Exa.
deixou a Câmara livre e o ato foi realizado num local onde todos puderam se
pronunciar, inclusive nós, num lugar próprio para toda a população, mas sem
deixar a Câmara – que V.Exa. preside - à mercê da sorte.
Segurança
é isso mesmo. Quando uma pessoa coloca vidro blindado no carro – eu nunca pus,
não que seja melhor que os outros -, é para evitar ser assaltado e morrer.
Quando V.Exa. coloca um vidro desses, justamente é para evitar um tiro ou uma
pedrada e até que se quebre a Câmara. Porque, todo dia, virem aqui duas, três
pessoas e quebrarem a Câmara é bonito, quem faz isso acha bonito. Colocar
alguma proteção não é porque a pessoa simplesmente vai dar um tiro. Não. Mas é
evitar uma pedrada. Se a pessoa quer xingar, ela xinga, mas é uma proteção que
tem de existir. Se a pessoa vem nos xingar de assassino, de bandido, é um
direito dela. Não é um direito, mas ela vem e xinga. Fazer o quê? É como num
campo de futebol.
Agora,
cabe ao responsável pelo estádio ou pela Câmara Municipal dar segurança, dar
condições de trabalho realmente com segurança. Acho importante que o nobre
Vereador Ricardo Young tenha trazido essa questão ao debate, porque, às vezes,
as pessoas falam por falar. Quem tem de falar sobre segurança pública são as
pessoas encarregadas disso: os Policiais Militares, a Guarda Municipal, enfim,
as pessoas que sabem do interesse disso, porque prevenir é melhor do que
remediar. Não adianta V.Exa. tomar providências depois que uma pessoa for
morta.
Por
isso, V.Exa. está se antecipando, prevenindo que é muito melhor do que remediar.
Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Quero informar ao nobre Vereador
Conte Lopes que o vidro blindado decorreu de um laudo que nos foi preparado
pela Segurança da Casa, pelos Oficiais da Polícia Militar, com experiência e
tal, consultando PMs especialistas. O laudo nos foi oferecido e dizendo que tem
de ser assim. Pronto. Não entendo disso, mas disseram que teria de ser desse
jeito. Ponto.
Tem
a palavra, pela ordem, o nobre Vereador Wadih Mutran.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Sr. Presidente, tenho
precedência.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Não, não tem precedência porque
V.Exa. já se pronunciou por três vezes e o nobre Vereador vai falar a primeira.
Em seguida, V.Exa. se pronuncia.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Sr. Presidente, foi V.Exa.
quem disse que eu falaria depois do nobre Vereador Conte Lopes.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Então, eu estava enganado, porque
o nobre Vereador ainda não havia feito a inscrição.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Sr. Presidente, OK, está bem.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Tem a palavra, pela ordem, o
nobre Vereador Wadih Mutran.
O
SR. WADIH MUTRAN (PP) – (Pela ordem) – Sr.
Presidente, estou nesta Casa há 30 anos, 4 dias e 17 horas e nunca vi acontecer
o que está ocorrendo nesta Casa hoje.
Em
primeiro lugar, a forma de um Presidente em presidir a Casa, como V.Exa. tem
presidido. Nunca vim a este microfone, em 30 anos, para dizer: “Parabéns, Sr.
Presidente, pela forma com que V.Exa. está administrando a Casa.”.
Queria
dizer também que esta Casa foi construída há quase 50 anos, quando não
precisava nem vidro, porque não existia esse pessoal de hoje que se mete em
qualquer lugar e faz o que bem entende, da forma como quer, porque não estamos
vendo a punição que merecem essas pessoas.
V.Exa.,
junto com a Mesa, deve ter chamado um técnico para dar uma melhor proteção ao
Vereadores com o que há de melhor para nos proteger dessas pessoas que não
mereciam estar junto conosco. Vir à porta da Câmara e fazer o que fizeram!
Deveriam por vidro de aço, para nem canhão derrubar.
Agora
vem um Vereador aqui dizer que não precisa! S.Exa. que faça a sua sala no hall
de entrada e diga a todos que não tem medo de nada, que podem entrar, falar,
que está lá para resolver. S.Exa. tem peito de aço, já que teve de vir aqui e
dizer que não há necessidade de segurança. Como não há necessidade de
segurança? Não havia há 50 anos, porque não existia esse tipo de pessoa que
temos hoje.
O
nobre Vereador Natalini é prova disso, está aqui há muitos anos, nunca
quebraram vidros aqui em 30 anos, como fizeram agora.
Eles
vêm, quebram os vidros e ninguém faz nada?
Se
não colocar um vidro com uma segurança melhor do que o que tem lá, daqui a
pouco eles vêm aqui e derrubam o prédio e nos põe para fora.
Nós
arrumamos as pessoas, trabalhamos para receber votos e defender o povo aqui. Aí
vêm essas pessoas fazer o que estão fazendo. Nem nome eu sei para dar para
essas pessoas.
O
que não podemos é aceitar que um Vereador venha ao plenário dizer que não há
necessidade de segurança, criticar a Mesa que cuida dos Srs. Vereadores e dos
funcionários. É um absurdo.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Tem a palavra, pela ordem, o
nobre Vereador Ricardo Young.
O
SR. RICARDO YOUNG (PPS) – (Pela ordem) – Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar quero agradecer a fala da
maioria dos Srs. Vereadores que demonstraram com bastante contundência que este
Vereador não é leviano.
Creio
que também o Presidente fez essa afirmação, tomado de emoção, até porque creio
e agora, com o que vou dizer, vai ficar claro que V.Exa. me entendeu mal ou eu
não me expressei da forma correta.
Nós
estamos vivendo a era da transparência. Fui empresário, dirigi o Instituto
Ethos, acabei de vir, aliás, da conferência desse Instituto, num debate com o
Ministro Jorge Hage, da AGU, que estava discutindo os novos mecanismos de
transparência necessários para acompanhamento das contas públicas, das
decisões, como isso pode melhorar e a importância das empresas nisso.
Por
que a importância das empresas? Porque as empresas, depois de terem apanhado
muito na década de 90 e depois da crise de 2008, desenvolveram mecanismos de
governança de absoluta transparência com todas as partes interessadas.
As
empresas revolucionaram a forma de gestão. As ONGs também. Depois do advento da
lei das Oscips, as ONGs precisam garantir absoluta transparência e publicidade
em tudo que fazem junto às autoridades e ao Ministério da Justiça.
Ocorre
que essa transparência ainda não veio para a política e não me entendam mal.
Assim
como há 10 ou 15 anos nós falávamos para as empresas que respondiam ao chamado
da responsabilidade social dizendo: “Nós somos socialmente responsáveis quando
cumprimos a lei.”, nós dizíamos: “Não. A responsabilidade social os obriga a ir
além daquilo que prevê a legislação.” Eu digo que a responsabilidade e
transparência do político não é ir ao limite do que diz o Regimento, é ir além
do Regimento. É procurar colocar o máximo de informação à disposição.
Nós,
como homens e mulheres públicos estamos expostos e cada vez mais expostos. Essa
Casa está exposta. Portanto, nós, os políticos de bem precisamos estar
municiados do máximo de informações para que possamos garantir a honra da Casa,
garantir a honra do exercício da política, para que possamos agir em nome da
população e honrando a política, como, talvez a arte mais cara à sociedade
democrática.
Sr.
Presidente, quando faço a pergunta que fiz, que gostaria de esclarecimento
sobre decisões da Mesa, em nenhum momento coloquei em dúvida a honradez, a
honestidade e a representatividade dessa Mesa. Mas disse que talvez, estejam
nos faltando informações necessárias para que possamos, junto à população, aos
jornalistas e àqueles que são responsáveis pela formação de opinião dar as
justificativas corretas, seguras.
Na verdade, ao contrário do que V.Exa.
imaginou, minha solicitação de informação foi até para garantir que a Mesa seja
ainda mais respeitada nas suas decisões.
Agora,
V.Exa. não pode, diante de um contraditório, me acusar de leviano, demagogo.
Mesmos os vereadores que me criticaram mais duramente aqui, foram muito claros
em reconhecer que não sou isso que V.Exa. tentou imputar a mim, porque eu pedi
um contraditório.
Peço
desculpas a todos os membros da Mesa e parabenizo as palavras do nobre Vereador
Marco Aurélio Cunha, que, com muito equilíbrio, foi bastante claro, deu os
esclarecimentos necessários e peço desculpas aos membros da Mesa se em algum
momento se sentiram ofendidos. Não se sintam ofendidos, nem os membros da Mesa,
nem os Colegas aqui presentes quando a população cobra de nós muito mais
transparência do que os regimentos, ou do que nossas atitudes ou nossa
biografia exige. Estamos na era da transparência. Temos responsabilidade e
muito além dos esclarecimentos e temos, sobretudo, de estarmos seguros de que o
que estamos fazendo honra a política, honra essa Casa e honra as causas que
defendemos.
Para
mostrar para V.Exa. de que não sou leviano, se V.Exa. ainda não estiver
convencido e restar alguma dúvida, peço que a informação que dei sobre a
blindagem aqui do auditório seja retirada das minhas declarações, pois,
realmente, foi baseado no Blog do PPS, de ouvir falar e não foi devidamente
documentado. Antes de pedir a retirada da declaração, fui confirmar com o nobre
Vereador Marco Aurélio, se em algum momento a Mesa havia falado sobre o
fechamento das galerias. O nobre Vereador disse: “Em nenhum momento. Em nenhuma
reunião que estive presente, isso foi dito.” Então, peço desculpas por essa
informação inverídica que, infelizmente, minha assessoria me passou de forma
errada. Mas ela pelo menos me tranquiliza no sentido de que, com todas as
manifestações, jamais alguém, qualquer pessoa, tenha pensado em fechar as
galerias para a legítima manifestação e para a presença da população no
acompanhamento dos nossos trabalhos.
E,
por último, para que não paire nenhuma dúvida, quem não me conhece, e não é
muito difícil ter acesso às minhas informações, porque elas são abertas, saibam
que sou um adepto convicto da não violência. Sou um pacifista por definição e
mesmo a palavra luta uso com muito cuidado. Os senhores têm absoluta prova de
que nos dias das manifestações abordei os manifestantes com absoluta
tranquilidade, inclusive ajudei o Presidente a fazer com que os mascarados
tirassem as máscaras, mostrando que eles não estavam sob ameaça, e dei minha
garantia pessoal de que eles não seriam agredidos. Não acredito na violência.
Agora, por não acreditar na violência, não acredito que devemos estimular
símbolos que possam mostrar que somos violentos, que o Estado é violento, que o
Estado usa o seu aparelho e sua força para constranger.
Portanto,
toda a manifestação exagerada, exacerbada de força questionarei, não porque
defendo a violência, não porque defendo qualquer vandalismo, mas porque, com
medo do vandalismo e da violência, o Estado pode ser de uma violência
insuportável. Nós, homens públicos e democratas, precisamos tomar cuidado com
isso, precisamos fiscalizar o Estado, precisamos ser rigorosos porque a força,
principalmente a militar e policial, tem a sua lógica própria e, muitas vezes,
pode sair do controle.
Não
vejam nisso, nobres Vereadores Conte Lopes, Coronel Telhada e Coronel Camilo,
nenhum apoio à violência. Vejam nisso um rigor com a responsabilidade do Estado
no manejo da violência.
Por
último, quando levantei a questão dos 1,2 milhões é porque acho que toda e
qualquer decisão da Mesa Diretora que possa, eventualmente, suscitar qualquer
especulação por parte da imprensa, pelo menos nossas lideranças precisariam
estar informadas pela Mesa até para ajudá-la a se defender e se proteger de
especulações indevidas da imprensa.
Nesse
sentido, espero ter feito os esclarecimentos. Quero reiterar a minha admiração
por V.Exa., pela forma que conduz os trabalhos na Casa, pela coragem de lidar
com os contraditórios e com uma convicção de que esta Casa é republicana e
cabem todas as opiniões, e V.Exa. é o primeiro avalista do direito de
todos os Vereadores se manifestarem.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo - PT) – Tem a palavra, pela ordem, o
nobre Vereador Natalini.
O
SR. NATALINI (PV) – (Pela ordem) – Sr. Presidente,
fui um dos Vereadores que votou em V.Exa. na eleição da Mesa, em que pese as
nossas divergências partidárias, mas fiz questão de, depois de um certo tempo
sem votar para Presidente, votar em V.Exa. e não me arrependi. Acho que V.Exa.
está procurando dirigir a Câmara acima das questões partidárias no plenário.
Faço questão de dizer isso para fundamentar o meu requerimento.
Por
outro lado, temos visto no Brasil os órgãos públicos, particularmente, os
Parlamentos, que são mais abertos à população, serem, de certa forma, alvo dos
protestos populares. No Rio foi assim, a Câmara de lá foi invadida e em outros
lugares têm sido assim, como no Congresso e aqui em São Paulo, onde também
tivemos problemas.
Qual
deve ser a nossa postura? Gostaria de embasar o meu requerimento nessa
fundamentação. Eu que vim e sou uma pessoa do movimento social, como V.Exa.,
Presidente José Américo, e vários que estão aqui, que viemos cada um do seu
jeito do movimento social, para mim é profundamente constrangedor ficar dentro
de um Parlamento, que de uma maneira ou de outra, é alvo de uma crítica e de
uma ação, muitas vezes, violenta do movimento social do qual me considero
parte.
Fui
a todas as manifestações de rua. Sou contrário a exacerbação de violência,
queremos que as coisas se resolvam pelo diálogo e debate, com mobilização
social, sem a destruição do patrimônio público e sem machucar ninguém. Agora,
está havendo um problema e não é um problema da Mesa, de V.Exa., é um problema
do Parlamento no Brasil. Como vamos lidar com isso?
Sinto-me
mal de ver a Câmara atacada, afinal, estou aqui pelo voto do povo. Mas, também
me sinto mal, às vezes, de reagirmos de determinada forma e acabarmos caindo na
provocação de quem nos ataca.
Então,
faço um requerimento a V.Exa., com toda a tranquilidade, querendo ajudar. O
nobre Vereador Ricardo Young fez uma série de colocações do jeito de S.Exa.
Acho que não derrubou o mundo, inclusive, acabou de elogiar V.Exa. e pediu
desculpas se ofendeu alguém, mas foi a forma de se manifestar. O que está
faltando para nós, talvez, é debatermos mais essas questões entre nós. Como
vamos agir diante da Cidade, a Câmara Municipal de São Paulo – a maior do
Brasil. Aqui, tivemos Vereadores eleitos com 130 mil votos, como o Vereador
José Alvarenga, com 134 mil votos; Vereador Andrea Matarazzo, com 120 mil
votos. Enfim, como vamos nos portar?
Então,
a minha proposta é a seguinte: em uma reunião de Mesa, marcada com pauta
especial, que V.Exa. possa chamar todos os Srs. Vereadores e abrir. O nobre
Vereador Marco Aurélio Cunha bem disse que as reuniões são abertas, e sabemos,
mas como se trata de questões administrativas, delegamos a V.Exas. o cuidado
desses assuntos.
Neste
caso, não se trata de uma questão especificamente administrativa. É uma questão
política da mais profunda envergadura.
Portanto,
sugiro que V.Exa. convoque uma reunião, com tempo, e chame todos os Srs.
Vereadores. Vamos participar para discutirmos como nós, Vereadores, dentro de
nossas divergências, poderemos definir um caminho comum para proteger a
democracia, defender nossos mandatos sem nos relacionar com a população - mesmo
aquela que venha destrambelhadamente atacar fisicamente o Parlamento, que é um
ataque à democracia – de uma forma que possa demonstrar qualquer tipo de apelo
a métodos mais autoritários.
Então,
requeiro a V.Exa. que essa reunião seja feita para que possamos amadurecer uma
posição dos Srs. Vereadores, de forma suprapartidária, se conseguirmos chegar a
um consenso.
Sr. Presidente, muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (José Américo – PT) – Está deferido o pedido de V.Exa.
Consultarei os membros da Mesa a fim de marcarmos essa reunião o mais rápido
possível.
V.Exa.
tem toda razão. Não se trata de um problema administrativo. É mais que isso e é
mais interessante que várias experiências sejam cotejadas.
Só
queria informar que as reuniões da Mesa vêm sendo acompanhadas, inclusive pela
Imprensa. Assim ocorreu na última reunião, em que se discutiu a questão da
blindagem, que foi acompanhada pelo Voto Consciente e pela repórter do portal
G1, da Rede Globo, que fez, aliás, uma matéria sobre toda a reunião.
Agora,
todos os jornalistas estão sendo convidados.
Ao
nobre Vereador Ricardo Young: de maneira alguma, considero que V.Exa. tenha
tomado uma atitude leviana. De maneira alguma. Nunca. Acho que todo o
comportamento de V.Exa. aqui foi muito construtivo. Inclusive, no dia da
manifestação, V.Exa. me ajudou muito.
Referi-me
a um ponto, mas acho que essa palavra é muito forte. Estava me referindo à
questão da bala ou não bala. Só isso, porque o resto acho que é normal.
Então,
queria retirar essa expressão, porque acho que isso pode passar uma ideia ruim
que não é exatamente a ideia que tenho do nobre Vereador Ricardo Young, a quem
acho uma pessoa competente, capaz e extremamente íntegra.
V.Exa.
sabe disso. Não falo assim só na frente de V.Exa. Já falei para várias pessoas,
para vários amigos em comum a ideia que tenho sobre V.Exa., apesar de todas as
nossas divergências.
Então,
retiro essa expressão. Ficamos só com nosso embate aqui, por nossas discussões.
Queria
lembrar também que a Imprensa não questionou o valor da blindagem. Alguns
jornalistas perguntaram o motivo da blindagem. Foi realizado um contrato de
emergência porque estamos com os vidros abertos. Apenas isso.
Mas
queria, então, pedir minhas desculpas para o nobre Vereador Ricardo Young,
porque acho que, na verdade, me excedi nesse ponto. Não deveria fazer assim.
Deveria apenas responder à parte substantiva.
Passemos
ao Grande Expediente.