Mas nenhuma conjuntura é tão ruim que não possa piorar. Se não bastasse a defesa do tal "orgulho hetero", houve também na Câmara paulistana a atitude inversa: o "deboche gay".
O autor da façanha é o vereador José Américo, líder da bancada petista em 2010, secretário de Comunicação na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy e ex-presidente do Diretório Municipal do PT paulistano.
(Veja AQUI o vídeo do vereador na tribuna, imperdível, e abaixo a transcrição do "discurso" em que debocha dos gays)
O então líder do PT na Câmara Municipal de São Paulo, vereador José Américo, teve um dia especialmente inspirado em 7 de dezembro de 2010.
Primeiro, durante a sessão ordinária, em discurso transmitido pela TV Câmara e registrado pela taquigrafia da Casa, destilou preconceito contra os nordestinos sob pretexto de fazer um ataque ao presidente nacional do PPS, o pernambucano Roberto Freire, recém-eleito deputado federal por São Paulo.
Logo em seguida, terminada a sessão, voltou à tribuna e, num discurso "fake", enquanto posava para fotos que ilustrariam o seu boletim informativo, começou a discorrer em tom jocoso sobre uma possível "recuperação de gays".
Para reforçar seus argumentos, citou o também vereador Carlos Apolinário (DEM), evangélico, autor do polêmico projeto que cria o "Dia do Orgulho Heterossexual" em São Paulo e ferrenho opositor da união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Leia o que disse o líder do PT em "discurso" gravado (veja aqui) na tribuna da Câmara paulistana, sobre os gays:
Se ele quiser se recuperar, se ele quiser mudar de opção sexual, procure uma igreja. O próprio Apolinário disse que está disposto a encaminhar a pessoa.
(Ouve-se uma voz ao fundo, alguém manifestando preocupação com o teor do discurso: “Já pensou se o microfone dele está gravando?”)
Nós tivemos vários gays recuperados aqui, inclusive nesta Câmara. De tal forma que se há possibilidade de recuperação... E dizem que essa recuperação é rápida!
Sabe o que eu tenho medo disso? O cara achar que porque a recuperação é rápida, sai "virando a pá" pra se recuperar depois (riso). Então, espero que não seja pretexto pro cara "virar a pá". Mas se quiser virar, também pode virar. É aquilo que meu avô dizia: ofereça aquilo que é seu. Aquilo que é seu não tem nenhum problema. Né?
(Agora o vereador muda de assunto e demonstra a sua preocupação em sair de férias e pescar, dirigindo-se a um assessor da Câmara)
Ô Zé, você acha que a gente sai?... Se hoje é o ultimo dia de apresentação das emendas, você acha que a gente consegue chegar até o dia 22 longe daqui? Ou você acha que nós vamos estar por aqui até o dia 22? O que o Trípoli falou pra você? O Trípoli falou pra nós que dia 20 ele termina a votação do Orçamento. E assim espero, que dia 21, véspera do meu aniversario, eu estarei... espero estar... às beiras de um lago, na cidade de Glicério, entre São Paulo e o Estado do Mato Grosso, pescando pacus, tilápias e... como chama aquele peixe babaca que eu gosto? eerrrrrr... matrinxã, que é um peixe bonito mas tem muito espinho.
(Chega mais um assessor da Câmara, o vereador explica que está tirando fotos para o seu boletim informativo e se empolga na repetição do discurso em que brinca com a “recuperação de gays”)
Uma das coisas que eu falei é sobre a recuperação de gays. O meu grande amigo Apolinário disse que ele não quer exterminar os gays. Eu falei: Olha, Apolinário, eu sou contra a homofobia. Ele falou: mas eu não sou a favor de eliminar os gays. A gente recupera. Tem uma igreja de um grande amigo meu que já recuperou mais de 1.000 gays.
Eu falei: Espero que essa recuperação – e essa palavra é um pouco preconceituosa – que essa recuperação não seja um estímulo pro cara virar a pá e depois se recuperar. Vira a pá e depois se recupera. Certo?
Mas o Apolinário disse que a pessoa pode ser recuperada rapidamente.
Se for tão rápido assim, não espalha, porque senão vai ter um monte de gente que eu conheço virando a pá só pra se recuperar. Então é isso.
Nós tivemos um caso de um vereador aqui, há muito tempo atrás, que também era recuperado. Foi muito bom. Acho legal, o cara tem o direito de mudar a sua opção sexual.
Eu nunca vi um que conseguiu mudar com sucesso. Vocês já viram? Eu nunca vi. Mas o fato de vocês não verem isso, não significa que não existe.
(ouvem-se muitos risos e comentários de assessores)
Por exemplo, o Pacheco (assessor de plenário) nunca viu um esquimó, a não ser na televisão. Eu nunca vi um homossexual recuperado. Mas existe. O cara tem direito de oferecer aquilo que é dele.
Leia mais:
Câmara aprova Dia do Orgulho Hetero; PPS é contra